Monday, July 05, 2010

Copa 2010 (57) - Dunga eh bom ou nao?!

Essen (alemao logo mais)

Ainda acho que se o Ramirez tivesse jogado no lugar da anta de rodinhas chamada Felipe Melo a historia do jogo com as laranjas teria sido outra. Mas, se eh nota musical.

O artigo abaixo eh do Clovis Rossi, da Folha. Concordo com ele, por isso resolvi postar aqui tambem. O Truta tem uma audiencia comprovada cinco vezes maior que a Folha. Fontes fidedignas. Quem inventou essa palavra?!

Um amigo meu fazendo piada com os hermanos me disse hoje que eh melhor levar duas laranjas do que uma salsichada de quatro.

Vamos ao Clovis!


Viva Dunga, abaixo o "dunguismo"
Folha de São Paulo 03.07.2010

Lá vou eu com a antiga mania de desafiar a chamada sabedoria convencional, que, pelo que vi nos canais de TV após o jogo contra a Holanda, está crucificando Dunga.

Eu vou defender Dunga. A eliminação não é culpa dele, por mais que você precise de um Judas a quem malhar na derrota.

Dunga levou para a Copa o que tinha à mão. Não me venha com Ronaldinho Gaúcho, pelo amor de Deus. Esse rapaz, no auge de sua forma na Copa de 2006, foi um tremendo fiasco. Agora que está no tobogã para baixo, você queria levá-lo para repetir o fracasso?

Já Ganso e Neymar, eu levaria, sim. São atrevidos e ousados, características ideais para jogadores de futebol (e para outras profissões também, mas não são elas que estão na berlinda hoje).

Como Dunga não é nem atrevido nem ousado, deve ter achado que convocá-los seria uma aventura. Seria mesmo. Tanto que os dois não estão jogando no campeonato nacional o que jogaram no paulista. Se Robinho, igualmente atrevido, igualmente ousado e igualmente brilhante no campeonato paulista, foi o fiasco que foi na África do Sul (e não só no jogo contra a Holanda), quem garante que seus jovens companheiros fariam diferente?

Sobrou algum talento mais, espalhado pelo mundo, que Dunga não tenha convocado? Não vejo nem ouvi meus ídolos no colunismo esportivo (PVC, Juca, Tostão, José Geraldo Couto, Fernando Calazans) mencionarem algum com entusiasmo ou até sem ele.

Dunga, portanto, levou o que o Brasil tem hoje para mostrar na passarela do futebol. Que culpa ele tem se os dois maiores talentos da atualidade --Kaká e Robinho-- fracassaram?

Que culpa ele tem se os três jogadores que toda a crônica esportiva transformou em monstros sagrados --Júlio César, Juan e Lúcio-- falharam miseravelmente nos gols da Holanda? O goleiro saiu do gol estabanadamente no primeiro gol; os zagueiros deixaram um baixinho de 1m70, Sneijder, cabecear no segundo gol, sem precisar nem sequer erguer o pescoço, quanto mais pular, porque os beques que deveriam marcá-lo estava caçando mosca.
A seleção não podia ser salva por Dunga, mas por Freud, se vivo estivesse e gostasse de futebol. Só ele para explicar como é que 11 jogadores que atuaram tão bem no primeiro tempo conseguem perder totalmente o rumo apenas porque o time adversário fez o gol de empate, na primeira jogada de perigo que conseguiu criar até então.

É por isso que o título da "Janela" termina com "abaixo o dunguismo". O problema de Dunga não é com a pessoa jurídica (o treinador), é com a pessoa física. Dunga é triste, é chato, é resmungão, deveria chamar-se Zangado, se é para ficar em nome de anões. Futebol, ao contrário, é alegria, é molecagem, exige que não se perca a alegria jamais, mesmo quando é preciso endurecer (se o Ché me permite parafraseá-lo).

É por isso que a seleção de 2010 perde e pede para ser deletada da memória, ao contrário da de 1982, que também perdeu.

Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".

1 comment:

Anonymous said...

Prefiro o Dunga do que o Galvão.