Wednesday, December 12, 2012

Detesto ouzo

St. Ingbert, Saarland (pacata cidadezinha na fronteira com a Franca)

Lá fora fazem -3° C. Vi três pinguins batendo queixo no ponto de ônibus. Mais adiante, uma morsa de cachecol e gorro.

Entrei no hotel e do quarto nao saí mais. Quase, pois precisava comer. Antes havia pegado as chaves na recepcao que ficava no restaurante grego. Akropolis, pra variar.

Ao ronco do estômago, saí encapotado até os dentes rumo ao Panthéon. O salao estava vazio. Duas mesas. Uma senhora com a filha, provavelmente. Dois caras estranhos planejando um atentado, talvez.

O maitre gorducho e fedido, parecendo o Seu Barriga com cabelos mais brancos, me indicou a mesa ao lado da lareira. Sim, um luxo. "O sr. vai precisar de luz", me disse ele ao perceber o livro. "Aqui tá bom".

Nas paredes, Mykonos, Santorini, Lesbos, Ios e Kreta. Palmeiras artificiais ornavam o salao. Mais brega, impossível. Os possíveis terroristas agora falavam de carro. Discutiam a potência de determinando modelo. Supostas mae e filha eram amigas de geracoes distintas.

Uma grande mesa com um reserviert na ponta era constantemente checada pelo Barriga. Mexia num garfo e ia buscar uma cerveja. Voltava e melhorava a posicao do guardanapo.

Pergunto se eu queria beber algo. "Entrada, prato principal?!". Estava com tempo e nao gosto que ditem meu ritmo. Fiz hora com ele, mas pedi um goulash enquanto decidia o que beber.

Ao lado do fogo crepitando, estátuas brancas. Na verdade, mini estátuas. Seriam Adonis e Arthemis?! "Tem vinho?!", questionei. "Claro, branco ou tinto. Seco, semi-seco ou suave." Quase pedi uma coca-cola.

Comecei a ler o livro ao som de cancoes athenienses. Me lembrei do bardo Chatotorix, personagem do Asterix. O autor das músicas teria tido o mesmo fim em outros tempos.

Chegou o vinho, depois do goulash. E um copinho com um líquido transparente. Perguntei se era água. A menina disse apenas "Ouzo". É a cachaca grega. Senti o cheiro de anis, mas resolvi experimentar assim mesmo. Detesto anis. Desceu quadrado. Encostei o copinho e provei o vinho. Um losango escorregou por meu esôfago, mas cortou o sabor do ouzo. Antes assim.

Com os goles, o vinho melhorou. Fiz questao de nao guardar o nome. Era grego. Nao sei de qual ilha. Pode ser do continente também.

Após dar a última colherada, mais pressao do Barriga. "Posso recolher o cardápio?!". "Nao, ainda vou pedir", disse calmamente. O restaurante estava vazio e eu nao entendia o por que da insistência.

Após algumas páginas e goles, pedi um Schnitzel. Nao tem erro. Mesmo se for mal feito ainda assim é bom. E até que estava gostoso, com fritas e uma saladinha. Veio rápido, assim como a coca que finalmente pedi.

Passados alguns minutos, entendi o motivo da tensao do Barriga. Uma matilha de velhinhos, em plena quarta-feira numa pacata cidadezinha do interior alemao, adentra o recinto. Se acomodam na mesa reserviert alegremente.

Barriga todo feliz corre a anotar os pedidos. "Gyros para o senhor?!". "Com ou sem tzaziki?!" "Pra mim pode ser com." "Ah, mas pra mim é sem viu", reclama a velhinha de 92 anos. É impressionante como a populacao idosa aproveita a Vida na Alemanha. Na Europa de modo geral. Quero me aposentar aqui.

Pensei que o encontro fosse os preparativos para o Baile da Saudade em St. Ingbert, mas me lembrei que a palavra saudade só existe em português.

O copinho com ouzo gratuito e abominável chegou nas doze maos. Os seis casais brindaram a noite gelada lá fora e agradável aqui dentro.

Detesto ouzo.



Wednesday, November 14, 2012

2 Anos...

Meitingen (cerveja à altura do homenageado)

Se o Guidao tivesse vindo fisicamente comigo pra cá, certamente estaria agora tomando um banhozinho tranquilo já pensando na cervejinha de logo mais.

Engracado que saí de casa hoje com aquela camisa polo da PK e um pulover azul marinho da mesma marca sempre usados por ele. Ontem já havia pensado no dia de hoje.

Já passou muito tempo. Parece que foi ontem. Ele morreu. Ele está mais vivo do que nunca. Me olho no espelho e o vejo fazendo a barba, estufando as bochechas pra tirar todos os cabelinhos. Cortando unha entao me sinto um clone. Cuspido e escarrado. Só falta lixar direitinho, mas me falta a paciência que ele sempre teve. Talvez venha com o Tempo.

Olho para os meus pés. Sao os dele. Parecem um paozinho francês, só que nao tao rechonchudos e lisinhos. Os pêlos estao praticamente no mesmo lugar. Andam meio descascados na sola de tanta cachaca, que ele nao tinha por que bebia muito menos.

Era um scotch na sexta a noite acompanhado de queijos, castanhas e amendoins. E uma cervejinha, geralmente em lata, aos sábados pela manha após as atividades em Lagoa. No canil, no quartinho de ferramentas cheio de porcas e parafusos em vidros de Hellmanns, no sótao quando subia naquela escada fuleira quase desmontando. Achava sempre que ele poderia cair lá de cima e estatelar no chao.

Led vinha e ele o repelia na primeira investida. Na segunda já era mais dócil, o Guidao. E na terceira o sem vergonha do alemao, o cao pastor, conquistava a rara impaciência do dono. Alguns afagos e pronto. Saia com o rabo versao helicóptero pelo lote afora.

O papo na cozinha era o prenúncio do almoco. Além das habilidades de Janemamae o tempero das conversas ajudava a marinar a refeicao. O tempero da MPB só melhorava o delicioso.

Cochilava feito um justo logo em seguida. Nao só nos finais de semana como também de segunda a sexta nas empresas que tiveram o privilégio de terem seu nome na folha do holerite. Armava um aparato digno de James Bond. Travesseiro na nuca, pés na mesa, bracos apoiados, embora firmes, na cadeira. E assim cochilava por no mínimo meia hora. Algumas salas possuiam sofás. Um luxo, para o sofá. Até relutava em trancar a porta com medo de varar a vespertina. Invariavelmente sonhava e acordava revigorado para mais um período na labuta.

Hoje veio comigo pra Bavária. Tomamos três chopps e lemos um pedaco de livro. Assim como subiu pra ONG ao lado de Janemamae ouvindo tudo pacientemente. Nao reclamou do tráfego por que, se quisesse, sairia voando por aí dando risada dos reles mortais. Logo ele que nunca foi um deles.

Passeou pelo centro com o Rato em busca de borracha, tecidos e capital para alimentar a potencia do MMA mineiro e nacional. Estudou com o Lucas e deu boas risadas nas novelas da tarde. Esperou ele tomar banho às 5h em ponto pra continuar aquele romance policial tao inusitado depois do café forte, quente e doce com queijo canastra. Ali, na janela, apreciando a vista velha conhecida.

Em Pedra Azul aconselhou, secretamente, ao Negao na tomada de decisoes entre continuar ou nao com um treinamento importante para a turma de funcionários. Voltaram cautelosamente pela 262 entre curvas e scanias medonhas.

Quando Marinoca ameacava manter a pirraca, de repente olhava para o lado e obedecia a mae Helena. Brunicolas era só alegria, mas de quando em vez mira o vazio. Dá um sorriso sapeca para o avô que nunca viu e continua a brincar.

Se em casa Titas pensa em cozinhar um lagarto, logo desiste e faz um lombinho com farofa. Ele se senta ao lado, serve-se de limonada e mampa tudo lambendo os beicos. Só nao pede uma cachacinha no final por que seria demais.

Nalaurinha mostra Bisnago toda orgulhosa. Licao conta causos das fazendas das Gerais e Wilza se diverte como o novo menino do Rio. Sentado, a cadeira só balanca escutando atentamente.

O feijao amigo do irmao Renato tá quase no ponto. Faltam dois goles de whisky pra ficar no jeito.

Você faz muita falta, Guidao. A vontade que tenho de te abracar é do tamanho do Mundo. Mas ao mesmo tempo você nao faz falta alguma por que eu te levo pra onde vou.

Friday, October 26, 2012

Pope Games

Hilden (chefe tá em treinamento)

Leopoldo Magnífico me escreveu outro dia no chat do Gmail dizendo que anda estressado. Tem dois mega eventos pra cuidar: a visita do Papa ao Rio e os X Games, aqueles jogos olímpicos modernos com bikes, skate, para-pentes e outras modalidades malucas.

Falei pra ele juntar os dois. É só mandar o Papa, que de Bento nao tem nada, saltar de paraglider do alto da Pedra da Gávea e pronto. Coloca-se alguns cardeais ao lado e uns bispos mais distantes criando uma competicao fajuta e estao inaugurados os Pope Games 2012, ao vivo da Cidade Maravilhosa. Ia chover patrocínio.

Graphic novelist Paul Pope

A paisagem carioca já foi tombada pela Unesco. As favelas estao pacificadas. Urubu tá voando em outras bandas depois da escassez de presuntos nos morros e nao poderiam atrapalhar o vôo papal. O centro da cidade anda a todo vapor, rumo à revitalizacao. Até aqueles casaroes barrocos do centro antigo, que apareciam pegando fogo despretenciosamente e as seguradoras embolsando a grana e construindo prédios novos, serao restaurados e vendidos a butiques, empresas modernas, escritórios de advocacia, cafés, restaurantes, lojinhas e antiquários. Até núcleo de Yôga janista se interessaria pela idéia.

Enquanto desfruta da paisagem, nossa autoridade máxima da Igreja Católica poderia instalar um spray com água benta na cadeirinha do paraglider, ou na asa, e ir borrifando e benzendo a cidade em pleno vôo. Seria como um aviao jogando pesticidas na plantacao, mas desta vez absolvendo todos os súditos da Santíssima Igreja de seus pecados mais sórdidos.

Foto: Marcio Pintorj

Durante o vôo, fiéis poderiam mandar torpedos a Bentinho XVI, parente distante do 14 Bis, detalhando o pecado. O papa alemao, com carisma semelhante a um quadro de natureza morta, responderia prontamente informando a punicao enquanto fazia acrobacias aéreas em busca da pontuacao máxima nos Games.

Na aterrisagem, numa cruz de malta vermelha e branca imaculadamente instalada no posto 6 de Ipanema, ele, Bento que é, acertaria o alvo enquanto os colegas cardeais errariam feio  descendo em Copa, Botafogo, praia Vermelha e até na Barra.

E longa Vida ao Catolicismo que segue se reinventando a cada dia para continuar perpetrando o maior e mais bem feito golpe de marketing da História.

Monday, October 22, 2012

Abandono

Meerbusch (sim, mudamos)

Esse talvez tenha sido o maior abandono bloguístico de que se tem notícia. Nao postei NADA em Setembro. Vergonha. Preguica. Falta de disciplina. You name it!

Bom, passei rápido pra dar um Hallo aos meus quatro seguidores. Fui cobrado por um deles dia desses, com uma Alt na mao.

"Você nao posta mais nada. Abandonou o blog?!"Uai, nem sabia que você por ali passava.

Fui ali num Kino no Hafen ver o Celebration Day do Led Zeppelin. Aquele show de reuniao em 2007 na O2 Arena em London para poucos felizardos que foram sorteados. Os velhinhos ainda mandam muito. Tudo bem que foi há 5 anos, mas mesmo assim.

Robert Plant está excursionando com a banda Sensational Space Shifters e nao me deixa mentir. Fez outro dia um show irretocável no Brasil.

Jimmy Page anda por aí, feliz da Vida. As expressoes de felicidade dele durante o show sao demais. Parece estar levitando de felicidade.

John Paul Jones, multi instrumentista, baxista e tecladista parece mais um mago. Tranquilo e sereno, parece estar relaxando numa sauna enquanto dura o show. Esse eu vi ao vivo em 2009 quando o Them Crooked Vultures passou aqui perto, em Köln. Dave Grohl, ele e o Josh Homme, vocalista do Queens of the Stone Age montaram esse timaco que nao funcionou nos palcos. Lancaram um álbum, mas a química nao bateu.

E o filho do John, Jason Bonham, arrebenta na batera. Nao chega a ser como o pai, mas segura a cozinha legal ali atrás.

Aumente o som e boa noite. Dá pra ter um gostinho.


Tuesday, August 07, 2012

Deuses do Olímpo

Düsseldorf (Selecao venceu e convenceu)

Venho por meio deste dar satisfacoes aos meus três admiradores. Nao posso deixar passar batido os Jogos Olímpicos, verdadeiro nome dessa sanha de patrocinadores e empresas que se transformou tudo isso.

Atrasaram o início para o final de julho pegando a época do Ramada. O risco de ataques terroristas seria teoricamente menor. E os atletas mulcumanos?! Que se fodam. Nao podem comer durante o dia, o sol se poe bem tarde na ilha da rainha paraquedista, lá pelas 22h, e quando deveriam dormir estao reabastecendo o estômago.

Bom, nao vim aqui pra falar disso. O vexame de sempre do Brasil nao deveria ser novidade pra ninguém. Criam expectativas irreais em cima de todos os atletas quando apenas alguns, tirando os esportes coletivos, tem chances verdadeiras de levar medalha, medalha, medalha!

E ninguém ali é obrigado a cada quatro anos a se tornar salvador da pátria. Ralam durante esse tempo todo na obscuridao e anonimato em condicoes longes das ideais. Normalmente tem um emprego fixo e treinam antes ou depois de trabalhar. E até durante. O apoio das federacoes é limitado. E quando ganham o país inteiro acha por direito dividir a vitória com eles. Quem ganha merece agradecer a si mesmo, ao esforco próprio, ao apoio dos familiares e amigos, e dos treinadores incansáveis.

Quando um atleta brasileiro perde os vagabundos internautas com seus dedos engordurados de pipoca e sal resolvem tirar satisfacoes. Como se eles fossem capazes de fazer melhor. Só de estarem numa Olimpíada, de terem atingido os índices classificatórios, essa turma já é vencedora.

Os quenianos decepcionaram agora há pouco nos 1.500 metros. Nao deu nem pódio. E teve um americano que arrancou feito um dragster no final pra pegar a prata. O argelino levou o ouro fazendo a alegria do Herr Beskri, meu ex-colega de trabalho. Sempre imagino os quenianos treinando da maneira mais óbvia: correndo de leopardos e panteras nas savanas africanas. Ás vezes percorrendo dois saaras por semana como camelos sem uma gota d'água. Esses caras parecem robôs.

Nos 3.000 metros ontem, com obstáculos, levaram ouro e bronze. Os mesmos três andróides. Um caiu, tropecou e nao levou nada. Talvez uma coleira londrina pra leoparda da vizinha. Um francês se intrometeu entre eles e pegou a baixela prateada. Sanduíche de saucisson. O Quênia foi colônia francesa?! Deve ter sido. Meia África foi.

Nao consigo torcer para os americanos. Sao arrogantes, metidos a besta demais. Os velocistas parecem presidiários recem libertados. Nao conseguem acompanhar os jamaicanos. Esses sim, nao só Usain como todos os outros, os mais simpáticos. Apenas abrem um sorriso feliz e nos conquistam imediatamente.

Viram a branquinha australiana nos 110 metros com barreiras deixando a esquadra do Tio Sam pra trás?! Ela em primeiro, no photochart (é assim?!) e três negonas do Tennessee na sequência. Caiu no chao de alegria ao ver seu nome em 1° no placar. Bacana.

Os únicos norte americanos que tem minha torcida sao os mágicos da NBA e o Phelps. Pra ele torci em todas as provas, até contra nossos brasileiros. Em Pequim já foi assim. Acordava na madrugada européia pra ver as provas. Vi todos os ouros ao vivo, inclusive aquele dos 200 borboleta, se nao me engano, quando ele ganhou na última bracada. Por que borboleta?! Na minha época era golfinho. O Phelps aliás parece um golfinho num corpo humano. Pula na água e dispara na frente. Sai da água meio abobalhado, sem saber realmente o que fez. Acho que só se dá conta de verdade quando revê as provas em casa acompanhado de um narguilê e amigos. Deixou de ser atleta para se tornar nacao.

Neymar, Damiao e cia. venceram os coreanos do sul e convenceram. Três tentos a zero, diria Sílvio Luis. Agora pegamos os mexicanos em busca do sonhado ouro. Eles que já se acostumaram a nos vencer. É sábado às 4h da tarde. Depois de pintar a casa, verei.

E o vôlei?! As meninas mandaram o carrasco russo pra Vladvostok. Finalmente! Estamos nas semis e a sensacao é a melhor possível. No masculino, falava eu hoje no almoco tailandês que o Bernardinho é o maior mala da galáxia. Chato pra caralho! Insuportável. Mas dá resultado, todos disseram. E daí, precisa ser intragável assim?! Pelo menos vai se mandar depois de Londres. Talvez leve mais uma medalha. Se Mutley e os americanos deixarem.

No basquete estamos bem nos homens e vergonhosos nas mulheres. Acho que elas perderam todos os jogos. Acontece. Os leandrinhos e varejoes cumpriram o dever olímpico e venceram os malandros espanhóis. Perderam de propósito pra fugir dos americanos no cruzamento das chaves. Essas tramóias raramente funcionam. Se tiver que ser campeao tem que ganhar de todo mundo, disse nosso técnico argentino. E agora pegaremos justo os hermanos nas quartas. Eles costumam nos entubar, mas amanha pode ser diferente.

O hipismo nacional deu vexame com um único cavaleiro. Deu desculpas esfarrapadas dizendo que trocaram as ferraduras do cavalo pouco antes da prova, que o vento estava a estibordo e que a velhinha que comia fish & chips fez muito barulho durante a prova desconcentrando o animal. É como se um jogador de futebol dissesse que perdeu o penalty por que trocou a chuteira no vestiário durante o intervalo. Vai pra...

O vento foi o grande vilao dos brasileiros em Londres. Achei que seria a chuva...

Bom, o que faltou?! A cobertura trutística costuma ter um poder de síntese absurdo. O iatismo. Scheidt decepcionou, esse sim. Acho que pelo menos uma briga pelo ouro poderia ter ocorrido. Já o inglês e eterno rival Ben Ginsley (fez o Gandhi no cinema?!) tornou-se o maior medalista da modalidade em todos os tempos pretéritos imperfeitos e futuros do subjuntivo.

Olímpiadas, apesar da ganância dos patrocinadores e emissoras de TV, tem o incrível poder de te fazer vibrar com um incauto indonésio disputando a prata contra um romeno no levantamento de peso até 69 kg. Ou te deixar realmente triste ao ver a Isinbaieva nao levar o ouro. Mas te deixar extremamente feliz ao perceber a cubana de sobrenome Silva disputar e empatar com a americana pelo ouro. Mas Tio Sam levou por que saltou antes.

Até o hóquei de quadra achei bacana. Ainda mais vendo a laranja mecânica ganhando dos eternos rivais alemaes.

Nao vi quase nada de ginástica, só aquela prova dificílima sobre o cavalo com argolas. E alguns saltos das meninas com uma bela romena levando o 1° lugar pra cima de russas e americanas. Comaneci sorriu.

Ainda falta pouco pra acabar. Amanha Bolt deve levar o segundo ouro nos 200. Tem brasileiro na prova, vamo ver no que dá. Só de chegar na final é um privilégio.

Me esqueci dos judocas e boxeadores. Sem eles estariamos lá em baixo no quadro de medalhas. Nao vi nenhuma luta, mas nao importa. Parabéns a todos.

E o primeiro ouro ontem nas argolas foi demais também.

Mas o quero mesmo é ver o futebol levar pela primeira vez o título.

Se você chegou de Vênus agora e acessou esse site sem querer acaba de ficar 100% atualizado sobre o andamento das Olimpíadas londrinas. Melhor que o Truta só se for aqui.

Boa noite!

Tuesday, July 24, 2012

Voando

Düsseldorf (chefe de férias é uma maravilha!)

Sonhei essa noite que voava por aí. Com a facilidade de quem pede um chopp no bar e continua a conversa fiada.

O “aparato” que me permitia ver tudo lá do alto com ventos leves e às vezes fortes no rosto era apenas uma barra. Como uma asa delta, só que sem as asas. Um cano, daqueles de academia dobrado nas pontas pra fazer “pulley”. Com ele nas maos e deitado no chao, bastava levantar os dois bracos e direcionar pra algum lado e pronto. Lá estava eu... voando.


Apesar de nao dominar o movimento, tudo corria naturalmente. Era como se sempre tivesse voado. Nascido num ninho de pterodátilos ou de águias sinistras do Casaquistao. Lá do alto, o silencio e o sossego eram fantásticos. Nao me lembro direito do que via, mas a cada metro voado a vontade era de continuar por ali mais um bom tempo.


Uma rajada de vento me desconcertou. Ameacei rodopiar, acertei a direcao e continuei entre os prédios da grande cidade. Natureza nao havia. Muito barulho, carros, confusao. Pessoas?! Talvez, mas eram muito pequenas para serem percebidas dali de cima. Um perigo isso. Nao perceber as pessoas. Sem elas, o que somos?!


Anoitecia. A cidade ficava sombria e o medo de nao saber aterrisar tomava conta. Entre um e outro arranha-céus, consegui desviar de paredes transparentes até encontrar uma cobertura larga o suficiente para me receber. Parecia um porta-avioes verde, das plantas, e azul, da piscina.O movimento do pouso foi igual ao das asas delta. Nunca voei numa delas, mas agora deu vontade. 

Tenho certo fascínio por altura. Olho do alto de uma ponte o rio correndo lá embaixo e fico com vontade de me jogar. Nao sou suicida, nao é isso. Apenas aquela adrenalina causada pelo corpo solto no ar cria a vontade. Olho, admiro os barcos e sigo em frente. Já pulei de bungy jump e recomendo.


No alto dos prédios é a mesma coisa, mas consigo me controlar. Podem pensar o que, afinal?! E nas cachoeiras?! Ali dá até pra pular, mas às vezes falta coragem. Arriscar pra que?!


A sensacao foi mais ou menos a mesma que os marsupiais noruegueses do video experimentam com suas wingsuits nos fiordes. Loucos?! Eu diria viciados em adrenalina e liberdade.





Vou dormir. Vamos ver o que acontece logo mais.

Thursday, July 12, 2012

Stones 5.0

Düsseldorf (viajar é bom, mas chegar em casa melhor ainda)

Foi num 12 de Julho de 1962 que a primeira formacao da maior banda de rock de todos os tempos subiu ao palco pela primeira vez.

Essa música eu nao vi ao vivo na turnê do Voodoo Lounge que foi ao Brasil em 95, mas gracas a Deus tocaram em Düsseldorf em 2007. O fan nr. 1 da banda, Matheuzin "Entre Folhas" tava com a gente e chorou na pia de tanta alegria.

Essa música tá na sound track do filme Blow onde o Johnny Depp, que se inspirou no Keith Richards pra fazer o piratao do Caribe, é um traficante incorrigível. Penélope Cruz já vale o filme, mas a estória é boa e bem contada. E a trilha dispensa comentários.

God save the Rock!!!

Wednesday, July 11, 2012

Cine Bresson 10 - Heuringer vienense

Meitingen, Bayern (nao existe cerva melhor do que essa)

Pra quem perdeu a série, basta clicar aqui. O capítulo de hoje mostra um típico restaurante de Vienna, o heuringer. Geralmente ficam localizados ali na colina que sobe até Kahlenberg onde a vista do Danúbio e da cidade é maravilhosa.

Sao várias casas, uma ao lado da outra, que fabricam seus próprios vinhos, paes e até mesmo carnes. A turma do video é composta de estudantes cabecudos da T. Ü. Wien numa agradável tarde de Setembro, Anno 2004.

A louca fazendo gracinha em polaco é Frau Zminik, vulgo Karolouca. Nesse dia comecamos a comparar como é o som dos cachorros em vários idiomas. Para nós o óbvio au au. Esperava que era algum padrao DIN, ABNT ou ISO, mas nao. Em polaco o cao late fazendo wolf wolf. Já na Sérvia ele faz bau bau. E na Austria um estrondoso bouff bouff.

Cientistas loucos...

Sunday, July 08, 2012

Os Velhos Tempos da Formula 1 (2)

Düsseldorf (voltamos de com forca!)

A "série" comecou aqui e agora finalmente ganha continuacao. O que estaria Ayrton pensando?!

"Cadê o taxi que nao chega?!" "Mecânicos safados, amarraram gasolina."

Ou era uma peca promocional e ele tinha que fazer cara de desolado?! Alguém sabe onde e quando foi?!

Foto enviada pelo Leocádio, czar russo residente em St. Petersburg num anexo do Hermitage.


Educacao, ou a falta dela

Düsseldorf (voltamos!)

De tempos em tempos esse blog fica abandonado a própria sorte. Aconteceu tanta coisa no último mês que quase estourei uma champa dia 30 de Junho achando que já era Reveillon. O ano poderia ter terminado tranquilamente. Notícias boas, na maioria das vezes, e ume péssima.

E pra demonstrar que realmente estamos de volta, uma charge enviada pelo Neném, de nome Wellington. Mostra bem pra onde nossa terra brasilis segue caminhando. Sem rumo algum.



Saturday, June 30, 2012

O Alemao Complexo

Düsseldorf (descanse em Paz)

Achei que nao fosse escrever esse post tao cedo. Hoje um grande amigo nos deixou. Vítima da pior doenca da Humanidade: câncer. O homem já foi milhares de vezes na lua, inventou de tudo um pouco, até a AIDS tem um controle melhor. Mas câncer nao.

Doenca ordinária, silenciosa, cruel, implacável. Chega sorrateira, despercebida. Quando o incauto se dá conta pelo menos um órgao já está comprometido. Se dá pra tirar, ótimo. Controle aqui e ali, quimio e radio, alimentacao, mudanca no estilo de Vida. Nada adianta. Estados Unidos, remédios experimentais, reza brava, umbanda, espiritismo. Sao como ratos invadindo os subterrâneos da alma. Cortam algumas veias aqui e outras ali. Mudam instalacoes. Abrem caminho nos tecidos como se fossem queijo. De repente algo os afugenta. Aparentam ter sumido mesmo. A cura. Após alguns meses ou anos, volta tudo de novo, em outro lugar. Nova vítima: rim, pulmao, cabeca. Só nao pode pegar o pâncreas ou fígado. Comeca tudo de novo. As famílias vao se exaurindo aos poucos. O doente comeca a perceber que nao adianta muito lutar. O Fim está infelizmente próximo. E nao interessa a idade, classe social ou cor. Ela chega, toma conta e só sai de cima quando a missao estiver cumprida.

O alemao complexo soube aproveitar a Vida. Arrumou algumas confusoes desnecessárias, é fato. Mas dava risada de tudo. Provocava, jogava com as pessoas, às vezes enganava por bem. Outras por mal. Nao houve má intencao na maioria das vezes. Era na verdade uma crianca que nao sabia lidar com o poder que tinha. Ficava testando tudo e todos, chegando nos limites. Às vezes ultrapassando-os e esgotando a paciência e confianca alheia. Voltava atrás, mas talvez já fosse tarde. Ou nao. Era bem recebido onde quer que fosse. Bem humorado, gostava de dar gargalhadas. Pedia desculpas antes de falar besteira. Caso raro. Viajou, conheceu o Mundo e suas coisas boas. Soube escolher algumas, outras passaram despercebido. Deu mais valor a carne do que a família. Se arrependeu. Contou tudo e colocou os pingos nos lugares. Demorou a valorizar quem o compreendia e confiava. Mas antes tarde do que nunca, reconheceu a grande amiga. Voltou pra casa, para o carinho do abraco das filhas. E até do cachorro. O conversível perdeu o sentido. Ar era o que ele mais precisava.

No final, tinha medo. Um arrependimento e a sensacao de injustica. Por que ele?! Sou novo ainda, tenho muito que viver. Corrigir alguns erros e cometer outros. Amanha eu falo, tenho Tempo. Percebeu que nao tinha volta. A doenca é implacável. O tic tac do relógio só aumentava. Contagem regressiva. Se despediu. Falou quase tudo que queria. Deixou orientacoes. Agradeceu. Isso foi o mais importante. Reconheceu quem sempre esteve ao seu lado. Acertou em Terra algumas contas melhorando o saldo.

Vou sentir falta. Do sorriso. Dos olhos azuis sinceros e sacanas. Do sotaque e das estórias mirabolantes. Da companhia, fugaz e rara, mas intensa. Gostava de spaghetti a bolognesa. E de carnaval e mulatas. Samba só no pé dos outros, ou melhor, das outras. Requebrando com ele ao lado. Era exigente. Comia do bom e do melhor, mas dava dicas. Como todo alemao, pao duro. Mas de coracao mole. Isso é o que importa. Fez muita gente feliz. Inteligente, competente, esperto. Achou que poderia enganá-la. Sempre deu um jeito em tudo e agora nao seria diferente. Mas Ela nao perdoa. Até hoje nao sobrou ninguém pra contar.

Pra morrer, basta estar vivo.

Descanse em Paz, amigo. Obrigado por tudo.

Tuesday, May 22, 2012

Dominguinhos, 6.3...

Düsseldorf (descanse em Paz meu amigo)

Uma das figuras mais folclóricas do Condomínio Estância das Amendoeiras em Lagoa Santa (MG), nos deixou hoje pela manha. Cacá, sua mulher e fiel companheira, foi acordá-lo hoje pela manha as 7:10h para alimentá-lo e ele nao respondeu. Dominguinhos já havia tomado o elevador. Calmamente, ao contrário do que fez em Vida, saiu de cena silenciosamente sem dizer nada.

Em compensacao, hoje a noite tem festa no céu. No menu, dobradinha, é claro. Dois caldeiroes já estao no fogo. Um é pra turma comer. O outro é pra jogar no Carlos, o famigerado gerente do condomínio, hoje a noite quando ele colocar a cabeca no travesseiro. As correntes ao lado do ""Cantinho do Dominguinho" ali no Clube nao serao mais obstáculo. Dominguinho vai passar por cima de todas com facilidade e leveza.

Outro que pode esperar é Joao Marcelo, estelionatário e cafajeste morador do Condados. Ficará alguns meses sem pregar o olho. Numa festa dessas no Clube, acho que foi reveillon, Domingos Orlando defendeu o filho Marcao com unhas e dentes. Eu presenciei a cena de dentro do banheiro masculino empapucado. Uma corrente foi a única forma encontrada pelo bandido do condomínio rival para se defender do pai protegendo a cria. Abriu-lhe um rasgo na testa encerrando covardemente o combate.

A Palmeiron dormirá em luto esta noite. Seu melhor vendedor nao está mais aqui. Responsável por recorde em cima de recorde, ano após ano, Domingos dobrava as toneladas vendidas de salsicha, ervilha, milho, massa de tomate, palmito e tantos outros alimentos. Foi nessa época que Marcao e Tavinho foram agraciados com um mini buggy. Mas nao era um qualquer. Desfalcando o carrossel de um parque de diversoes, Dominguinhos mandou colocar um motor atrás, freios fracos pra dar emocao e acelerador sensível pra ventilar os rostos da turma na rua B do Mil Metros.

D. O., como era chamado por alguns, era como um time de futebol. Amava-se ou odiava-se. Tinha fan clube encabecado pelo Rato. Notórios e invejosos inimigos também que jamais tiveram 10% do seu carisma. Era tratado como um rei pela mulher Cacá, santa a ser canonizada pelo Vaticano em breve. Passou a Vida comendo o melhor feijao da face da Terra. Na verdade uma sacanagem em forma de bagos, molho e tempero. Capaz de estampar um sorriso no rosto do mais ranzinza, de fazer lamber os beicos e pedir mais, muito mais.

A fase áurea foi quando Domingos virou representante exclusivo no Brasil da RC Cola. Carros caríssimos, reforma da casa com direito a área pra meditacao, maletas cheias de dólares, capotamentos, viagens, fugas no melhor estilo 007 e sacolas de dinheiro eram rotina numa tarde de terca-feira. O Rato mesmo viu uma vez D.O. chegando em casa a tarde com um seguranca da Emive a tira-colo. Este portava uma maleta negra algemada ao pulso. Chegaram em casa, o seguranca destravou as argolas entregando em seguida a maleta ao dono e dizendo no rádio "A operacao foi completada."

Hoje a noite Dominguinhos terá o privilégio único de se encontrar com o Guidao. Vao falar de Lagoa, dos filhos, das esposas, causos e mais causos, cairao na gargalhada se lembrando da época do Repolho Nervoso e da babacao de ovo pra cima do Walfrido e de tantas outras estórias.

Mas uma coisa é certa: servirao de licao para todos nós pela Vida que tiveram.

Cacá, Marcao e Tavinho, parabéns pelo marido e pai que vocês tiveram. Beijo do Cabralito.

ps. As fotos foram tiradas no dia 30 de Agosto de 2009 durante uma feijoada sinistra da Cacá. Depois Rato e eu fomos ao Gigante das Alterosas conferir Galo 1x1 Sport.


Wednesday, May 16, 2012

Viva o Fortuna na Bundesliga

Düsseldorf (An Tagen wie diesen)

O Fortuna Düsseldorf está de volta a elite do futebol alemao, a Bundesliga. Num final dramático agora a pouco o empate em 2x2 contra o Hertha Berlin foi suficiente pra subir o F95 para a primeira divisao.

O sistema aqui é diferente do Brasil. Os dois últimos da 1. Bundesliga caem e os dois primeiros da segunda sobem automaticamente. Pra dar emocao e matar muito torcedor do coracao uma espécie de repescagem chamada Relegation coloca em campo o antepenúltimo contra o terceiro da segundona. Jogo de ida e volta com o segundo sempre na casa de quem está querendo subir.

Quinta passada o Fortuna arrancou uma histórica vitória de 2x1 em Berlin contra o Hertha no estádio Olímpico de Herr Führer. Bastava um empate na noite de hoje na Esprit Arena. Esprit vem a ser uma marca de roupas famosa por aqui e nao uma versao paraguaia do Sprite.

Aos 28 segundos de jogo, Fortuna 1 a 0. O estádio quase veio abaixo. Quem estava comprando o salsichao com Altbier antes de entrar perdeu o gol. Depois o Hertha, com melhor toque de bola e organizacao no meio campo, empatou com justica.

Veio o segundo tempo e num contra-ataque rápido Düsseldorf - capital da Renânia do Norte e Vestfália que presenteou Frau Merkel com uma derrota acachapante do seu partido, a CDU, nas eleicoes locais - ficou novamente em vantagem contra a capital federal. Antes disso Berlin teve um jogador expulso e foi justamente o turco ou filho de turca que marcara o tento berlinense na primeira metade da peleja.

A partir daí foi só cozinhar o jogo e aguardar o apito final. Mas tirando forcas do Além o Hertha empatou de novo. Tensao na torcida que apoiou o time sem parar um segundo. Jogaram foguetes no gramado, os jogadores pediram calma, uns 300 policiais vestidos como transformers passaram a proteger o canto onde estava a torcida da capital federal. Na confusao um início de briga entre os jogadores fez o Fortuna perder um zagueiro, um negao bom de bola e brigador.

Sobe a plaquinha mostrando 7 minutos de acréscimo. Düsseldorf parte em contra-ataque novamente. Tudo indica que o terceiro e matador gol vai acontecer. Mas o atacante erra bizarramente. A torcida, que já cercava o gramado e havia pulado as placas de propaganda, nao se contém e simplesmente invade o campo. Parecia final da Libertadores na Argentina. Estamos na Alemanha mesmo?!

Teve torcedor arrancando pedaco de grama pra levar de lembranca. A torcida me é tao fanática quanto a Massa do Galo. Os jogadores correm para os vestiários. Fiscais e segurancas tentam conter a matilha de malucos. O locutor fala em alto e bom tom que se os dois minutos finais nao forem jogados o Fortuna nao sobe. O que sao 120 segundos pra quem esperou 15 anos?! Milagrosamente conseguem limpar o campo e as laterais. Voltamos pra Alemanha.

O juiz deixa rolar apenas 90 segundos até a explosao final. Um enxame de alvi-rubros invade o gramado. Beijam os jogadores, os carregam nas costas, pedacos de grama somem rapidamente. Serao vendidos amanha no mercado negro a preco de ouro. Parece a final de 70.

Campino, o vocalista da banda da banda de rock mais famosa da Alemanha, Die Toten Hosen, que por acaso é de Düsseldorf - assim como Wim Wenders, Kraftwerk e tantos outros - literalmente "as calcas mortas", mas é uma expressao pra falar que uma pessoa é uma mosca morta - vai ao delírio. Havia prometido durante a semana fazer um show de graca no estacionamento do estádio caso o time subisse. Aliás, Campino já deu uma de ator no filme "Palermo Shooting" do Herr Wenders. Faz o papel de um fotógrafo famoso, mas de saco cheio da mesmice de sua Vida. Resolve ir pra Palermo atrás de aventuras e acaba encontrando coisa bem melhor.

Alguns anos atrás o Fortuna caiu pra quarta divisao e estava quase falido. A banda se mobilizou e comecou a bancar o time até ele se recuperar e arrumar um patrocinador. Quer paixao maior que essa?!

Vou comprar amanha minha carteirinha de sócio. Fui ao estádio na última rodada quando o Fortuna precisava pelo menos empatar pra garantir o 3° lugar e ter direito de jogar a Relegation. Acabou 2x2 contra os zebras de Duisburg.

Pra festejar até amanha, com vocês, Die Toten Hosen.

Tuesday, May 08, 2012

Cine Bresson 9 - Budapest Parade, the Day After

Düsseldorf (essa cidade é demais)

Uma das sessoes mais festejadas desse blog volta com forca total. Isso aqui tá parecendo um castelo mal assombrado e abandonado. Mas vamos em frente.

Quem nao entendeu nada pode conferir a série toda clicando aqui. No Cine Bresson 8 estava eu no meio da Budapest Parade em Agosto de 2004 com meu amigo e tutor Haroldinho. Bem, nessas alturas ele já tinha se dado bem e desaparecido. Em caso de sumico, combinamos de encontrar na rodoviária pra pegar o balaio das 7h de volta pra Vienna.

Na saída da festa, sozinho, fiz amizade com um maluco. Tava com a camisa do Brasil e eu também. Nao lembro o que conversamos, mas ele e os amigos riram bastante. O tempo tava curto, precisava pegar um bonde e chegar na Népliget, rodoviária em húngaro.

Claro que nao consegui. Chegando lá fui informado que o próximo ônibus com destino a capital austríaca sairia ao meio dia. Eram 7:15h da manha. A ressaca comecava lentamente a invadir meu cérebro. Tava sozinho, com fome e sede. Sentei num banco e fui escorregando de cansaco até me deitar. O guardinha sacana me cutucou dizendo que ali nao era cama.

Resolvi explorar as redondezas. Um parque ao lado me pareceu convidativo. Haviam várias árvores frondosas. A temperatura era amena na manha do verao europeu. Nao tive dúvidas ao ver uma sombra e um gramado onde imagináriamente lia-se "Ortocrim". Me deitei e segundos depois já dormia. Nao sem antes programar o despertador para 11:20h.

Passadas algumas horas, outro cidadao parente do Puskas veio me incomodar. Será que a camisa amarela da Selecao fazia tanto sucesso assim?! Um mendigo. Falou algo na língua do capeta. Respondi em português. Ele falou "tequila", respondi que nao "vodka". Saiu rindo e exibindo os três dentes remanescentes.

Próximos capítulos: um Heuriger vienense com a galera do Doutorado. E aguardem chegar Novembro de 2004 com a inigualável viagem para Cracóvia. A série agora parece querer esquentar.

Friday, May 04, 2012

#makeitcount

Düsseldorf (Maredsous ist Gott!)

Videozinho simpático da Náique que achei por acaso no Você Tubo. A velha estória do cara que sai rodando o mundo. Edicao e trilha bem feitas, mas nada realmente de novo.

Prefiro Adidas. Aliás, Adi Dasler. E depois Puma, do irmao mais novo de Adi.

Sobre o video ainda sou mais o "Where the hell is Matt?!".

E você?!

Futebol é Paixao

Düsseldorf (faltam 16 dias pra Ela voltar...)

Vi o video no Blig do Gomes. Impossível nao fazer jorrar cascatas de lágrimas com essas imagens. Saudades do futebol de verdade, quando era jogado com o coracao acima de tudo, até das chuteiras, e nao do dinheiro, do patrocínio, dos lucros, da megaexposicao das marcas.

Duas geracoes juntas, avô e neto. Um já sentiu isso tantas vezes que chora ao ver como sao escassos atualmente os momentos em que esse sentimento brota. O outro nao tem a menor idéia do que isso vai significar em sua Vida, mas já sabe que é importante e intenso.

Saturday, April 14, 2012

Coluna da Ana Luiza - O dia de hoje e a superstição

Düsseldorf (hoje já é sábado catorze... ou quatorze?!)

E o Truta acaba de fechar contrato a peso de ouro 24 quilates com mais uma colunista. Ela atende pelo nome de Ana Luiza Alves Lima. E nao ouse chamá-la de outra forma. Dois nomes. Dois sobrenomes. É assim e pronto.

As negociacoes se arrastaram por meses, mas finalmente fechamos.

E o primeiro artigo é sobre ontem. Hoje ainda no Brasil. A famigerada Sexta 13 que deixa tantos loucos e outros indiferentes.

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O dia de hoje e a superstição

por Ana Luiza Alves Lima

Hoje antes de eu vir trabalhar, passei na Kalunga para comprar  materiais de escritório e ouvi do trabalhador que varria a loja “Vixi.. quase não vim hoje.. é sexta-feira 13 e não quero que nada de mal me aconteça...deve ser um bom dia pra ficar em casa”.  Eu sorri daquela simplicidade e lhe disse: Eu acredito que hoje será um excelente dia! É sexta-feira!!! E o dia da semana é 13, só isso! Ele riu e disse que não tinha pensado assim e pareceu relaxar.

Superstição é uma crença sem razão, que leva a criar falsas obrigações ou a se temer equivocadamente coisas infundadas... No passado eu zapeei a origem de algumas superstições tais como: quebrar espelho daria azar porque tudo o que reflete no espelho, quando acontece algo ruim com o espelho, aconteceria também com quem o quebrou... Bate-se três vezes na madeira, porque como os raios caíam (e caem) com muita freqüência nas árvores, acreditava-se que as árvores seriam a moradia terrestre dos deuses, então, batia-se três vezes na madeira para invocar as entidades protetoras...  Gato preto seria mau agouro devido aos seus hábitos noturnos... Deseja-se “saúde” para quem espirra porque se acreditava que o espírito da pessoa morava na cabeça e um belo espirro poderia fazê-lo ir embora!... rsrs

O que tiro de proveito de tudo isto, é que nossa mente é muito sugestionável, então aproveitemos esta condição para desejarmos e crermos no melhor, no bom, no sadio, na felicidade, na riqueza, na abundância! Acreditem em suas crenças de forma positiva, pois como diria Emerson “O homem é o que ele pensa durante todo o dia.”  Não há nenhuma superstição no caminho da felicidade de ninguém! Fatores externos não são causa de infelicidade, são efeitos. Seus pensamentos sim é que são a causa, e novas causas produzem novos efeitos.. 

Escolha ser feliz!

Bottiglia N. 160292

Düsseldorf (Baco era foda)

Por trinta e um ou trinta e dois anos elas ali conviveram. Condenadas ao oceano verde e limitado. Uma sombra branca grande de um lado e pequena do outro definiam o horizonte. Subir e descer nao tinha mais a menor graca. Lá em baixo, aquele fundo enganoso. Bateram a cabeca tantas vezes nos primeiros meses que aprenderam a se movimentar pelas bordas. Em movimentos circulares. Uma ou outra incauta insistia em vencer o impossível a resistência inabalável daquela abóboda ao contrário. E lá em cima, um funil que nao levava a lugar algum. A nao ser a um ponto escuro que ficava cada vez mais negro com o passar dos anos.

A esperanca residia ali. Vez ou outra o marasmo acabava. Tudo mexia de forma frenética. Nao se sabia por quanto tempo. "Será agora?!", perguntava uma. Três minutos depois, estavam todas novamente na horizontal. Dava pra ver as outras do lado esquerdo ou direito na mesma situacao. Seriam parentes distantes?! Ou mais uma raca condenada ao inferno verde?!

E lá no alto, a esperanca final. Quem sabe nao aguentaria?! Ou o oxigênio, tao raro, se transformaria em vácuo sugando tudo?! Ou até mesmo a forca das leveduras unidas jamais serao vencidas corroeria aquele imenso tampao deixando o ar entrar novamente. Ah, mas perderiam a razao de existir. "E daí", gritava a outra de sandália e saia rodada. "Queremos ganhar o Mundo", sentenciava a outra passando batom.

Passados seis anos, um grande movimento ocorreu. Deixaram finalmente aquele quarto escuro, úmido e desconfortável pra serem exibidas numa prateleira. Era por pouco tempo, mas e daí. "Temos somente quinze minutos de fama. Aproveitem!", berrou a mais assanhada. E foram apenas doze. Arrematada e acomodada numa caixa ainda mais escura que o quarto anterior, suportou sufocantes horas até ser entregue com carinho, reconheceram todas, a um velho alemao. A associacao foi inevitável: " E agora meu Deus, câmara de gás?!", murmuriou lá de baixo, pouco acima da abóboda traicoeira, a molécula de sangiovese.

Nada disso. Carinho, bons tratos e cuidados VIP até o grande dia. Que chegou rapidamente, antes do esperado. O último grande movimento foi a aterrisagem numa caixa de papelao, recheada de jornais e outros papéis. Bem firmes e ainda fortes, sentiram o sacolejar das longas oito horas de viagem. Nao sabiam de onde haviam partido, mas havia uma esperanca comum de estarem chegando no destino final.

Dois dias depois, carregadas por um carrinho com outros pares na mesma situacao, chegaram finalmente ao que parecia ser o fim da linha. Nada de sala escura e úmida. Apenas um grande caixote negro e frio, mas com temperatura constante. Ali viram várias outras semelhantes na mesma situacao. Diferentemente das outras vezes, conseguiam se ver e até a se comunicar por mímicas entre as redomas verdes e marrons. Nao conversaram, mas sentiam que todas estavam ali pelo mesmo motivo.

O frio nao era o maior problema e sim o tédio dos mais de trinta e anos juntas. Nao havia mais assunto. Todas sabiam tudo sobre as outras. Novidades?! A última fora em 2000 nas comemoracoes dos 20 anos. Depois disso já tinha feito de tudo: fumar, beijar, trepar, brigar, fazer amizade, brigar de novo, viajar dos confins da abóboda ao contrário até o Buraco Negro lá no alto... pelo menos umas duzentas vezes por semana. Chega, nao aguentavam mais. Essa situacao tinha que acabar.

Eis que a chegada de uma ragazza italiana muda completamente o destino das incautas sangioveses. Em comemoracao a esse dia, todas parecem pressentir a grande fuga. Mas já sentiram isso antes. Cautelosas, mantém a calma. "Gato escaldado tem medo de água fria", grita lá de baixo a gordona descalca. A música italiana no ar, velas, um aroma de pasta al dente e pomorodo. Tudo parece indicar que finalmente serao libertadas. Salsiccias, pecorinos, azeites escorrendo facilmente entre os dedos e... tomates. "Impossível nao ser hoje", berrou a otimista. Aqueles grandes vasos transparentes ali, parados, aguardando a chegada de algo mágico. Nao era possível que iriam se decepcionar mais uma vez.

De repente, um movimento brusco. A porta se abre. Pelo gargalo, algo quente e macio levanta o mundinho de trinta e dois anos com facilidade. Saca a ferramenta e arranca a tampa vermelha num átimo de segundo. Enfia impiedosamente a agulha em parafuso naquela espécie de madeira macia que pareceu ser tao sólida. No primeiro repuxe, uma sensacao de oxigenacao imediata. O Universo aumentou. A rosca fica imóvel enquanto a mao, sim era uma mao humana, remove parte do grande Buraco Negro. Novo movimento se inicia quando... ar. Oxigênio! Liberdade!

"Mas ainda estamos aqui. Rapaz, e agora?! Tira a gente daqui, pelo Amor de deus!". Calmamente, escorrem para outro recipiente, maior e espacoso. Era como se mudassem do quarto e sala de sempre com vista pra favela do Papagaio para um apartamento de quatro quartos com varanda e a Serra do Curral ao fundo. Mas seria por pouquíssimo tempo. Na verdade, exatas uma hora e meia.

A pasta ficou pronta. Chegou a grande hora! Do quatro quartos deslizaram felizes e contentes pra suíte de luxo, individual. Estava limpída e reluzente esperando fazia tempo. Algumas se despediram. Outras deram gracas ao jesus cristo por ficarem livres umas das outras. Na verdade, o Tempo foi curto pra sentimentalismos.

Na suíte, giraram graciosamente. Sempre na mesma direcao. Sentiram algo sugando o ar. Eram narinas. Uma com grandes pelos a outra nem tanto. Era mais suave. Mas os suspiros e comentários foram unânimes. As sangiovese estavam em plena forma. Uma obra prima da Natureza.

Causaram emocao após o primeiro gole. Tem o poder de fazer chorar. De libertar sentimentos aprisionados por tantos anos que pareciam esquecidos. Fazem também o Sr. Tempo, sim, ele o implacável, às vezes parar. A música se encaixa ao momento. A pasta e o pomororo também. O balanco perfeito foi atingido. Trinta e dois anos se passaram até entao.

Onde você estava em Abril de 1980?!

Obrigado Bacco. Obrigado Antinori. Viva a Toscana. Viva a Itália!

Monday, March 26, 2012

As Ovelhas do Reno

Düsseldorf (sozinho é ruim...)

O inverno acabou, a primavera chegou e o horário de verao europeu também. Está aberta a temporada de churrascos. Impressionante como muda tudo em uma semana. O astral das pessoas principalmente. É como se saíssem de uma camisa-de-forca.

A idéia era sair um pouquinho mais cedo pra chegar em casa, pegar a bike e dar um rolé. Ela tá em Lisboa resolvendo assuntos jurídicos mirabolantes. Como gosto de ficar sozinho só quando tenho companhia, resolvi me mandar. No caminho já vi a bola laranja vagarosamente descer. Achei que daria tempo. Larguei tudo, peguei as luzinhas e a bike, e o remédio do chefe, e me mandei na direcao da claridade. Ainda via a borda superior ir calmamente mergulhando numa rua qualquer entre os prédios.

Cheguei na praca principal, cheia, e só uma alaranjado me esperava. Vi tiradores de retrato, a turma da escadaria, dois velhinhos e uma senhora proseando. E uma velha puxando com dificuldades um carrinho de supermercado lotado de latinhas vazias. Ela tava de verde.

Passei pelo Eis Cafe do Altair e virei na Ratinger Straße. Ali temos um altar do lado de fora da igreja. Fiz o sinal da cruz em respeito e observei a sombria igreja. Por que gosto tanto de catedrais?! Do seu silêncio?! Das pessoas que ali vao orar?! Da arquitetura e obras de Arte?!

No gramado em frente a Kunstakademie os alunos faziam arte literalmente. Quis ser um deles. De jogar tudo pro alto e ali sentar. E conversar, em alemao, sobre os rumos do Mundo, o sentido da Arte e por que ninguém nao lê mais. No Brasil por que aqui a indústria editorial e literária só cresce. Com transporte público de qualidade a coisa mais fácil e prazeirosa de fazer o Tempo passar, que coisa estúpida, é ler um bom livro. Ou revista. Tenho saudades.

Continuei pela orla do Reno. Ou Rhein. Der Rhein, O Reno. Tá pensando o que?! Napoleao já o atravessou triunfante e desfilou pela cidade. O antigo castelo se derreteu em chamas lá pelos idos de 1800 e guaraná com rolha. O que ficou foi a solitária torre. A ponte estaiada refletia roxa em Oberkassel. Desci as rampas passando por grupinhos de estudantes. Soltos no verde, conversavam, faziam fogueira, soltavam fogos, namoravam os primeiros beijos, bebiam os parcos e únicos goles de sua Existência. E deixavam restos de sua presenca com bastante lixo.

Vi o rebanho de ovelhas lá do alto da ponte. Achei uma árvore parecida e encostei a bike. A cidade do outro lado, dividida pela água lentamente em movimento. Os cafés e casamatas na beira se iluminavam e convidavam para a primeira noite de primavera.

Acendi um cigarro e me senti numa cena de Palermo Shooting. No filme o fotógrafo frustrado tem uma conversa filosófica ali naquele mesmo local. Uma névoa leve tampava a cidade do outro lado, mas revelava os animais brancos em maioria. Só que a cena é ficcao e eu vivia a realidade. Ali fiquei pensando em liberdade. E o quao importante é a seguranca de ir, estar e vir numa sociedade.

Um casal passou por mim. Resolvi me mandar. Dei a volta por baixo da outra ponte e subi olhando o único carro da orla. Parecia ter um casal dentro. Ou dois amigos do lado de fora. Achei que fosse a polícia. Desci do outro lado e segui pelo calcadao. Achando que estava sendo seguido. Ou observado. Um casal de bicicletas vinha pelo passeio, mas pensei ser um carro andando ali sem poder.

Voltei pra praca principal, já sem a velhinha do carrinho, e virei na mesma rua. O altar me olhou e piscou de leve. Abaixei a cabeca e segui deslizando pelos paralelepípedos. Na esquina quase trombei com uma mulher parada. Mas nem encostamos. O buxixo dos bares apenas comecava. Alt bier é bom demais.

Atravessei a Heinrich-Heine-Allee e segui pelo Hofgarten. Escuro, na capital da Renânia do Norte. E eu o conheco como a palma da mao. O movimento ali era intenso. Indo e vindo. Mais rápido e menos lento. Me senti numa Autobahn de bikes. Com todos respeitando perfeitamente a sinalizacao. Até eu. Um casal seguia em dois modelos. Um pra uma pessoa e outro com uma carretinha. Era uma Scania na minha frente dando seta pra abastecer. Errou a entrada da praca, mas depois me seguiu.

E ali algo aconteceu. Da escuridao pedalávamos todos em linha na direcao de uma luz intensa.Os galhos desabrigados das árvores eram iluminados por bancos feitos com lâmpadas fluorescentes. E ali, como naves espaciais rumo ao branco infinito, atravessamos pra outra dimensao.

E demos de cara com o Goethe Museum. Segui meu caminho até chegar numa esquina. Ali vi mais uma vez um belo exemplo de respeitar o trânsito, as regras, as leis. Ser um cidadao. A moca parou no sinal. Eu também. Ela seguiu após o verde. Eu fui junto. Ela seguiu pelo passeio pra esperar o sinal do outro cruzamento abrir. Eu simplesmente atravessei a rua, por que nao vinham carros, e segui. Passaram-se segundos e ela me ultrapassou.

Já em casa e de bike guardada, futebol, cerveja e comida me aguardavam. Uma omelete acompanhada de Duvel me fizeram pensar de novo nos privilégios em se poder atravessar o parque da cidade a noite. Local seguro e bem cuidado. Público, sem cercas ou muros. Ali para todos usarem e abusarem. Desde que respeitem as regras e os outros. E nao castelos egoisticamente construídos pra recriar ali dentro o que só se encontra lá fora.

Seriam as ovelhas, soltas admirando o Reno e a cidade, um símbolo da Liberdade?!

Tuesday, March 20, 2012

Koala Bala (2)

Düsseldorf (assisti muitas vezes)

Quem se lembra dele?! Qualquer semelhanca com o piloto feliz abaixo é mera coincidência. Button literalmente sumiu na frente.



Koala Bala (1)

Düsseldorf (esse ano promete)

Apostar depois da corrida é ótimo. Eu colocaria minhas fichas no Button e depois no Vettel. Isso era óbvio. Hamilton parece prédio construído no Buritis. Se abala com qualquer coisinha. Lewis saiu frustrado, claro, já que nao conseguiu transformar pole em vitória. Mas o carro é belo e rápido. Vai dar trabalho até o fim do ano com certeza.

A elegância de Button é notável. Controlou a corrida como quis. Abriu vantagem em poucas voltas pra fugir do DNS, vulgo asa móvel, e só correu pequenos riscos na relargada após o segundo safety car.

Nos treinos a Mercedes criou expectativas. Michael saindo em 4°, sua melhor posicao de largarda após o comeback, e Rosberguinho, que sempre anda bem aos sábados, partindo da sétima posicao. Na corrida Schumacher passou Grosjean e ali ficou em terceiro marcando as McLarens e tentando se livrar de Vettel. Quebrou o câmbio, a terceira, e saiu de maos abanando. Mas disse depois a Florian König e Niki Lauda da RTL alema que o carro é rápido e confiável. Nao quebrou nenhuma vez na pré-temporada e que isso acontece nas primeiras corridas. Segue confiante pra Malaysia.

A Lotus apareceu bem com o retorno do francês Romain saindo da P3, mas nao tanto com Kimi meio afobado nos treinos. Errou a última volta lancada ainda no Q1 e por ali ficou. Mas na corrida compensou tudo partindo feito um louco na largada. Fez várias ultrapassagens, brigou metade da corrida com Kobayashi, chegando uma posicao atrás dele, e mostrou que o carro é rápido e ele nao esqueceu nada. Pelo contrário. Disse que no próximo sábado vai mostrar quem é bom mesmo. Gritou com o engenheiro durante a corrida, mas foi pra se certificar que as bandeiras azuis nao eram pra ele, que o safety car tava na pista e que a corrida havia acabado quando todos pararam de acelerar.

Vou torcer pra ele, claro. Gracas a deus voltou pra chacoalhar a mesmice da pilotaiada. O ano promete. As McLarens com certeza brigarao pelo título, mas terao várias companhias. Vettel e uma Red Bull longe do domínio acachapante de 2011. Schumacher e a promessa do passo à frente das flechas de prata com as narinas abertas no bico. Dar um passo maior que as pernas costuma ser perigoso. E Kimi na Lotus negra, agora a única e verdadeira. Os demais farao número. O canguru Webber é a versao australiana do Rubinho. Já Rosberguinho assumiu o antigo apelido de Mark, leao de treino, mas até nisso precisa melhorar. Na corrida sempre fica pra trás. Isso quando nao caga tudo no final.

Já Alonsito de las Astúrias pegou outra bomba esse ano. Uma pena já que vai desperdicando seus melhores anos...

E nosso Massa vai virar spaguetti logo. O ano já comeca quase que insustentável. Tiveram ultrapassagens onde ele nem brigou. Apenas abriu e deixou passar. Acho que foi com o Kimi. Apático. Brigou com o carro e consigo mesmo o final de semana inteiro. E ainda conseguiu bater no compatriota abandonando em seguida.

Bruno é, infelizmente, apenas mais um sobrenome famoso. Maldonado mostrou do que essa Williams pode fazer. Fizeram um carro pelo menos decente pra brigar no meio do pelotao. E tem que aproveitar agora no início da temporada quando as equipes estao mais ou menos niveladas. Depois as endinheiradas disparam na frente e as pequenas nao acompanham mais.

Mencao honrosa pra Sauber. Dois carros nos pontos com Koba-san em 6° e Perez em 8°. Este saindo do último lugar do grid após punicao no sábado e fazendo uma só parada. O desgaste dos pneus e a tocada macia explicam.

E vamos pra Malaysia por que o ano será interessante.

Friday, March 16, 2012

Formula 1 2012... comecou

Saarbrücken (viva o astro Rei)

Pela primeira vez na história da categoria teremos seis campeoes mundiais nas pistas. Schumacher, Alonso, Vettel, Raikonnen, Hamilton e Button. O video oficial da FOM mostra bem isso:



Antes de ver o resultado dos treinos de hoje em Albert Park, Melbourne farei minhas previsoes mirabolantes para a temporada de Formula 1.

Cada equipe será analisada superficialmente baseado no que andei lendo nos sites e blogs por aí. Por ordem de importância, aí vao elas:

Red Bull
Chega como favorita indiscutível. Fez uma sólida pré-temporada onde se preocupou mais em dar confiabilidade do que velocidade a um carro que já nasceu rápido. Vettel o batizou de Abbey, mas nao explicou o motivo. Sebastiao é o favorito ao tri pelo que mostrou na temporada passada, está mais amadurecido e sabe que a pressao esse ano será bem maior. Tanto interna como da concorrência. Adrian Newey fez outro foguete, pelo menos é o que parece.

Mas esse ano o domínio no comeco da temporada nao será acachapante como em 2011. Mark Webber já disse que se querem parar Vettel é melhor comecar no sábado. O alemaozinho bateu ano passado o recorde de poles que pertencia a Mansell. Tudo bem que foi num número maior de corridas, mas sair da posicao de honra do grid foi a chave para a maioria das vitórias ano passado.

O canguru deprimido Webber sabe que se nao mostrar servico e marcar muitos pontos para a equipe nao terá seu contrato renovado no verao europeu. Veio com aquele discurso a la Barrichello de que se sente mais forte e confiante, o carro é rápido, está bem na equipe, bla bla bla, mas todos sabemos que ele é o segundo piloto e assim permanecerá. Por uma simples razao, Vettel é mais rápido. Nao só isso, mais carismático, jovem, a cara da Red Bull. È amado por seus comandantes, Christian Horner e o consultor mala Helmut Markko principalmente, e até pelo chefao da categoria, Bernie Ecclestone, que já cravou o tri do alemao.

McLaren
Button colocou Hamilton no bolso em 2011. Se aproveitou dos problemas pessoais e das confusoes do companheiro na pista, principalmente com Felipe Massa, para se sobresair e ganhar a equipe. Além disso, soube como nenhum outro piloto usar as borrachas Pirelli a seu favor pilotando suavemente e economizando o máximo possível. Conseguia ficar mais tempo na pista e fazer menos pitstops.

A equipe de Ron Dennis foi a única das grandes a nao adotar o bico ornitorríntico e monstruoso de acordo com as novas regras. O bico comeca baixo e vai subindo harmoniosamente até chegar no piloto. Assim como os rubro taurinos a McLaren preocupou-se em dar confiabilidade e ritmo de corrida ao carro que já se provou veloz.

Se Hamilton estiver em paz consigo mesmo, com a piriguete do Pussycat Dolls e com seu pai, tudo pode conspirar a seu favor. Mas Button nao é bobo, sabe que o companheiro é mais agressivo e mais rápido e vai comer pelas beiradas de novo. Ficará a espreita e no menor vacilo ele ataca e leva a posicao, o pódio e quem sabe até o título. Competência e carisma nao lhe falta. Elegância também nao. E seu pai é dez mil vezes mais gente boa que Anthony Hamilton e sua cara de bunda como se tivesse brigado com o Mundo. E a namorada, Jessica Michibata, além de linda parece ser simpática também. Alguma dúvida pra quem vou torcer em Woking?!

Mercedes
O novo carro parece realmente ter realmente dado um passo muito à frente. Ross Brawn anda saltitando de alegria pelo paddock. Logo ele que é comedido nas palavras, conservador e com os pés no chao. O orifício no bico do carro tem um efeito parecido ao daqueles buracos que os pilotos abriam e fechavam em 2010 que depois foram proibidos, como sempre. Só que o efeito é na asa dianteira grudando mais ainda a frente do carro no chao.

Assim como Red Bull e McLaren, as flechas de prata logo se mostraram velozes nos primeiros testes. A preocupacao entao foi torná-las confiáveis para a prova de abertura na Austrália e para o resto do ano, obviamente. O timaco de engenheiros e projetistas da Mercedes e o orcamento nababesco comecam e se tornar realidade. Aldo Costa (ex-Ferrari) e Geofrey Willis (ex-BAR e Red Bull) sob a batuta do competente Mr. Brawn e do eterno chefe da Mercedes, Norbert Haug (sósia do Barney dos Flintstones) comecam a fazer barulho pra ficar.

O problema da Mercedes sao os pilotos. Nico Rosberg nao me convence. É veloz nas classificacoes, mas nao tem ritmo de corrida constante. Nao é agressivo nas ultrapassagens, pelo contrário. Parece que tem um certo medo do sucesso ou das vitórias. Já esbarrou algumas vezes nela, mas nunca conseguiu de fato.
E Schumacher continua sendo um mistério. Será que ele ainda pode ser veloz como antigamente?! Se esse carro for realmente rápido como parece ele nao terá mais desculpas. Se pegar a mao, fizer alguns pódios e, quem sabe, beliscar até uma vitória ao longo do ano, poderá renovar por mais dois anos. Se nao, ficará desgostoso e passará o volante para Paul di Resta, Nico Hulkenberg ou até mesmo Lewis Hamilton, como anda especulando a impresa ultimamente.

Ferrari
A temporada nem comecou e já iniciaram o projeto do carro novo pra 2013. Maranello comeca o ano em crise ou será puro blefe de mestre?! A julgar pelas declaracoes pessimistas de Pat Fry, do chefe pastelao Domenicalli, da sinceridade seguida pelo silêncio de Alonso e Massa, e da pressa feita por Montezemolo acho que a coisa anda feia por lá.

Veremos talvez mais do mesmo. Fernando tirando leite de pedra ao longo da temporada. Desperdicando seus melhores anos com carros pouco competitivos. Massa reclamará que nao consegue aquecer os pneus como gostaria. Vai falar do tráfego intenso durante as classificacoes, cometerá erros bobos, ficará cada vez mais isolado dentro do time e sairá pelas portas dos fundos em Interlagos no fim do ano. A nao ser que tome banhos diários de sal grosso, comece a ignorar Alonso e fazer o seu jogo. Concentrar única e exclusivamente na sua corrida e performance. Aí sim os resultados comecarao a aparecer.

Mas que o calzone tá assando por lá isso tá. Prometeram um carro totalmente reformulado para Melbourne. Vao copiar o bico da Mercedes e o escapamento da Sauber/Red Bull. Podem apostar.

Force India
Do pelotao intermediário é a equipe que mais evolui. Uma evolucao constante, sempre na mesma direcao. Vijay Mallya mostra que entende bastante do riscado. Manteve sempre bons pilotos, agora com o rápido Hulkenberg e livre do enganador Sutil, tem um corpo técnico de respeito e goza de prestígio com Bernie.
Já incomodaram Ferrari e Mercedes ano passado. Esse ano eu arriscaria até um merecido pódio pra eles. Seria fantástico.

Lotus
Ano passado a Lotus Renault surpreendeu fazendo dois pódios nas duas primeiras corridas com Heidfeld e depois Petrov. Apesar da volta do Ice Man esse ano, gracas a Deus, a escuderia tem que manter o ritmo de evolucao das demais. Senao, corre o risco de ver Kimi Raikonnen e o imortal Grosjean ficarem pra trás.
Kimi dispensa comentários. È disparada a figura mais diferente entre os pilotos. Está cagando e andando pra tudo. Fala o que pensa e nao tá nem aí. Por isso gosto dele. Já no primeiro treino da pré-temporada cravou o melhor tempo. Mesmo que tivesse com tanque vazio foi pra falar “Voltei e nao esqueci nada”. Grosjean chega com grana da Total e muita vontade de se afirmar de vez. Se tiver a mesma performance de 2009 na Renault pode esquecer.

Sauber
Peter Sauber é um dos últimos românticos da Formula 1. E sabe como ninguém fazer um carro veloz com pouca grana. Mas esse é o problema. O carro é apenas veloz e pouco confiável. Esse ano vieram com um escapamento diferente, já copiado pela Red Bull. Aliás, isso deveria ser proibido, pelo menos por umas 3 ou 4 provas a novidade criada por uma escuderia deveria ser exclusiva por um tempo mínimo. Depois liberava geral. Seria mais justo.

Kobayashi e Perez terao mais um ano pra provar se serao eternas promessas ou pilotos realmente de futuro. Koba já é chamado de mito por muitos na imprensa brasileira por sua personalidade única, simplicidade e velocidade, claro. Sérgio faz parte do programa de jovens talentos da Ferrari e está de olho no lugar de Felipe faz tempo. Acho ainda um pouco precipitado apostar tanto nesse rapaz. Pra mim ele precisa mostrar mais servico.

A Sauber vai incomodar no início, mas se a grana rarear o carro despencará posicoes na mesma proporcao. Uma pena...

Toro Rosso
Ricciardo e Vergne vestem esse ano os macacoes da Red Bull B. Muito prazer. Desejo sorte aos dois. A briga de foice no pelotao da merda será intenso. Quem se destacar terá grandes chances de pegar o lugar de Webber em 2014. Nao acredito que irao promover esses moleques a equipe principal logo após a temporada de estréia.

Mas com certeza serao melhores que Alguersuari e Buemi, duas dragas que tiveram inúmeras chances de aparecer.

Williams
Senninha e Maldonado pagarao os pecados do intransigente tio Frank e sua teimosia. Mas parece que o último dos garagisters fez um carro decente esse ano. Pelo menos é o que andam falando. Vai brigar ali no meio, mas além de veloz tem que ser confiável. E ir evoluindo ao longo do ano.

Bruno tem sua derradeira chance de mostrar que nao é mais um sobrenome famoso querendo aparecer. Velocidade em voltas rápidas ele tem. Falta agora ritmo constante na corrida e um pouco mais de atencao nas largadas. Das oito corridas de 2011 em apenas duas ele foi bem. Muito pouco.

Catterham
A primeira equipe a mostrar a tendência do bico feio segue em evolucao. A ex-Lotus malaia defenestrou Trulli, já vai tarde, no início da pré-temporada contratando Petrov e os rublos de Putin. O apagadíssimo Kovalainen segue sua saga no pelotao do fundo. Dessa vez me parece que vao incomodar Williams e demais. Quanto mais equipes rápidas melhor.

Marussia
Difícil prever algo pra essas nanicas. Me lembro do Timo Glock como piloto, mas o outro?! Acho que é um francês com nome de chinês, vou checar. O time comecou bem pela Virgin, msa o bilionário Branson logo percebeu quanta grana teria que investir pra tentar fazer bonito ali do fundao para o meio e logo desistiu. Os russos parecem estar lavando dinheiro alegremente pouco se importando com os resultados.

Hispania
A piada do grid segue firme e forte. Imaginem o Rubinho numa draga dessas?! Até velotrol ia ultrapassar. Bom, meu xará de la Rosa e... quem é o outro piloto mesmo?! Chandhok, Khartikeyan... nao importa. Esse tipo de escuderia só serve pra fazer parte das estatísticas. Saudades da Minardi que tinha personalidade e de quando em vez lancava pilotos bons. Alonso que o diga. Webber idem.

Thursday, March 15, 2012

Fotografia tem Pai e Mãe

Saarbrücken (fez 22° C hoje)

Sou mesmo um cara contraditório. Gosto tanto de fotografia que me apoderei do sobrenome famoso de um certo fotógrafo Henri Cartier, talvez o maior de todos.

Publico minhas fotos no Facebook, mas nunca divulguei aqui. Fiz uma exposicao delas no Brasil, em Belo Horizonte, mas aqui nada foi noticiado. É como se eu boicotasse a mim mesmo. E faco isso toda hora com inúmeras outras coisas.

Para comecar a resolver isso, vamos ao artigo da Manu Melo Franco, vulgo Manuca Pinduca, minha amiga e fotógrafa. E que escreveu um belo texto pra exposicao. Ficou ali colado na janela grande, bem na entrada com a foto do velhinho tomando sol de sunga em Berlin ao fundo.

Diz a Manu que a Mãe da Fotografia é a Franca, mas um dos Pais é o Brasil. O artigo está aqui.

Formula 1 2012, vai comecar

Saarbrücken (me sinto um Saarlander)

Finalmente a angústia tem data pra acabar. Amanha, ou daqui a pouco, comecam os treinos livres para o GP da Australia de 2012.

Mas antes, preciso atualizar o blog em relacao a temporada passada. O último post sobre F1 foi este aqui uma semana após o GP da Malaysia de 2011. Era apenas a segunda corrida do ano que teve Vettel como vencedor, Button segundo e o cara de castor e desempregado Heidfeld com uma entao surpreendente Renault.

Criei também mais uma das séries fantasma do blog que nunca tem continuidade. Os Velhos Tempos da F1 teve uma única e mísera edicao. Nao pode nem ser chamada de série ainda.

O que aconteceu depois?! Em 140 caracteres por corrida resumirei as acoes do ano passado pra dar uma relembrada na galera.

GP da China, Shanghai
Vettel fez a pole, mas chegou em 2° com Hamilton ganhando. Depois veio Petrov com a Renault detonando. Era blefe de início de temporada. Webber fez a volta mais rápida e sorriu.

GP da Turquia, Istambul Park
Vettel fez a pole, a quarta seguida, e ganhou com Webber em 2° seguido por Alonso desesperado por um carro mais rápido. Webber fez a volta mais rápida e sorriu de novo. O domínio de Sebastian era mais do que evidente.

GP da Espanha, Barcelona
Webber dessa vez foi o pole mas adivinha quem levou o caneco?! Sim, Vettel. Quarta vitória na temporada. Lewis foi segundo e cravou o giro mais veloz. O canequinho menor foi para o entao discreto Button. Webber?! Apenas 4°.

GP de Monaco, Monte Carlo
A pole?! Você já sabe. Quem foi ao degrau mais alto do pódio?! Você também já sabe. Vettel e sua quinta acachapante vitória no mítico circuito de rua que teve o prazer de me receber em 2005 para ver a vitória de Kimi Raikonnen de McLaren. Alonso dividiu o champagne do Principado em 2° com Button em 3°. O rolé mais ligeiro, vulgo migalha, quem marcou foi o canguru Mark Webber. O campeonato já parecia decidido.

GP do Canadá, Montreal
O maravilhoso circuito Gilles Villeneuve viu mais do mesmo: Vettel cravando a pole, sua 6ª no ano, mas o viu perder a vitória na última volta para um guerreiro de nome Button. Webber, Mr. Discreation, levou o terceiro posto. A volta mais rápida, talvez a última, foi para Jenson.

GP da Europa, Valencia
O circuito mais monótono do ano viu três vezes o nome de Sebastian no topo. Barba, cabelo e bigode. Perdeu a graca... Alonso em 2° e Webber em 3° completaram o pódio. E o Massa, tava correndo esse ano?! Schumacher?! Rosberg?! A Mercedes nao tinha comprado a Brawn em 2010 e voltado com as flechas de prata?!

GP da Inglaterra, Silverstone
Pelo segundo ano seguido essa foi a única corrida que perdi no ano. Uma pena, pois veria algo diferente com Webber na pole, Alonso fazendo a volta mais rápida e incrivelmente levando o caneco. Vettel foi apenas o 2°... talvez o início de uma crise, hehe. E o canguru pantola Webber contentou-se com o terceiro posto.

GP da Alemanha, Nürburgring
Em casa Tiao jamais decepcionaria, mas quem cravou a pole foi o canguru perneta. A melhor volta foi pra Hamilton que, nao satisfeito, levou a vitória também. Vettel?! Ficou longe do pódio em 4°, seu pior resultado na temporada. A crise crescia incontrolavelmente. Os rubro taurinos se descabelavam...

GP da Hungria, Hungaroring
O circuito só nao é mais chato que Valência por causa das húngaras e por que Hermann Tilke ali nunca encostou o dedo. Ou já?! Só sei que Sebastian entrou no carro revoltado antes do Q1 jurando vinganca. Fez a primeira de uma nova série de cinco poles seguidas, a de nr. 8 no ano. Mas chegou em segundo, atrás de Button, mestre na arte de conservar borracha. Em terceiro Alonsito de Oviedo, bufando feito um touro em Las Ventas. A volta mais rápida foi conquistada por um fênix que atende pelo nome de Felipe Massa.

GP da Bélgica, Spa Francorchamps
Favorito de 11 entre 10 pilotos, o circuito cravado nas florestas das Ardenhas teve a honra de me receber em duas ocasioes. A primeira durante a sessao de treinos coletivos em Julho de 2007. Depois na corrida de mesmo ano, aquela quando Lewis e Fernando fizeram a Eau Rouge lado a lado nas McLarens. Kimi ganhou com a Ferrari. Descobri que o finlandês dá sorte quando estou no circuito. Vettel fez a pole, mas dessa vez ganhou. Webber foi 2° marcando também a melhor volta e Button o terceiro.

GP da Itália, Monza
Ainda verei uma corrida no templo da velocidade. A pole vocês já sabem quem fez. O alemaozinho de Heppenheim ganhou brilhantemente a corrida Button em 2° seguido por Alonso que continuava desesperado por um carro mais rápido. Hamilton, se envolvendo numa confusao atrás da outra, fez a volta mais rápida e nao sorriu.

GP de Singapura, Marina Bay
Corrida noturna, visual espetacular, mas o circuito nao ajuda muito. Mais um Tilkódromo sem sal. Vettel fez a pole (já escrevi isso onze vezes) e ganhou com Button em 2° seguido por Mark “Coala” Webber. Jenson fez também a volta mais rápida e a alegria de seu pai bonachao, John Button, e de sua gatinha Jessica Michibata.

GP do Japao, Suzuka
Mais um circuito das antigas, palco de grandes decisoes. Lá Vettel fez mais uma a pole. Nao cansa nao?! Button ganhou com Alonso em segundo e Sebastian apenas em 3°. Outra crise vindo?! Button dedicou a volta mais rápida a seu antigo companheiro de Honda, Rubens Pé de Chinello.

GP da Coréia do Sul, Yeongam
Finalmente algo novo no P1 antes da largada. Hamilton foi o responsável por acabar com a série interminável do alemaozinho voador. Mas nao adiantou nada. Vettel ganhou a corrida com os dois pés no difusor e ainda levou a volta mais rápida. À plebe ignara restaram o 2° lugar pra Lewis e o seguinte para o sumido Webber que com a mesma Red Bull nao fazia nem metade do companheiro.

GP da Índia, Buddh
Quem diria, um GP de Formula 1 na paupérrima e imunda Índia. Só mesmo Bernie Ecclestone pra conseguir tirar tanta água de pedra. Adivinhem quem voltou pra pole pra nao mais sair até o fim do ano?! E levar o caneco e cravar a volta mais veloz?! Vettel. As migalhas do segundo e terceiro lugares ficaram para Jenson e Fernando que quase pedia pra voltar pra barra da saia da mamae em Oviedo.

GP de Abu Dhabi, Yas Marina
Lindo por fora, monótono por dentro. Assim sao as modelos maravilhosas de hoje em dia e o circuito em questao. Nao falo mais quem saiu da P1, okay?! O mais veloz foi o canguru perneta. A vitória caiu no colo do controverso Hamilton após a roda traseira do carro do campeao se soltar inexplicavelmente fazendo-o abandonar ainda na segunda curva. O feliz Alonsito foi 2° seguido de Button firme e forte na luta pelo vice campeonato.

GP do Brasil, Interlagos
A pole nao me interessa, cacete. Vettel dominou a corrida toda, mas deixou Webber ganhar. Jenson foi o terceiro na corrida e o 2° no campeonato. O canguru também fez bonito cravando a volta mais veloz. Vi a corrida só até a volta 25. Depois me mandei pra Arena do Jacaré com Ramirinho e cia. ver o meu Galo massacrar o Botafogo, 4x0 fora o baile. Monstro espacial Butinius me levou na beira do gramado, tiramos foto e o escambau. Matamos quase um litro de Black antes de entrar. O resto foi consumido nas comemoracoes em pleno estacionamento setelagoano.

Wednesday, March 07, 2012

Radio Truta - Rock

Saarbrücken (luz no fim do tünel)

Pra quem acha que o Rock morreu, dois desfibriladores para mantê-lo vivo. O primeiro vem da banda californiana Comets On Fire, Sao Franciso, formada no final dos 90. Ethan Miller no vocal e guitarra. Virtuosos, longos solos, sem aquela mediocridade da música curta e comercial de hoje em dia.

Depois os malucos do Howlin' Rain, também da Califórnia. Nao por coincidencia, surgiu em 2004 com o mesmo Ethan Miller comandando voz e cordas. Fui imediatamente teletransportado para os anos 70 ao ouvir.

Ambas as dicas do imprecindível André Barcinski. Palavrinha estranha essa... imprecindível.



Ligeirinho

Saarbrücken (minha base avançada nas margens do Saar)

Por esse carrinho eu empataria uma grana. Deve ser uma maravilha nas estradas sinuosas e montanhosas da Europa Central. E nas Autobahnen entao...

Thursday, March 01, 2012

Saarlouis e a adega de 800 garrafas

Düsseldorf (ah, os clientes...)

Crônica originalmente escrita por este que vos bloga em Saarbrücken no dia 23 de Fevereiro deste ano.

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Saarbrücken (mais dois amigos pra colecao)

Depois de um certo tempo morando na Alemanha comecamos a conhecer melhor os hábitos e diferencas culturais dos germânicos. Sao frios e distantes no início. Empurram a mao que apertam na  direcao contrária após os primeiros encontroos. Nunca falam da Vida privada em ambiente de trabalho, mas sao fofoqueiros profissionais em particular. Colegas de trabalho se tratam por Sie, versao formal igual a Senhor seguida do nome de família, por anos a fio. Nao importa o nível de intimidade. Até que um belo dia, 20 anos depois, um olha pra cara do outro e pergunta: "Posso te chamar de Walter?! Claro. Mas só se eu te chamar agora de Stefan!" Sem sacanagem, presenciei essa cena e rachei de rir na frente dos dois.

Saí hoje com um cliente e sua esposa. Ela deveria ter vindo, mas me enganbelou bonito. Disse que tinha um evento em Hamburg, nao ocorrido, e me deu um bolo. OK, kein Problem! Fomos ao restaurante preferido de Herr B. em Saarlouis, cidade franco-prussiana na regiao de Saarland. Bem próximo a Luxemburgo e colado na fronteira francesa. Por fora a casinha nao tinha nada demais, mas por dentro uma ótima comida, vinhos de respeito e um atendimento de primeira. Assim me relatou Herr B., observado por sua senhora, Frau H., que balancava a cabeca afirmativamente a cada três frases do marido.

Se conheceram no coral da igreja. Achei que tivesse sido no pré-primário ou maternal. Sao desses casais que já nasceram juntos. Parecem inseparáveis, unha e carne. Se conhecem como a palma da mao e um olhar basta pra dizer dois parágrafos. Nasceram aqui perto mesmo em cidadezinhas satélite. Dois filhos já crescidos e devidamente despachados do doce lar. “O silêncio em casa às vezes fica alto demais”, me conta Herr B

Por isso, saem quase toda quinta-feira pra jantar. Ou ir a alguma ópera, teatro, ballet ou mesmo cinema. O interesse de ambos pelas Artes surgiu exatamente nos tempos do coral. Scala de Milao, festival Richard Wagner em Bayreuth, Wiener Staatsoper em Viena e tantas outras salas de espetáculo famosas já acomodaram em suas confortáveis poltronas de veludo o casal B e H (leia-se Bê e Rá) e suas rechonchudas buzanfas. E agora, segundo discurso empolgado e ansioso de Herr B., os assentos do Teatro la Fenice em Veneza terao o prazer de ser esmagados recebendo-os. Compraram os ingressos ontem e hoje já chegaram pelo correio. Ficaram espantados com a honestidade e rapidez dos italianos, apesar da crise do Euro, desemprego, Máfia, lixo atômico, etc..

Descambamos a falar de vinhos após Herr B. fazer questao de pedir um branco já conhecido seu. Deixei-o a vontade, claro. Anste mesmo de olhar a carta já havia ordenado um campari com suco de limao para si e o mesmo suco, sem o campari, pra Frau H. Ela iria dirigir, me disse ele gargalhante e bonachao. Aceitei o Cremant sugerido pela garconente, vulgo Kellnerin em alemao. Um vinho do Val del Loire aterrisou em nossa mesa e logo em seguida no copo de Herr B.. Provou-o, como se precisasse, e aprovou. Realmente, uma delícia.

Ao pedir minha entrada, um foie gras, recomendou-me um vinho de sobremesa. “Um Eiswein?!” perguntei-lhe?! “Você conhece?!”. Respondi que sim invocando a degustacao no Markus Molitor. Nao entrei em detalhes caxemirescos, mas ele aprovou e disse conhecer também.

Falamos mais de Vienna, dos cafés, óperas e música clássica. E de Berlin e da vez em que fiz uma surpresa para minha mae e tia levando-as a um concerto na Berliner Philarmonie, uma das casas mais famosas do gênero. E do Japao, China e Hong Kong, visitados pelo casal saarlouisiano, mas nao por mim. Ainda. New York, Luxemburgo e suas bebidas e combustível baratos. Das várias regioes vinícolas ao nosso redor. Do vale do Ahr, pertinho de Düsseldorf, onde encontra-se um excelente tinto.

Aí contei do meu amigo Weinfreak, ou maluco por vinhos em bom português. Nao citarei seu nome em vao por que estamos em negociacoes. Ele pode ser o mais novo colunista do Truta... a ver. Discorrerá sobre assuntos variados como fabricacao de fósforos, rock antes de Elvis, vinhos chilenos envelhecidos e em como dar papinha sem o neném chorar. Mas isso é assunto para vários outros carnavais.

Falando nisso, me lembrem de escrever a estória do melhor Carnaval da minha Vida. Em 2003. Comecou em Tiradentes num sábado a tarde chuvoso e terminou em Cabo Frio com a macacada reunida, nao sem antes passar pela Sapucaí e desfilar pela Beija-Flor.

E me lembrem também da Cracóvia, Novembro de 2004. Era pra dormir no hotel, mas me virei de outro jeito. Tem até video comprovando o fato. Ou loucura inconsequente mesmo.

“Deve ter umas 200 garrafas”, contei todo garboso sobre a adega do meu amigo, como se fosse minha. Um sorriso estampou-se imediatamente no rosto de Herr B. Parecia o gato da Alice no País das Maravilhas  colorido na minha frente. Só nao voava. “Tenho também minha própria adega, mas com 800 garrafas”. Ganhei o cara, pensei. Contou-me suas preferências pelos italianos do Vêneto e Piemonte. Barolos e Barbarescos. Seu amor pelos franceses de Bordeaux e Val del Loire. E sua idolatria pelos vinhos da Toscana, em especial o Sassicaia.

De trabalho mesmo falamos muito pouco. Reclamou da nossa última proposta. Os precos estao caros. Novidade. Vender barato qualquer um vende. Contou-me que a producao vai aumentar com a entrada de novos pedidos. E que o embargo americano ao Iran está fudendo meio Mundo, eles em particular.

Meu Entrecôte tava uma maravilha acompanhado de legumes no vapor e “hausgemacht” fritas. Herr B. me contou ser esse um dos motivos do restaurante figurar entre seus preferidos. “Já nao se encontra mais batatas fritas caseiras. Todo mundo manda comprar industrializado”, disse entre uma garfada e outra de satisfacao.

Pulamos a sobremesa e o espresso veio com leite quente separado com uma espuma perfeita em cima. E um bolo mármore, que tem o mesmo nome aqui na Alemanha. Me lembrei de Janemamae e Titas fazendo seus bolos idênticos no nome, mas maravilhosos. Paguei enquanto bebiam o segundo espresso, esse por conta da casa.

Agradeceram, falaram que da próxima vez minha mulher tem que vir, e que vamos combinar uma próxima vez em breve. Aliás, disseram isso sobre Ela umas três vezes.

Antes de sair, ganhei duas dicas de lugares interessantes aqui perto para visitar. “Come-se bem e tem ótimos vinhos. Além de serem cidades pitorescas e românticas”. Só nao falo os nomes por que quero conferir eu mesmo. Mas prometo escrever os diários de viagem. Ficam no médio Reno. Mais nao digo.

Ganhei mais dois amigos!