Viena (hoje é sexta-feira!!!)
No já distante dia 25/02/2016 enviei um email a minha querida irma Helena com o seguinte texto: "Dia desses quem sabe postarei no meu combalido e abandonado blog."
Pois aqui está. Foi uma viagem que fiz à antiga Pérsia em 2016 participando de um congresso sobre Siderurgia. Me lembro bem dos posters gigantes com os Aiatolás por todo lado.
O aeroporto é razoável, mas só
espero nao pegar outro caco velho na volta pra Tehran. A Zagros
Airlines, nome das montanhas sagradas ao nordeste do país, nao deixou
boa impressao e poderia cuidar melhor de suas aeronaves.
Uma catinga de chulé com peido, o famoso chuleido, invadiu meus
sentidos me deixando zonzo quando embarquei. Os ônibus da Gontigo que
faziam a clássica rota BH-Joaíma eram muito mais confortáveis e bem
conservados. E ainda tinha banheiro limpo no fundo, freezer
com água gelada de graca e cobertor com travesseirinho. Eu dormia que
era uma beleza acompanhado de meu avô e companheiro de viagens, Pedro Ferreira."
Me esqueci de relatar acima que para chegar nessa ilha saí de Viena rumo a Tehran num vôo noturno que chegava às 2h da matina na capital da Pérsia. Dali um motorista me esperava para atravessar a cidade na alta madrugada até o aeroporto doméstico. É como se eu tivesse chegado em Confins e pegasse um táxi até a Pampulha. Me encontrei com nosso agente iraniano e alguns funcionários que pegariam outro vôo até a ilha. A sensacao era de estar numa rodoviária precária. Mas correu tudo bem, apesar do aviao da Zagros ser velho e sujo.
No já distante dia 25/02/2016 enviei um email a minha querida irma Helena com o seguinte texto: "Dia desses quem sabe postarei no meu combalido e abandonado blog."
Pois aqui está. Foi uma viagem que fiz à antiga Pérsia em 2016 participando de um congresso sobre Siderurgia. Me lembro bem dos posters gigantes com os Aiatolás por todo lado.
"A primeira coisa que pensamos ao
ouvir ou ler o nome desse país é em terrorismo, homens-bomba se
explodindo em mercados lotados e mulheres de burcas negras andando de
cara amarrada. Vem à mente também cientistas iranianos
construindo a bomba nuclear escondidos em bunkers perversamente
construidos em montanhas inalcancáveis.
Nao tem nada disso. Os iraniamos sao simpáticos,
sorridentes, falam bem inglês, tratam os estrangeiros com respeito e tem
um orgulho enorme de seu país.
Também pudera. História aqui é prato feito pra quem
gosta. A Pérsia e os persas existem desde que o mundo é mundo. Desde o
tempo do Amém, como diria minha Janemamae.
Persépolis fica aqui, pelo menos
as ruínas da cidade, no sul do país. Alexandre, o Grande tacou fogo na
cidade pra se vingar de Xerxes por ter incendiado a Acrópole. Alguns
dizem que foi acidente, outros que foi proposital.
O resultado é o mesmo: Persépolis ardeu em chamas e deixou de ser a
capital do Império Aquemênida fundado por Ciro, o Grande em 550 A.C.
(obrigado Wikipedia).
Pode-se pensar também em Argo, fuck your self
e nos “coitadinhos” americanos sequestrados na embaixada nos anos 1970.
Logo os americanos que sempre apoiaram o malévolo Xá Reza Pahlavi. Será
por que?! Petróleo, jovem.
Dinheiro, poder. Sempre os mesmos agentes das guerras modernas. Até
ingleses e russos invadiram o Iran em 1941 tentando se apoderar das
reservas valiosas e gigantescas do precioso combustível fossil. Mas sem
sucesso.
Com o aiatolá Khomeini e a
Revolucao Iraniana de 1979 o país deixa de ser uma ditadura autocrática
liberal e cada vez mais ocidentalizada liderada pelo Xá e passa a ser
uma república islâmica regida por leis conservadoras
do Islamismo e com o controle politico nas maos do clero. Nessa época
as relacoes com os EUA azedam de vez, principalmente após o sequestro
na Embaixada.
Mas o país tem lá seus atrativos
e vantagens. A ausência de empresas americanas faz com que lixos como
McDonald’s e suas variacoes nao tenham vez no país.
Junky food aqui nao!!! Aliás a comida é muito boa. Uma mescla da
culinária turca e egípcia com muitos legumes, ervas, peixes, camaroes,
carnes de vaca e cordeiro, e frango. Tudo acompanhados do arroz com
alcafrao que é muito famoso por essas bandas. Caviar
também, dizem que o melhor do mundo, os russos que me perdoem. Pistache
também entra na lista das especiarias ou iguarias locais de sucesso.
Gracas aos mulcumanos os porquinhos vivem aqui alegres e felizes sem ser
incomodados, a nao ser pelas minorias católicas
que sim, existem. Até os judeus sao reconhecidos.
As mulheres sao obrigadas a
cobrir a cabeca escondendo os cabelos, considerados de alto poder
sedutor pelas regras do Islamismo. No aviao ao iniciar a descida o
piloto avisa. A mulherada, mesmo as ocidentais, tem que
jogar um pano na cabeca se quiser passar despercebida. Tem uma certa
razao de ser já que um balancar de cabelos pode ser arrasador. Mas as
burcas nao sao sempre pretas. Muitas encharpes coloridas adornam o
cucuruto das iranianas de rostos refinados, batons
exagerados e maquiagem pesada nos olhos.
A principal desvantagem deste belo país que nao
me permite sequer cogitar na hipótese de um dia vir morar aqui: o álcool
é proibido de todas as formas. Cigarro pode, cachaca nao. Por que nao?!
Sei lá, vai que Maomé era abstêmio ou já
bebeu antes na Vida quando jovem e num desses carnavais Persépolis
afora teve uma ressaca tao monumental que resolveu proibir a bagaca?! No
mercado negro se consegue algo, mas deve-se conhecer o Al Capone local
pra tomar umas. Difícil, arriscado e complicado
demais para o meu gusto. A cerva sem álcool é ok, vá lá, mas nao é a
mesma coisa.
O calendário do país segue o Sol
e as rotacoes da Terra, nao a Lua como o árabe. O ano novo persa comeca
no exato momento em que a primavera tem início. Esse ano é dia 22 de
Marco, nao à meia noite mas num horário exato
que nao sei exatamente qual é. E o ano tem uma defassagem de 700 anos e
bordoada em relacao ao nosso. Estamos no ano 1394 e o próximo comeca
dia 23 de marco. O ano zero é no momento em que o profeta Maomé declara a
criacao do Islamismo.
É facílimo virar milionário no
Iran. Basta trocar algumas notas nas casas de câmbio e sair com os
bolsos lotados de Rial, todas as notas estampadas com o bom e velho
Khomeini. Um €uro vale 40.000 Rials. Para vocês terem idéia
a passagem aérea de Tehran até Kish Island, de onde esse modesto
blogueiro escrevinha, saiu pela bagatela de 2.699.000 Rial (70 €)!
Kish island é uma tentativa
iraniana de repetir Dubai. Há vários shopping centers e hotéis na ilha
se aproveitando do fato de ser uma zona de livre comércio e sem
impostos. Outros tantos estão em construcao, mas segundo
um conhecido local muitos prédios ficam vazios o ano todo e vários
elefantes brancos se espalham pela ilha. Uma bolha imobiliária iraniana
está em pleno curso.
Me esqueci de relatar acima que para chegar nessa ilha saí de Viena rumo a Tehran num vôo noturno que chegava às 2h da matina na capital da Pérsia. Dali um motorista me esperava para atravessar a cidade na alta madrugada até o aeroporto doméstico. É como se eu tivesse chegado em Confins e pegasse um táxi até a Pampulha. Me encontrei com nosso agente iraniano e alguns funcionários que pegariam outro vôo até a ilha. A sensacao era de estar numa rodoviária precária. Mas correu tudo bem, apesar do aviao da Zagros ser velho e sujo.
1 comment:
Escrito em 26.02.2016
Hoswald,
Como sempre sua escrita nos faz viajar pra o Irã!!! Vai escrever bem assim na pqp!!!!!!!!
Lugar inimaginável de se pensar em viajar, mas agora fiquei super curiosa!!! Quem sabe um dia, depois que eu conhecer o mundo todo!!
Você como sempre, dominando o WAR. carimbo no passaporte é o que não falta, cultura na cabeça e nos sentidos, nem se fala!!!
Muuuuito bom!!!! Continue viajando e nos alimentando de cultura!!! Saudade de vc, irmão!!!!!
Te amo!!
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