Friday, December 20, 2019

Estátuas do Museu Rodin em Paris ganham vida e saem pelo mundo afora

Viena (mais uma semana e, férias!)

"Além dos cronópios e famas, há também as esperanças. As esperanças, sedentárias, deixam-se viajar pelas coisas e pelos homens, e são como as estátuas, que é preciso ir vê-las, porque elas não vêm até nós’." - escreveu Julio Cortázar.

Esse possível roteiro para um livro foi pensado em 09/01/2012 e só agora é revelado ao mundo.



"a estória comeca como um suspense. a polícia é chamada ao jardim do museu rodin pelo diretor dando falta de uma escultura. pensa que foi roubada, mas nao há marcas ou evidências do criminoso. o inspetor pierre mallard, vulgo le fou, nao sabe nem por onde comecar.

em outra parte da cidade, uma pessoa pequena e estranha, meio escura como uma escultura em bronze do sexo masculino, é vista surrupiando uma garrafa de vinho na rue mouffetard. um corre-corre danado e ela se safa escondendo-se no pantheon. vincent aparentava portar uma grande garrafa de vinho passando sorrindo e virando a esquina. ali sua imagem foi capturada para sempre. as cores eram diferentes, mas os tons de cinza quase infinitos. a expressao é inigualável. missao cumprida. ganhei o dia. ao revelar o negativo, o fotógrafo também sorriu. abril um montrachet 1921 e se deliciou com o líquido mágico.

apesar da seguranca reforcada ao redor dos jardins do museu, três dias após o primeiro sumico, outra estátua desaparece. dessa vez, uma mulher "bronzeada" sumiu na cara de todos. a ópera da bastille seria atacada em breve. tinha aroubos de soprano, dancava como uma pluma e queria por que queria fazer parte do corpo de baile do ballet da ópera nacional. alice, quieta como um coelho, dava notícia de tudo.

o inspetor e sua trupe, além do ajudante bruno bock, amante apaixonado da vida e profundo conhecedor de vinhos, pareciam pantolas diante de um caso sem solucao. enquanto bruno convencia o subordinado leopoldo magnific a comprar uma caixa de petrus 2005 num leilao online alemao, lance após lance, a adega de monsier bock ia aumentando gradativamente.

exatos três dias depois, duas pequenas estátuas que fazia parte da porta do inferno evaporaram. pigalle sofreria mais adiante com clientes dos cabarets indignados com os maus tratos das raparigas. cafetoes eram supostamente estapeados por clientes e revidavam vigorosamente. a dupla de estátuas aterrorizava o bairro com uma agilidade impressionante. pareciam fantasmas ou beija-flores velocíssimos e quase imperceptíveis. pablo & claude, escorregadios. melindrosos. malandros auto-confiantes. deslizavam pela cidade que conheciam com a palma da mao.

mallard e bock batiam cabeca e canecas no quartier latin entre uma e outra leffe. ouviram opinioes diversas de gregos, italianos, albaneses, portugueses, troianos e até de brasileiros. cada um tinha uma teoria diferente, mas nada de muito consistente.

ele dizia que a estátua que representava a tentacao também escafedeu. e de repente as escadarias de montmartre, ao lado do funiculá, ganharam uma nova integrante. queria se redimir, acreditar na remissao dos pecados. almejava entrar na sacre coeur e pedir perdao. ou pelo menos agendar uma confisao com o santo mais próximo da porta principal. camille era um incêndio inapagável. fazia o que queria e com quem desse na telha.

monsier mallard pensou em instalar um sistema de alarme usando laser monitorado 24h por dia nos jardins do museu. o diretor raoul kratz, filho de um austero alemao com uma serelepe francesa, estava em tempo de perder o juízo. via seu patrimônio se dilapidando, dia após dia, sem ter o que fazer. pensou em algemar cada estátua numa barra de ferro macica ao pé de cada uma, mas soava ridículo. pensou em apelar para medaille miraculouse, mas achou um abuso ter que apelar para os santos. era amigo pessoal de carla bruni e sarkozy, quem sabe poderiam ajudar.
  

na frente de seis guardas e oito câmeras toulouse se libertou da capa dura de bronze, bateu a poeira, deu um giro no ar caindo no jardim e se mandou pelo portao principal. a turba de oficiais parecia um bando de pinguins bêbados. pegou um ricard fiado e foi subindo as escadarias rumo ao coracao. lá chegando, bateu o olho naquela praca com saudades. a festa do dia ficara retratada para sempre. com impressoes profundas da época.

chegou na frente da imponente casa do senhor quando parou e se virou pra cidade. lembrou-se dos retratos da época. quantas pecas, exposicoes, feiras, festas." 


Se alguém ousar me plagiar e escrever um livro baseado nessa singela sinopse, eu mato!

Acham que sai coisa boa daí?!

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