Monday, April 26, 2010

Viva Eyjafar

Belo Horizonte, Beagá, Belzonte, BH (Rato fazendo vitamina de abacate)

Lucas Jackson/REUTERS (É irmão bastardo do Michael?!)

Resgatei o textículo que escrevi sobre Eyjafar ainda no aeroporto de Mallorca. E se ele nao queta o facho eu não teria voado pro Brasil. Ei-lo aí embaixo:

[NAO CONSIGO COPIAR E COLAR.... COMO NÃO?!]

E aqui uma fantástica galeria do Boston Globe mostrando mais sobre a criança despertando de seu sono glacial profundo. Soube que o perigo mora ao lado. O vulcão irmão mais velho ao lado é dez vezes mais potente e se resolver dar seu urro gutural o Mundo ficará envolto em cinzas por um bom tempo. As pessoas voltarão a viajar de navio, essa correria insana de hoje em dia vai diminuir, teremos mais Tempo para os pequenos prazeres da Vida, daremos mais valor a família e amigos e por aí vai.

Desconfio que esse sopro de lava islândica é uma vingança contra a quebradeira da crise financeira em 2008. Pra quem nao lembra, a Islândia quebrou, entrou em falência completamete. Se tornou insolvente e veio de pires na mão pedir arrego ao resto do Mundo.


E agora, podem muito bem ter despejado toneladas de sonrisal num buraco cavado na geleira fazendo Eyjafar acordar. Pensaram os islandeses "quebraram a gente com essa sanha capitalista, agora levaremos uma turminha grande junto". A começar pelas cias aéreas. Podem esperar pacotes dos governos ajudando-os a sobreviver pagando indenizações, seguros, gastos de viagens dos milhares e milhares de viajantes afetados pelas cinzas vulcânicas.

Desgraça de uns, alegria de outros. Imaginem a fábula de dinheiro que hotéis, locadoras de carros, cias ferroviárias e de ônibus lucraram nessa história. Tenho colegas de trabalho que nao tiveram a sorte de voar na quinta dia 15 como eu deixando pra sexta 16. Resultado: ficaram presos até domingo quando só entao tiveram a brilhante idéia de alugar um carro e iniciar a jornada de Lisboa até Essen. Acho que vai uns dois dias nessa brincadeira.

Com a Natureza nao se brinca, já diria Noé.

Sunday, April 18, 2010

Eyjafjallajoekull

Düsseldorf (roupas secando, Ela me esperando no quentinho!)

Esse é o nome do vulcao islandês que parou o Mundo, literalmente. Todo blog que se preze falou dele essa semana, hehe. Estava eu quinta passada em Lisboa voltando pra Alemanha. Na verdade, eu deveria voltar na sexta, mas gracas a uma feliz coincidência e a uma ordem da chefia, voei um dia antes. Havia uma escala na bela Palma de Mallorca, que do alto é realmente linda. Vôo atrasado inexplicavelmente. Pergunto em portunhol "que pasa? A aeronave está aqui ou ainda vai chegar?!"A resposta foi o vulcao espalhando cinzas Europa afora e comecando a cancelar vôos.

Olafur Eggertsson/Reuters

Escrevi algumas linhas ainda no aeroporto, só que salvei no desktop burramente. Na sexta, ao iniciar o lépi tópi minha senha nao funcionava. Tive que criar um novo perfil de usuário com nova senha e nao consigo mais recuperar o arquivo de nome Truta Paris.doc. Duas crônicas da Páscoa parisiense ali ficaram também. Será que consigo revê-las?! Espero que sim. Eram talvez os melhores textos que já escrevi na Vida...

Bem, me lembro do que escrevi sobre o vulcao. Que fico impressionado por essas forcas inexplicáveis da Natureza. Pra mim pelo menos, nao para físicos, geólogos ee afins. Vulcoes, avalanches, tsunamis, furacoes e todas as variacoes como tornados, tufoes, vendavais, ciclones (qual a diferenca básica entre cada um deles?! A velocidade do vento ou o estrago que causaram?!), baleias, enchentes e tudo que destrói num sopro o que o Homem levou anos pra erguer.

As baleias estao na lista por que sao os maiores animais, digo mamíferos, de que se tem notícia no Mundo de hoje. Sempre gostei delas. Fazia desenhos nos cadernos, eram minhas amigas. O engracado é que até hoje nunca vi uma ao vivo. Golfinhos sim, mas sao outro tipo de animal. Baleias humanas sim, já vi várias. Tanto homens como mulheres. Me lembro bem de um colega de colégio gigantesco, um mastodonte desses que tremem o chao por onde caminham deixando rachaduras no piso e trincas nas paredes. Ele devorava vários x-burgers no lanche do recreio como se tivesse comendo duas pacoquinhas.

E tinha também o Sideni, operador da sala de audio visual e árbitro de futebol amador nas horas vagas no Loyola, onde estudei. Já me expulsou no vestiário uma vez depois do jogo. Tentei entrar com recurso suspensivo e necas. Timburé, o negao zelador, faz-tudo e árbitro principal nao me deixou entrar em campo no jogo seguinte. Como era um crioulo de quase dois metros de altura por quatro de largura, resolvi acatar a decisao. Mas o Sideni ouvia todo santo dia no final do recreio um grito irritante de BALEIA na janelinha do audio visual. Ora eu ora o Banana fazíamos questao de deixá-lo furioso. Socado como ele só, parecia uma rolha de poco literalmente. Ficou tao puto que reclamou com nosso orientador. Recebemos o puxao de orelha e paramos com a alcunha. A partir dali, passamos a gritar ELEFANTE na janelinha...

Voltemos ao vulcao. Esse safado quase me fez dormir em Mallorca. Nao seria uma má idéia, mas estava louco de saudades dEla e queria chegar logo em casa. Após 4 dias de caos aéreo, amanha parte da Europa voltará a operar normalmente seus aeroportos. É incrível ver como milhoes de pessoas foram afetadas pelo Eyjafar, seu apelido mais fácil de falar. Há 200 anos, quando ele cuspiu lava pela última vez, nao haviam avioes. Aqui no Blog do Estadao tem uma galeria de fotos maravilhosas dele acordando de seu sono secular profundo.

Minha mae me disse hoje que quando o Krakatoa, em Java, Indonésia, explodiu nos anos 70 (acho, nao tô com saco de olhar a Wiki) foi um inferno na Terra e nos céus. Tem até um filme ou documentário chamado "Krakatoa, o inferno de Java". Cinzas pra tudo quanto é lado, no Planeta inteiro. Nessa época a seguranca das aeronaves nao era tao importante assim.

Vou dormir. O vinho já acabou. Inté.

E o Massa?!

Düsseldorf (pés intactos)

O Rei das Astúrias, Alonso, pulou na frente na largada dando uma de malandro estúpido. Claro que as TVs, as equipes, os chineses de olhinhos minúsculos, Charlie Witting e o resto do Universo viram que ele queimou a largada. Punido que foi, parando duas vezes pra colocar intermediários com medo da chuva e depois voltando pra secos, nao teve outra alternativa a nao ser pisar fundo. Passou tudo e todos, inclusive Massa na entrada dos boxes chegando em quarto. Vinha babando pra cima de Rosberguinho, mas talvez nao tivesse borracha suficiente pra passar.


Felipe anda meio ingênuo ultimamente. Vem com esse papo de equipe, de manter um bom relacionamento com o companheiro de equipe, esse blá blá blá de quem perde as disputas. Conhecemos bem essa conversinha fiada gracas a um certo Rubens que andou de vermelho uns bons anos.

É hora de Massa devolver na mesma moeda ou entao vai amargar o título de segundo piloto na equipe. Nas disputas durante a classificacao o espanhol ganha por 3x1. Nos pontos está com 8 de frente, nada muito distante com esse novo sistema de pontuacao. Mas Alonso levou nítida vantagem ao entrar primeiro e deixar o companheiro esperando. Massa disse depois da corrida que perdeu 3 posicoes gracas a sua ingenuidade e à agressividade do comedor de Pata Negra chegando em 9° e beliscando pouca coisa. Vai pra Europa amargando um prejuízo enorme já que era líder e saí da Asia em 6°.

Outra equipe que sai da terra do arroz, sopa, macarrao e capitalismo selvagem com gosto de cabo de guarda-chuva na boca é a Red Bull. Primeira fila no sábado, favoritíssimos a vitória (com Vettel claro, nao com o touro tonto australiano Webber), mas veio a água pra acabar com tudo. Nao se preocuparam em acertar o foguete pra chuva como outras equipes e se deram mal. Fizeram péssimas escolhas de pneus também e nao tiveram o mesmo ritmo forte de ontem. Saíram com 6° e 8° lugares para Tiao e Marcos respectivamente. Muito pouco.

Já a Renault Lada sai da China feliz e contente. Foi a única que manteve os pilotos com gomas lisas no início e levou 5° e 7° lugares com o polaco de luto Kubica e Petrov que marcou seus primeiros pontinhos na categoria. O que ele fez hoje foi mais do que o ano e meio de pilotagem vacilante de Nelsinho em 2008 e metade de 2009. Falando nisso, alguém sabe onde esta Grosjean?! Deve estar amassando pao em alguma boulangerie em Lyon.

O resto é o resto e falarei apenas de Kovalainen que também seguiu as orientacoes de Raikkonen pelo rádio atuando como seu navegador via internet. Nao trocou pneus no caos molhado e chegou num honroso 14° lugar levando sua linda Lotus a quatro posicoes aquém dos pontos. Eles chegarao lá, pode ter certeza.

Dos brasileiros Rubens terminou em 12° após largar uma posicao adiante, coisa normal em sua carreira, Bruno viu a quadriculada na frente do frango ao curry Chandhok (nao fez mais que a obrigacao) e Lucas rodou pouco parando com problemas no carro cabaco.

Mais do que isso, favor consultar os pasquins de amanha, os blogs do don Gomes, Fábio Seixas, Ico, Capelli, Pandini e os sites Grande Prêmio e Tazio. Mas garanto que vcs nao lerao nada a mais do que aqui escrito.

Ah, a classificacao do campeonato (cortesia do Guardian) ficou assim:

1 Jenson Button (GB) McLaren 60pts
2 Nico Rosberg (Ger) Mercedes GP 50 (quem diria?!)
3 Fernando Alonso (Sp) Ferrari 49
4 Lewis Hamilton (GB) McLaren 49
5 Sebastian Vettel (Ger) Red Bull 45
6 Felipe Massa (Bra) Ferrari 41
7 Robert Kubica (Pol) Renault 40 (arrancando leite de pedra)
8 Mark Webber (Aus) Red Bull 28
9 Adrian Sutil (Ger) Force India 10
10 Michael Schumacher (Ger) Mercedes GP 10 (quem diria?!)

Novo Rei da Chuva

Düsseldorf (nove dias sem escrever é inaceitável)

Duas corridas com chuva esse ano, duas vitórias de Jenson Button. Na habilidade, inteligência, tocada firme, rápida e que poupa o carro levando-o sem maiores dramas até o fim das provas, o inglês atual campeao do Mundo vem colocando o espevitado Hamilton no bolso.

Franck Robichon/EPA

A velocidade e agressividade de Lewis, que hoje fez um corridao chegando em 2°, sao inegáveis. Ele vem dando shows nas três corridas que tiveram emocao em 2010 (esquecam a primeira no Bahrein). Deve ser o maior "ultrapassador" do ano, sem dúvidas. Mas destrói os pneus rapidamente, arrisca o tempo todo como na disputa já perdida pra ele com Vettel na saída dos boxes. E sai como uma vaca tonta pra cima de tudo e todos. Nem sempre alcanca o sucesso. Hoje chegou merecidamente em segundo. Se tivesse usado a mesma estratégia do companheiro provavelmente teria vencido a corrida. Dito isto, a McLaren fez a primeira dobradinha do ano. A última havia sido em 2007 com o mesmo Lewis e Alonsito. Dois ingleses da mesma equipe nas primeiras posicoes nem tenho idéia de quando aconteceu pela última vez. Pra isso temos o Capelli, o rei das estatísticas e ex-piloto da Jordan nos tempos do Guggelmin.

Rosberguinho em terceiro lutou bravamente contra Hamilton vencendo o duelo na pista e perdendo a posicao nos pits. Também optou por nao trocar pneus no caos do molha-seca no comeco da prova. É outro que nao encontra dificuldades até o momento em bater o companheiro de equipe. Um senhor alemao que atende pelo nome de Schumacher.

Comeco a achar que seria mais negócio o heptacampeao ter ficado em casa fumando seus charutos, curtindo Corina e as criancas, dando um pulo em Montreaux pra assistir um jazz de qualidade e fazer picnic no Lac Leman, pertinho de sua mansao na Suica. O alemao multicampeao hoje nao foi nem sombra do passado. Parecia um novato tentando entender os botoes do volante e a enchergar atráves do spray de água produzido pelo carro da frente. O irmao Ralf gargalha no momento enquanto prepara seu Mercedes pra tomar outra sova no DTM. Schummy largou em 9° e chegou em 10°. Foi ultrapassado quase uma dezena de vezes, duas por Hamilton. Nao me lembro se ele passou alguém. Disse depois da corrida que as más emocoes foram bem maiores que as boas. E disse também que os pneus intermediários funcionam de uma maneira diferente da que ele estava acostumado. Só que agora nao se pode fazer milhoes de kilometros testando e aprimorando o carro entre uma corrida e outra como ele e a Ferrari cansaram de fazer. De uma certa forma, a mística e o mito Schumacher estao sofrendo arranhoes consideráveis nesse início de temporada. Nada que abale ou apague seu passado, mas que deve fazer mal ao ego, isso deve.

Falemos do resto no post seguinte. Vou levantar os pés pra que Ela passe o aspirador sem arrancar meus chinelos...

Friday, April 09, 2010

Radio Truta - Negoes geniais

Lisboa (sempre se aprende viajando)

O que esses caras fazem com a boca é algo fora do normal, extraterrestre. Clique aqui pra ver e me dar razao. Infelizmente o embed do YouTube foi desabilitado. Meu CUnha que quer um Mini vai pirar com isso.

E eles fizeram outro video dentro do metro de Paris:



Sensacional!

Quem deu a dica foi o Rodrigo Viana, guitarrista de jazz, MPB, rock, pop e o que vier. Morador de Paris e dono de uma vista tao bela quanto a da torre ou de Montmartre.

ps. Acabei de aprender um ditado popular purtugues: "Se a ordem é rica e os frades sao poucos", ou seja, se voce é solteiro ou casado e nao tem filhos ainda, se pode gastar por conta pois so tem dois pardais (ou um só) para alimentar em casa.

Diario de Viagem - Lisboa

Lisboa (era pra comecar por Paris, mas...)

Um blog nada mais é do que um diário eletronico ou digital. Por diário, entende-se que os posts sejam escritos todos os dias. Quando não seguimos essa regra basica, especialmente em viagens, as laminas da memoria de cada dia vão se sobrepondo umas sobre as outras, os detalhes vao se perdendo junto com o vigor na escrita e somente com a ajuda das fotos conseguimos lembrar da maioria dos fatos.

Tudo isso é uma desculpa esfarrapada pra explicar por que até agora não escrevi sobre a viagem de New York no fim do ano e agora sobre a Pascoa em Paris. Essa ultima eu até comecei, mas a programação por lá foi intensa. Como as laminas ainda estão na superficie, vou me lembrar de quase tudo.

Mas o assunto agora é Lisboa. Escrevi algumas linhas aqui quando passei dois dias na cidade. Cheguei dia 6 e volto 16 pra Dusseldorf. Vim a trabalho já que temos uma filial purtuguesa. No aeroporto uma coincidencia gigante aconteceu. Indo pegar a mala vi o Feijão, de nome Ricardo, vindo na direção contrária. Ele é o baixista que tocou com o Rodrigo Viana, guitarrista fera e meu amigo de Paris, no brunch de domingo passado ao lado da Campos Elisios, avenida famosa da cidade luz. Se tivesse escrito as estorias francesas antes, respeitando a ordem cronologica, essa explicação seria desnecessaria. Perguntei ao Feijão se ele tinha um clone. Disse que tocaria na quarta 7, vulgo ontem, no Cinema São Jorge, Avenida da Liberdade. Trocamos email e telefone e combinei de ver o show. Feijão ja tocou com Deus e o Mundo no Brasil e ao redor do Planeta musica. Gil, Caetano, Elba, Chico, quase todos os sambistas e mestres da MPB e por ai vai. Ja esta na estrada faz tempo e mora em Paris. Parece o Djavan e pretende viver assim para sempre pois faz o que mais gosta.

Fui pesquisar sobre o São Jorge e o lugar é famoso. O mais tradicional cinema da capital lisboeta foi inaugurado em 1950 com avanços tecnologicos raros para a época, tais como ar condicionado, sistema de aspiração interna (o que é isso?!) e um piano eletrico. Era a maior sala de cinema do pais naquele tempo.

Na terca 6 não aconteceu nada demais. Foi um dia meio morto até no trabalho. Compasso de espera aguardando as decisões do cliente num projeto especifico. Escolhe mesa, liga wireless, login, senha, instala impressora (sem sucesso). liga pra Ela, pra mae, pro chefe, conhece os colegas purtugas, vai almoçar e se tem a certeza de que Portugal é o Brasil na Europa, volta e bebe aquele cafezinho delicioso, metro, hotel, banho, cama.

Ontem, 7 de Abril, o dia foi diferente. O sol brilha aqui com uma força inexistente na Alemanha. Entre 20 e 25 graus C é a temperatura ideal para o ser humano viver sem dramas. Ja dizia Maria, uma mulher a quem meu avo e xara Pedro ajudou a Vida inteira através da comunidade São Vicente de Paula, sempre disse isso. Deve ter nascido na Europa em Vidas passadas. Ou deveria viver aqui entre Abril e Setembro e depois se mandar pra algum lugar menos frio.

Havia combinado as 20h com o Feijao no Cinema São Jorge. Passei no hotel pra trocar de roupa e saí pelas ruas. Tinha visto um parque no Gugou maps perto do hotel. Chegando lá, descobri que se chama Eduardo VII. Tem ate um clube de mesmo nome nas imediações com quadras de tenis, piscina, academia, etc. Entrei já perguntando se tinham algum convenio com o hotel onde estou hospedado. Disseram que sim, é so pagar 22 EUR. Ta bom, fica pra proxima. Virei um pão duro ultimamente. Levo garrafinhas d'agua do trabalho pra nao beber as carissimas do frigobar.

Do parque caminhei ate a Praça Marquês de Pombal e atendi o telefone. Era Ela. Perguntava como estavam as coisas, que estava em duvidas entre Oslo e Zurich, mas passaria sobre Lisboa no final de semana e pediria ao piloto para descer e me encontrar. E assim será. Ainda bem. Nao aguento mais de saudades.

A Avenida da Liberdade eu já conhecia da outra vez e resolvi ir por outro caminho, numa rua paralela. As semelhancas entre Portugal e o Brasil sao impressionantes. Vi a pastelaria Leblon e entrei. A TV mostrava Manchester United 3x1 Bayern Munchen. Na Alemanha todos torcem contra os bávaros. Talvez pelo fato de o time ser o mais famoso, respeitado e vencedor do pais. Ia pedir um chopp e um salgado, mas escassas eram minhas opções. Vi os ultimos minutos do 1T e deixei o lugar.

Caminhei em direção ao Bairro Alto, mas nao queria subir muito. Vi a Cinemateca Portuguesa no final de uma rua pacata. A iluminação da fachada chamava os cinefilos. Entrei pela porta lateral, passei batido pela recepção e sai num salao redondo com duas escadas. Num mezanino, conversas, som de copos, seria um vernissage?! Subi os 39 degraus, era esse o nome da sala de exposição, e vi varias fotos em P&B em exibição. Carlos Medeiros apresentava à nata da sociedade purtuguesa sua "Insomnia", assim escrito. Havia vinho branco e canapés. Na fração de segundo seguinte, ambos estavam em minhas mãos. Mais alguns instantes em meu estomago, agora nao mais vazio.

Apreciei as fotos, tecnicamente bem feitas, mas um jogo de luz e sombra com modelos num quarto. Gosto de fotos naturais, com luz e sombra idem. Caminhei por outras salas e vi uma pequena mostra de projectores antigos, dos tempos de Don Pedro. Eram chamados de "Lanterna Magica".


Em outra salinha escondida, um projetor mostrava para o escuro e suas cadeiras vazias o filme The One Man Band de Orson Welles. Sim, ele mesmo. Uma cena noturna interessante acontecia dentre de um carro em movimento. Uma morena vestida de india, alias era uma india mesmo, seduzia um jovem rapazolo. Ambos no banco da frente, ao lado do motorista que tentava segurar o carro na estrada durante um temporal. Um jogo de luz e cores belo e enigmatico acontece e por fim, a india monta em cima do garoto e comeca a cavalga-lo. Os farois dos carros na direção contraria iluminam a cena e o corpo da india em flashes, aumentando a frequencia conforme o ritmo do ato sexual avança. A cena acabou junto com meu vinho.

Devolvi a taça, desci os mesmos 39 degraus, peguei a programação da Cinemateca (sou especialista em acumular papeis, folhetos, folders, brochuras, etc.) e ganhei a rua novamente. Subi um pouco mais e o Bairro Alto me chamando. Resolvi descer, ja que passava das 9. Na ladeira, que lembra muito as cidades historicas mineiras como Diamantina, de tantos carnavais, Ouro Preto e Mariana, havia um boteco. Como sou seduzido imediatamente por locais assim, entrei. Um senhor assistia o jogo numa TV no alto da parede. O dono servia um salgado. Pedi um chopp, depois do vinho nao tem problema, e um salgado. Sentei na cadeira de lata e assisti um pedaco da partida. Era meio triste o lugar. E vazio demais. Paguei e sai. A Liberdade estava logo abaixo, mas antes olhei pra direita e vi essa ruela.


Gosto desses becos misteriosos. Fico pensando na quantidade de pessoas que por ali já passou. No que estavam pensando ou fizeram. Namorados juntos, amantes, esposas e maridos caminhando calmamente, ou brigando e lutando para segurar os filhos inconsequentes e mal educados. As brigas, uma ou outra facada. Os bebados que ali dormiram e foram acordados por cachorros cheirando suas bocas imundas e doces de álcool.

Virei a esquina e no alto da porta dizia Ribadouro Marisqueria e Cervejaria. A filial do paraiso, pensei. O jogo continuava. Enquanto escolhia uma gelada no cardapio, Robben fez 3x2 num golaço pegando de primeira um cruzamento a la Zidane em seus aureos tempos de Real Madrid e fez o gol da classificação germanica. Vi o replay pedindo uma Sagres Bohemia e um sanduba de alcatra. Os lisboetas comem sanduiches com mostarda amarela, mais forte que a do Brasil, mas não tão boa como a de Dusseldorf. Mandei a cerva para o pé - como diz sempre Ramiro Ito, o imperador - paguei, agradeci o atendimento e caminhei ate o São Jorge que ficava logo ao lado.

O relogio marcava 9:45h. Feijão havia dito que tinha um convite pra mim. Subi as escadas e passei pela bilheteria. Algumas pessoas faziam fila pra comprar ingresso. Vi a porta de entrada para o salão do cinema e entrei. Ninguem me pediu nada, não tive culpa. O show já tinha comecado. Achei uma poltrona bem localizada em frente ao palco, a meia altura, e relaxei. Vi que a cantante era Maria de Medeiros, aquela atriz purtuguesa que fez Henry & June, entre outros filmes. Acho que Pulp Fiction tambem. Esse filme é excelente. Henry Miller, o escritor, vive um triangulo amoroso com sua mulher June (Uma Thurman novinha) e Anais Nin, vivida por Maria. Se ainda nao viu, veja.

A rapariga canta bem e em varias linguas. Só faltou russo e mongol. Ingles, portugues, espanhol, frances, italiano, catalão e talvez algum outro dialeto que não reconheci. Feijão era o baixista, um frances pequeno o pianista, um dos bateras era de New Orleans, alma do jazz e o outro de Sampa. Boa musica tocada por quem sabe do riscado. Fiquei curtindo o show de lancamento do CD Peninsulas & Continentes. Quando na minha Vida imaginaria assistir Medeiros em Lisboa?!


Terminado o espetáculo a chusma de gente saiu e ficou esperanto a artista no hall do belo cinema. Uma reporter me perguntou o que eu achei do show. Disse que nem sabia que a atriz tambem cantava, mas que gostei. Ela insistiu e perguntou "Maria atriz ou Maria cantora?!" Falei os dois, mas que deveria voltar a fazer mais filmes... Dali fui até o camarim bater bapo com o Feijão que ja estava de posse de um Jack Daniels. Agradeceu minha visita, disse obrigado pelo convite e rimos da coincidencia. Hoje ele vai tocar em Porto, mas volta a Lisboa dia 14 para outro show dia 15. Mais chopp vem ai.

Voltei ao cinema pra devolver a tulipa que abrigou minha cerva e aproveitei para parabenizar Maria. Disse que nao sabia de suas habilidades vocais em vários idiomas, mas havia apreciado muito. Tiramos uma foto e me mandei. O metrô Avenida me esperava.

Tuesday, April 06, 2010

Calabouço de Corvettes

Lisboa (leia Lixbáua)

Quando estive aqui em Novembro passado vi com meus proprios olhos o ouro das Minas Gerais. A vontade que deu foi de meter a picareta nos altares e levar tudo de volta, mas me contive.

Leocadio, pai de Marinoca, me avisa sobre esse incrivel Calabouço de Corvettes em NYC, cidade que passei a admirar depois da viagem do ano passado.



"Com a revitalização do Brooklyn nova-iorquino, vários edifícios foram reformados e vendidos como habitação. Na garagem subterrânea de um destes, os condôminos encontraram atrás de cercas de arame 36 Corvettes empoeirados, fabricados entre 1953 e 1989.

Estes Vettes estão abandonados desde 1990 e são do pintor de Pop Art Peter Max, que informou que não é um entusiasta de automóveis, nunca teve habilitação para dirigir e comprou a coleção para um projeto de arte."

As fotos sao do Tony Cenicola que trabalha naquele periodico intermitente chamado The New York Times, vulgo The Times.

Sera que algum incauto milionario novaiorquino aparecera para salvar os Vettes da extinçao?! Ou chamaremos o Sr. de azul com capa vermelha deste post?!


E o don Gomes ja tinha dado o "furo" faz um bom tempo...

Sunday, April 04, 2010

Don Fernando

Paris (Leffe = agua mineral)

Alonso comentando o GP da Malaysia:

"Nunca tinha feito uma corrida assim, me adaptando o tempo todo ao carro e mesmo assim fazendo tempos razoáveis. Sei que daqui a alguns dias só lembrarão que tivemos um fim de semana muito ruim. Isso é o que se dirá da porta para fora. Mas da porta para dentro, não. Daqui a alguns anos, quando me perguntarem qual foi a melhor corrida da minha vida e eu responder 'Malásia-2010', me tomarão por louco. Meu câmbio quebrou na volta de apresentação e fiquei sem embreagem o GP todo. Tive que mudar o jeito de frear, improvisar a cada curva."


Genio?! Bem perto disso, eu diria.



Friday, April 02, 2010

Paris panoramica

Paris (um Bordeaux sempre desce bem)

Aproveitando minha breve estada na cidade na Páscoa, que ontem teve uma inusitada participação nas filmagens de um curtíssima metragem pelo Arco de La Defense, Louvre e Montmartre (teclado francès é uma merd), visitem a cidade vocês mesmos neste link.

Dois fotógrafos franceses criaram a maior foto panorâmica do Mundo que é, com 22 bilhões de megapixels, a maior imagem digital já criada pelo Homem na face da Terra em todos os tempos antigos e modernos de que se tem noticia.


Tem um zoom potente onde se pode ver detalhes da cidade e bisbilhotar as janelas alheias. O curioso é que não vi uma pessoa sequer na imagem. Será que foram removidos propositadamente?!

Sobre minha ponta no "filme" de ontem conto depois.

Agora vou ver o que Chagal fez na Opera.