um dos maiores apertos na volta pra düsseldorf. o plano no domingo era ir pra versailles encontrar o casal de amigos, passar o dia e de lá voltar. eu tinha € 20 e ela nada. saindo de casa tentei tirar $$$, mas ela tinha errado a senha do cartao do banco alemao numa outra tentativa e nada. minha conta já tava negativa e ao tentar sacar grana do meu visa (conta brasileira)... necas. o limite estava estourado. voltamos pro ap do cunhado pedindo ajuda. ele tinha apenas € 40, pois precisava dos 20 restantes pra beber cerveja no show do police que iria à noite. assim seguimos pra versailles com € 60 e 1/4 de tanque no Waltinho.
belíssimo dia, encontro agradável com o casal de amigos, etc.. o curioso é que deviamos pagar € 6 cada na entrada nos jardins do chateau de versailles, mas o marquinhos meu amigo me passou os tickets dele. eu e ela entramos de graca. em outro momento, sentamos num restaurante pra beber uma cerva. os garcons foram tao lerdos que levantamos e fomos embora, ou seja, gasto zero. saímos lá pelas 17h, deixei o marquin e a flavinha na porta da estacao do RER e partimos pra aventura até düsseldorf.
peguei a autobahn francesa no sentido charles de gaulle e no 1° posto abasteceria 20 lts. entrei num posto subterrâneo na avenue foch, uma das que termina no arc du triumph. gastei € 28, restando 32. o pedágio custaria € 12,40, ou seja, na verdade tínhamos ~ € 20 com 3/4 de tanque no momento pra fazer 500 km. na estrada fui guiando com a rotacao controlada até no máximo a quarta luzinha verde do conta-giros digital e moderníssimo de Walter pra consumir o mínimo de combustível. lá pelas tantas, reduzi a marcha ficando entre a terceira e segunda luzinhas, mas o ideal mesmo seria ficar na primeira. a velocidade era entre 80-90 km/h e tinha carro que mesmo eu estando na terceira faixa da direita, ainda piscava farol. comecei a preocupar.
a "benzin" foi baixando vagarosamente. pagamos o pedágio qdo lembrei que nao tinha mais óleo 2T. um frasco custa ~ € 10,20... restando apenas outros € 10 pra gasolina. impossível chegar até düsseldorf. guiando no máximo de controle das rotacoes possível, aproveitando os raríssimos declives pra ir na banguela, sempre seguidos por suaves aclives na mesma proporcao, paramos num posto ainda na franca. pensamos até em surrupiar um frasco de óleo levando-o até o banheiro, tirando um copo de 200ml e abastecendo pelo menos 10 lts, mas achamos melhor nao fazer. ela falava o tempo todo que estávamos juntos e tudo daria certo. raramente fico tenso ou preocupado em situacoes desse tipo. procuro sempre pensar na solucao do problema, mas dessa vez nao tinha muita saída. já pensava em dormir no waltinho em alguma cidade e em ligar pro luiz amigo meu pedindo pra transferir grana pra minha conta. grana essa que só cairía no dia seguinte, segunda, na melhor das hipóteses.
o problema era chegar até aachen. pisando o mínimo, entre a segunda e primeira luzinhas verdes da rotacao, seguimos rezando. agora a nao mais que 80km/h. já passava das 22h e sinceramente pensei no pior: ficar no meio da estrada sem gasolina. isso dá multa na alemanha. e pensava tb no forno de € 35 q compramos no sábado num marché perto da casa do cunha. tava barato demais, hehe. dois inconsequentes completos. Walter tinha 2/5 do tanque qdo saímos do posto pra fazer pouco mais de 110km até aachen. pensei comigo: "esse carrinho é foda e nao vai deixar a gente na mao." até mesmo porque, ele era o único que nao tinha culpa na história. os kms foram passando lentamente. eu apertava a mao dela, a tensao crescia e novas solucoes surgiam. finalmente vimos placas indicando aachen, mas se errássemos o caminho, estaríamos perdidos.
encontramos a entrada da cidade e chegamos direto na Hbf, a estacao principal. paramos Walter, tiramos o laptop do porta-malas e fomos conferir que horas seria o próximo trem. a idéia era chegar em düsseldorf, pegar os € 200, voltar no 1° trem pra aachen e resgatar Waltinho. passava da meia noite e o próximo trem seria às 2:55 da manha... pelamordedeus. e tudo isso sem comer, já que tínhamos tomado café da manha às 11h na casa do cunha e nada mais. nem água pra beber tinha. vimos que nao havia nada a fazer a nao ser esperar o trem. ela ainda disse: "vamos tentar tirar o mínimo de $$$ possível em todos os cartoes." o dela tava bloqueado. o meu do deutsche bank tava negativo. só restava o visa estourado. tentei € 20. momentos de expectativa e tensao durante o processamento da operacao. o barulhinho característico do cascalho vindo ecoou e pulamos de alegria e alívio. VINTE EUROS, hahahahahahaha!!! Walter estava com a luzinha vermelha de combustível, mas em momento algum ela ameacou piscar. voamos pro carro, nao sem antes perguntar aos taxistas da Hbf onde ficava o posto mais próximo. ela se lembrou de ter visto um na descida até a cidade. fizemos o caminho contrário e chegamos no posto aral, com luminosos azuis. abasteci com 10 lts + 200ml de óleo. isso seria mais que suficiente pra fazer os quase 100km restantes até düsseldorf.
já aliviados fomos pensando na conjuncao de fatores q nos levaram a essa situacao de penúria e desespero. se tivéssemos pago as entradas dos jardins de versailles, bebido aquela cerva que os garcons lerdos se recusaram a servir, comido algo antes de pegar estrada... tudo isso seria nosso fim. fui controlando a rotacao de Walter, mas nao tao preocupado como antes. sabia que ia dar. chegamos em casa, varados de fome, mas aliviados. fomos dormir lá pelas 2:30h da manha. faltariam 25min. pra pegar o trem em aachen e ainda teria que voltar pra buscá-lo. essa epopéia nao terminaria antes das 6h da matina da segunda-feira. e eu tendo que trabalhar às 8:30h.
no sábado anterior, nosso primeiro programa em Paris havia sido uma visita à Chapelle Notre Dame de la Medaille Miraculeuse. ela carrega uma medalhinha e prometeu visitar a igreja toda vez que vier a Paris. eu também pretendo visitar a medalha milagrosa... SEMPRE!
4 comments:
Fantástica história. torci para vocês chegarem logo em Aachen. Ainda bem que tudo deu certo. Parabéns pelo blog.
foda hein...
ainda queima o filme do cunhado...so pq comeca com cu? francamente.
a cerveja no show do police custava 4 euros. dei uma nota de 20 e o cara me voltou 18. ou seja,
rolava de te emprestar mais 15, pq ainda sobrava pro mc donalds do after show;hehehe
agora aqui, num e que ce tem talento mesmo, rapa?
abs
depois da tempestade vem a bonanca.
Muito massa a história! Realmente tensa essa viagem de volta, imagino como nao seria em um Trabi... hehehe Abracao!
Post a Comment