Thursday, February 28, 2008

London-Bratislava

Düsseldorf (4 dias sem escrever...)


Estava eu organizando minhas coisas aqui no trabalho e encontrei o texto abaixo, escrito à mao de dentro do aviao:

"13.12.04 London-Bratislava
Tenho medo de aviao! Na decolagem principalmente. Pra descer demora mais, mas pra mim é tranquilo, sei que o sofrimento estará comecando a acabar. No comeco é agonia, mas já foi pior.

A vista lá fora é belíssima quando se atinge a altitude normal de vôo. Um mar de algodao. Parece que estamos numa gigantesca geleira, ou mesmo uma tigela de glacê colossal e sem fim.
Qualquer som indicando perda de potência me assusta. Um movimento suave para cima ou para baixo me gela a espinha. Sei lá se o piloto é trainee, se está de ressaca, se a mulher dele dormiu de calca jeans ontem, ou mesmo se é barbeiro.

Por via das dúvidas, rezo sempre duas Ave Marias e dois Pai Nossos. Além da protecao de aura e pedidos ao meu avô Pedro, vovó Ermíla, Clerinha e Dona Apolicena Barbosa.

Outra coisa que me amedronta sao os ventos lá fora. E as avenidas de tráfego aéreo... será que sao bem sinalizadas?! Algumas tem buracos enormes que eu sei. Um (futuro) piloto conhecido meu disse que o piloto só entra em acao na decolagem, mesmo assim muito pouco. O resto é automático. Automático COMO?! Entao minha Vida e a dos demais passageiros fica nas maos de uma máquina?! Ou de várias que nem sei a origem, funcao, vida útil, manutencoes recentes, etc...

Daqui a pouco chego em Vienna. A aeromoca falou que o vôo iria durar aproximadamente 2 horas, 5 min. e 10 seg. até Bratislava. Corto o cabelo e vou pra TU (Technische Universität Wien) organizar o dia de amanha.
Ou entao vou pro Gasometer (onde eu morava) fazer compras e depois pra TU. 

Vou dormir agora.

See ya! Nos vemos! Papatki

Next trips:
Wroclaw (party)
Pécs (reveillon)
Malta ou Barcelona (29.01)
Praha (Fev.)
Ljubiana (Fev/Mar)
Budapest (Mar)
Zagreb (Apr)
Katmandú (May)

Esse medo de aviao é bem menor hoje em dia, mas ainda existe. Ainda conto aqui a primeira vez que andei de aviao. Companhia aérea Taba, rumo a Porto Seguro na Bahia. Uma comédia.

E é evidente que nao fiz todas essas viagens “programadas”. A bolsa do Doutorado nao era tao boa assim e sou meio megalomaníaco. Katmandú ainda é um sonho a ser realizado.

Sunday, February 24, 2008

Fotos espetaculares

Düsseldorf (Ela foi correr)

Hope

















Footbridge to Heaven

















Waste of Energy













Mundo maravilhoso e cruel esse nosso.

Oscar 2008

Düsseldorf (Jetzt: Wolkig, 11° C = agora: nublado. Vai chegar a 20° C essa semana)

Vamos aos meus palpites dos melhores:

filme: There will be blood
ator: johnny depp
atriz: ellen page
diretor: irmaos coen
estrangeiro: Beaufort, de Israel

nao vi nenhum. outro dia vi "Colour me Kubrick" com o fantástico john malkovich. o cara simplesmente encarnou o impostor que se fez passar pelo famoso diretor em London. aproveitava-se da Vida reclusa de Kubrick, ausência de entrevistas e aversao a fotos.

Friday, February 22, 2008

Bela Alfa

Düsseldorf (quero uma!!!)

































Maravilhosa a Alfa 8C Competizione, lancada recentemente. No Best Cars tá cheio de informacoes e mais fotos aqui no site da própria Alfa (em Press Archive clique em Show gallery, marque a 8C Competizione e clique em Show selected gallery).

Meu tio teve uma Alfa, daquelas fabricadas no Brasil nos anos 80. Era carro de rico, imponente, resistente e andava muito.

Mandei email perguntando se poderia fazer um test drive e que estava interessado em comprar uma. A resposta educada disse que já venderam todas, mas que fabricarao a versao Spyder em breve. Nao disse o preco, mas dirigir la macchina nao é possível.

Reginaldo Leme

Düsseldorf (greve da VRR. nao temos U-bahn nem Straßenbahn. ainda bem que tenho bike!)

Excelente a entrevista do companheiro de Formula 1 do Galvao Bueno por tanto tempo na Globo (parte 1 e parte 2 no Grande Prêmio).

Entre outras revelacoes, ele conta a briga com Senna e com o Galvao por tabela. Tudo fruto de informacoes erradas e falsas interpretacoes. E também de egos muito grandes e falta de humildade.

Fala muita coisa do Piquet nos primeiros títulos e de como sua carreira se desenvolveu. Prost e Stewart sao ídolos e era amigo de ninguém menos que George Harrison, o Beatle.

No fim ele promete um livro contando tudo que viveu nos bastidores dos circuitos e paddocks mundo afora. Maos à obra Reginaldo.

Wednesday, February 20, 2008

VELOZ-HP, o Cavaleiro Solitário

Düsseldorf (ouvindo Moby)










Essa tal internet é uma coisa muito louca mesmo. Como pode você ficar triste ou sentir a falta de alguém que nem ao menos conheceu pessoalmente?! Uma pessoa que nao sabia que você o conhecia. Alguém com quem você nunca trocou sequer um email. Pois é, isso aconteceu comigo e mais um monte de gente que frequenta o Blig do meu amigo e jornalista Flávio Gomes.

 
VELOZ-HP era humano de carne e osso. Se foi ontem. Era fanático pelas duas rodas e por automobilismo. Conhecia profundamente os segredos dos carros de corrida e das motos. Assinava e comprava diversas revistas e livros, nacionais e estrangeiros. Chamava-os de o “monte” quando passava em sua livraria preferida para buscá-lo toda semana. Tinha uma vasta biblioteca, perfeitamente organizada.

Inspirou o personagem Leandrov Alfonsov da sessao Ladaland no mesmo Blig (Leandro Peduto Alfonso, seu verdadeiro nome). Era um amigo virtual. Fonte de conhecimentos inesgotável.

O Mundo vai ficando cada vez mais louco. As pessoas boas se vao. As ruins ficam. A sensacao de que tudo piora só aumenta a cada dia.

E a diferenca entre Vida real e virtual é cada vez menor, mas os sentimentos continuam os mesmos. Pelo menos os meus.

Tuesday, February 19, 2008

Concerts in Deutschland 2008

Düsseldorf (sol rachando, frio de 3° C)

A vantagem de morar na Europa é a quantidade e qualidade de shows num espaco curto de tempo. Da metade de Mar até 12Jul poderei assistir aqui e em cidades próximas às bandas:
the cure – köln, 16Mar
black crowes – amsterdam, 11Apr (sold out, ausverkauft)
velvet revolver – köln, 12Apr
the police – düsseldorf, 08Jun (eu vou!)
rage against the machine – berlin, 10Jun
bruce springsteen – düsseldorf, 16Jun
foo fighters – düsseldorf, 18Jun
jack Johnson & g. love – 12Jul
O Police veio em outubro passado aqui, mas cancelaram 3 shows, o de Düsseldorf tava no meio. Sting pegou uma infeccao na garganta e nao pode cantar. Quando acabar a tour, voltam aqui.
Seguem videos dos Crowes, Velvet e Rage pra comecar a sessao musical desse ßlog que ainda engatinha.

"sometimes salvation" - the black crowes

“killing in the name” - rage against the machine


ps. tem também a banda inglesa Porcupine Tree, mas outro dia conto a história deles.

Monday, February 18, 2008

Philip Roth é ATLETICANO!!!

Düsseldorf (Now: Sunny, 5° C)


Acabo de ler a ótima entrevista que Mr. Roth deu à Der Spiegel traduzida para o UOL (Parte 1 e parte 2, exclusivo para assinantes).
Entre outras coisas, ele também acha o Bush o pior presidente da história americana (grande novidade), mas diz o porque: o cinismo absoluto ao entrar na guerra, o desprezo pelas Vidas dos soldados americanos e o Tesouro, claro. Além da atitude de indiferenca em relacao ao aquecimento global e a qualquer tentativa de solucionar o problema. Fingindo de égua, como se diz. Ele vai votar no Obama, o negao que pode mudar a História dos EUA.
Sobre a Vida de escritor, revela fatos curiosos no processo de criacao. As frustacoes com a primeira versao, o processo doloroso de escrita, falta de organizacao, idéias que aparecem e somem e sobre sua Vida reclusa no campo. Quando Philip escreve um livro, este nunca o abandona.
Ao iniciar um novo, considera-se um amador já que ninguém nunca escreveu sobre o assunto. A dificuldade é sempre a mesma, apesar da experiência anterior. O medo de nao ser capaz de escrever outro livro ao terminar o atual está sempre presente. Perguntas como “O que é que eu escrevo afinal? O que há para ser escrito?” sao frequentes, mesmo assim um livro novo sai em outubro agora. Disse que tenta escrever uma página por dia. Nesse ritmo, em 1 ano tem 365.
“Sempre tento fazer com que haja algo acontecendo no livro além da história principal.”
Nas nossas Vidas também é assim: sempre acontece alguma coisa além das nossas histórias principais.
Um dia me mudo para o campo e viro escritor.
ps. O entrevistador pergunta se depois de uma certa idade, ele se permite mais liberdade:
“Eu trabalho a maior parte do dia. Em um determinado momento paro para me exercitar e vou a uma piscina no Clube Atlético de Nova York. Quatro vezes por semana. É maravilhoso.”

Friday, February 15, 2008

Kubrick e Napoleao

Achei o roteiro do filme nunca realizado por ele neste site. Tem tudo na rede, impressionante. Vou ler e comentar depois.
Kubrick era conhecido por ser perfeccionista-compulsivo. Filmava e refilmava a mesma cena 300 vezes até esgotar atores e equipe.
Em Napoleon, montou uma equipe de historiadores catalogando e registrando cada HORA da Vida do pequeno general francês. A riqueza de detalhes era assombrosa, mas o filme era inviável comercialmente.
Uma vez fui numa exposicao do Kubrick em Berlin, ali perto da potsdamen platz. Era num museu que nao me lembro o nome, só sei que fica ao lado da Topographie des Terrors que nem sei se existe mais. Cada sala mostrava um filme com cenário e figurinos e ainda um monitor grande com cadeira de diretor em frente para que as pessoas assistissem as cenas. Os mais legais eram na Laranja mecânica e 2001.

MAD

Tenho vários exemplares dessa revista guardados em algum lugar na casa dos meus pais em BH. Gostava do spy vs. spy, don martin era um louco e os livrinhos de al jaffé com as indefectíveis “respostas cretinas para perguntas imbecis” era hilário. Fui pesquisar e estao na edicao #486. quando pisar no brasil vou procurar.
Tenho o #1 da última série. Nem sei em qual nr. está no Brasil. Aliás, nem sei se ainda publicam a revista. Me lembro de uma com o safado do maluf na capa, acho que é a tal #1.
E tinha as tirinhas do aragonés também, bem pequenas espalhadas pelos cantos da revista.








As famosas tirinhas do Aragonés.

Thursday, February 14, 2008

Momento decisivo

Düsseldorf (1°C, light fog)

Cartier-Bresson: o elogio do olhar

 

Qual a importância da fotografia na cultura contemporânea? A fotografia é um meio artístico capaz de revelar o inexprimível? Qual o mundo imagético é digno de duração? Hoje vemos a proliferação de imagens sem sentido. Imagens repetitivas que nascem com os mecanismos de simulação. A realidade se tornou hiperrealidade. Será que estas imagens conseguem mostrar o interior das pessoas, das coisas, das paisagens? A fotografia contemporânea se propõe a ser testemunha do inexprimível. Mas como dizer o indizível? Talvez seja impossível para uma arte de representação que nasceu da vontade de revelar as aparências. A arte é um sistema de signos e sua função consiste em buscar o significado das coisas; materializar o mundo. A arte não comporta as aparências.

A fotografia (imagem) é um elogio do olhar. Narra a arte da ilusão. Henri Cartier-Bresson, artesão da imagem, fundador de um estilo geométrico e humanista, ao capturar a imagem, repara o momento exato em que as pessoas ou coisas se mostram por inteiro, e nos faz ver algo que até então era desconhecido, ou que havíamos entrevisto com os olhos embaçados pela pura e simples realidade.

Bresson, último mito da fotografia, diz que "o aparelho fotográfico é um caderno de croquis, instrumento da intuição e espontaneidade, o mestre do instante que, em termos visuais, questiona e decide ao mesmo tempo. Para revelar o mundo, é preciso sentir-se implicado no que se enquadra através do visor". Para ele somente duas coisas o interessam: o instante e a eternidade. Talvez o maior segredo da obra de Bresson seja a idéia de colocar no mesmo ponto de mira, a cabeça, o olho e o coração. Para Bresson a emoção é fundadora da razão.

O fotógrafo fez de sua câmera Leica uma extensão do seu olho. Um olho que captou composições no breve intervalo do tempo e "apanhou a vida no laço", expressando a emoção e não a visualidade banal do sentimentalismo ou do sensacionalismo. Bresson vivia "tocaiando seres humanos como um caçador tocaia animais", escreveu John Berger. Nos seus instantâneos nota-se as regras básicas do fotógrafo: concentração, disciplina de espírito, sensibilidade e senso de geometria.

Bresson tem a noção exata do "momento decisivo" para capturar a imagem. No prefácio de seu ensaio sobre o momento decisivo, publicado em 1952, ele anota que "alguém entra repentinamente no seu campo de visão. Você começa a seguir essa pessoa através do visor da máquina. Você espera, espera, e finalmente aperta o disparador - e sai com a sensação (embora não saiba exatamente por quê) de que realmente pegou alguma coisa".

O momento decisivo é uma fração de segundos em que os personagens em movimento adquirem um equilíbrio geométrico. Ele considera "a atenção e a antecipação do momento decisivo", o instante único quando a imagem pode ser roubada do tempo, como uma ocupação que o fotógrafo deve adquirir naturalmente, como a arte do arco-e-flecha de um mestre zen, que se transforma no alvo para poder atingi-lo.

Em Tête à Tête: Retratos de Henri Cartier-Bresson (Companhia das Letras), o fotógrafo apresenta uma coletânea de retratos e desenhos a lápis que exploram a paisagem variada do rosto humano. Ele não recorre a artifícios de composição, mas busca nos retratados os traços expressivos. Revela o silêncio dos retratados; amplia o humor desconcertante de Saul Steinberg com o gatinho, a face existencial de Giacometti e Beckett, a alegria contagiante de Che, a sombra infinita de Erza Pound, a solidão de Sartre em Paris. Bresson retrata a época em que viveu e, por isso, nos oferece uma profunda investigação da nossa permanência no mundo. Suas imagens, em estado de graça, dotadas de densidade e história, revelam as coisas vividas. Para ele, fotografar é olhar de verdade para o mundo. Sua arte é um tributo ao ser humano.

O fotógrafo aventureiro
Henri Cartier-Bresson
, francês, nascido em 1908 (e morto neste ano) se autodenominava foto-jornalista. Mas poucas fotos de sua autoria tratavam de fatos jornalísticos, num sentido convencional. Fotografou mais entre a década de 30 e os anos 70. Estudou pintura com o cubista André Lhote. Em seguida estudou cinema nos EUA com Paul Strand e depois trabalhou como assistente de Jean Renoir, no filme "A Regra do Jogo".

Bresson começa a fotografar em 1932, com fascínio tanto pelo Surrealismo - "sua ética mais que sua estética" - como pela ebulição política na França que acabou na Frente Popular contra o fascismo. "O aventureiro em mim sentiu-se obrigado a registrar com um instrumento mais rápido que um pincel as feridas do mundo".

O fotógrafo foi preso em 1940 pelo exército alemão em Paris. Fugiu e continuou a fotografar a "resistência" para revistas como Life. No final da Segunda Guerra, fundou com Robert Capa, David Seymour-Chim e George Rodger a agência de fotografias Magnum e passou duas décadas seguintes em missão, testemunhando as revoluções que assolaram a China e a Índia. Suas fotos, tiradas com a lendária Leica 35mm, comentam os eventos e personagens mais singulares deste século. Em 1954 tornou-se o primeiro fotógrafo ocidental a entrar na União Soviética após a distensão promovida por Nikita Kruschev. Em 1966 desliga-se da agência Magnum e passa a dedicar-se exclusivamente ao desenho e à pintura.

Bresson anotou em 1992 que "a fotografia é um impulso espontâneo de uma atenção visual perpétua, que captura o instante e sua eternidade. Já o desenho elabora por sua grafologia o que nossa consciência captura desse instante. A foto é uma ação imediata; o desenho uma contemplação".


Belo Horizonte, 4/10/2004

Tuesday, February 12, 2008

Clientela satisfeita

Düsseldorf (mais um dia maravilhoso, sem nuvens. viva a Alemanha, hahahaha!!!)

Li outro dia que o segredo de um ßlog de sucesso é mantê-lo atualizado, postando regularmente. nada mais óbvio. o difícil é justamente isso: assuntos que fazem as pessoas ler, voltar, divulgar, comentar e salvar seu ßlog nos favoritos.

o próximo passo é fazer a procura do Gugou me listar como primeira opcao após uma busca, digamos, por "truta", ou "pedro bresson", ou sei lá mais o que. acho que palavras-chave funcionariam bem nesse caso.

vamos aprendendo e devagar esse ßlog vai crescendo.

Friday, February 08, 2008

Onde vamos parar?!

Düsseldorf (sem nuvens, coisa rara)
 

1950: pós guerra. Insatisfacao com padroes da sociedade. Nao à Vida medíocre e superficial. Busca por sensacoes novas. BEATNIK
1960: Peace and love. Respeito. Revolucao sexual. Liberdade de expressao. HIPPIE
1970/80: DIY – Do it yourself. Anarquismo. Movimento underground. Aparência agressiva. Sarcasmo. PUNK
1989: Queda do Muro de Berlin. Revolta na Praca da Paz Celestial
1990: Conformismo. Novo milênio causa apreensao. Globalizacao. Rio 92 e protocolo de Kyoto. Preocupacao mundial com o meio ambiente.
2000: era de Aquário (eu sou de Aquário!). sem guerras. Auge das raves. Encontro de tribos. Better life in the new millenium?! Protocolo de kyoto é quase assinado. Indústrias bélicas e petrolífera perdendo poder.
2001: atentado 11/09. guerra no afeganistao. Interrupcao da onda pacifista e ambientalista.
2007: aumento da temperatura global. Inversoes climáticas. Altos níveis de gases poluentes. Enchentes. Caos socioambiental. AMAZON GUARDIANS. AGAINST GLOBAL WARMING.
2008: quem viver verá!

Fonte: OSKLEN

Friday, February 01, 2008

a volta de Paris

düsseldorf

um dos maiores apertos na volta pra düsseldorf. o plano no domingo era ir pra versailles encontrar o casal de amigos, passar o dia e de lá voltar. eu tinha € 20 e ela nada. saindo de casa tentei tirar $$$, mas ela tinha errado a senha do cartao do banco alemao numa outra tentativa e nada. minha conta já tava negativa e ao tentar sacar grana do meu visa (conta brasileira)... necas. o limite estava estourado. voltamos pro ap do cunhado pedindo ajuda. ele tinha apenas € 40, pois precisava dos 20 restantes pra beber cerveja no show do police que iria à noite. assim seguimos pra versailles com € 60 e 1/4 de tanque no Waltinho.

belíssimo dia, encontro agradável com o casal de amigos, etc.. o curioso é que deviamos pagar € 6 cada na entrada nos jardins do chateau de versailles, mas o marquinhos meu amigo me passou os tickets dele. eu e ela entramos de graca. em outro momento, sentamos num restaurante pra beber uma cerva. os garcons foram tao lerdos que levantamos e fomos embora, ou seja, gasto zero. saímos lá pelas 17h, deixei o marquin e a flavinha na porta da estacao do RER e partimos pra aventura até düsseldorf.

peguei a autobahn francesa no sentido charles de gaulle e no 1° posto abasteceria 20 lts. entrei num posto subterrâneo na avenue foch, uma das que termina no arc du triumph. gastei € 28, restando 32. o pedágio custaria € 12,40, ou seja, na verdade tínhamos ~ € 20 com 3/4 de tanque no momento pra fazer 500 km. na estrada fui guiando com a rotacao controlada até no máximo a quarta luzinha verde do conta-giros digital e moderníssimo de Walter pra consumir o mínimo de combustível. lá pelas tantas, reduzi a marcha ficando entre a terceira e segunda luzinhas, mas o ideal mesmo seria ficar na primeira. a velocidade era entre 80-90 km/h e tinha carro que mesmo eu estando na terceira faixa da direita, ainda piscava farol. comecei a preocupar.

a "benzin" foi baixando vagarosamente. pagamos o pedágio qdo lembrei que nao tinha mais óleo 2T. um frasco custa ~ € 10,20... restando apenas outros € 10 pra gasolina. impossível chegar até düsseldorf. guiando no máximo de controle das rotacoes possível, aproveitando os raríssimos declives pra ir na banguela, sempre seguidos por suaves aclives na mesma proporcao, paramos num posto ainda na franca. pensamos até em surrupiar um frasco de óleo levando-o até o banheiro, tirando um copo de 200ml e abastecendo pelo menos 10 lts, mas achamos melhor nao fazer. ela falava o tempo todo que estávamos juntos e tudo daria certo. raramente fico tenso ou preocupado em situacoes desse tipo. procuro sempre pensar na solucao do problema, mas dessa vez nao tinha muita saída. já pensava em dormir no waltinho em alguma cidade e em ligar pro luiz amigo meu pedindo pra transferir grana pra minha conta. grana essa que só cairía no dia seguinte, segunda, na melhor das hipóteses.

pensei tb em contar com a ajuda do francês atendente do posto, perguntado se poderia transferir a grana da gasosa pra ele no dia seguinte, deixando meu passaporte ou qualquer coisa de valor, vindo buscar depois. o cara só falava francês e acabou fechando um vidro de seguranca na frente do caixa, conversando através de um auto falante... FDP. bem, comprei o óleo (€ 10,20) e juntado todas as moedas possíveis, conseguimos colocar quase 5 lts (pouco mais de € 7). na melhor das hipóteses, se Walter fizesse 20 km/lt andaríamos 100km chegando até aachen, já na alemanha na tríplice fronteira entre bélgica e holanda. no caminho, rezando e pensando, ela lembrou que seu ticket de transporte valia até aachen. deixaríamos walter na rua e pegaríamos um trem até düsseldorf. lá em casa, € 200 repousavam tranquilos no armário. era uma grana do escritório de advocacia onde ela trabalha em köln (colônia), a serem devolvidos na terca.

o problema era chegar até aachen. pisando o mínimo, entre a segunda e primeira luzinhas verdes da rotacao, seguimos rezando. agora a nao mais que 80km/h. já passava das 22h e sinceramente pensei no pior: ficar no meio da estrada sem gasolina. isso dá multa na alemanha. e pensava tb no forno de € 35 q compramos no sábado num marché perto da casa do cunha. tava barato demais, hehe. dois inconsequentes completos. Walter tinha 2/5 do tanque qdo saímos do posto pra fazer pouco mais de 110km até aachen. pensei comigo: "esse carrinho é foda e nao vai deixar a gente na mao." até mesmo porque, ele era o único que nao tinha culpa na história. os kms foram passando lentamente. eu apertava a mao dela, a tensao crescia e novas solucoes surgiam. finalmente vimos placas indicando aachen, mas se errássemos o caminho, estaríamos perdidos.

encontramos a entrada da cidade e chegamos direto na Hbf, a estacao principal. paramos Walter, tiramos o laptop do porta-malas e fomos conferir que horas seria o próximo trem. a idéia era chegar em düsseldorf, pegar os € 200, voltar no 1° trem pra aachen e resgatar Waltinho. passava da meia noite e o próximo trem seria às 2:55 da manha... pelamordedeus. e tudo isso sem comer, já que tínhamos tomado café da manha às 11h na casa do cunha e nada mais. nem água pra beber tinha. vimos que nao havia nada a fazer a nao ser esperar o trem. ela ainda disse: "vamos tentar tirar o mínimo de $$$ possível em todos os cartoes." o dela tava bloqueado. o meu do deutsche bank tava negativo. só restava o visa estourado. tentei € 20. momentos de expectativa e tensao durante o processamento da operacao. o barulhinho característico do cascalho vindo ecoou e pulamos de alegria e alívio. VINTE EUROS, hahahahahahaha!!! Walter estava com a luzinha vermelha de combustível, mas em momento algum ela ameacou piscar. voamos pro carro, nao sem antes perguntar aos taxistas da Hbf onde ficava o posto mais próximo. ela se lembrou de ter visto um na descida até a cidade. fizemos o caminho contrário e chegamos no posto aral, com luminosos azuis. abasteci com 10 lts + 200ml de óleo. isso seria mais que suficiente pra fazer os quase 100km restantes até düsseldorf.

já aliviados fomos pensando na conjuncao de fatores q nos levaram a essa situacao de penúria e desespero. se tivéssemos pago as entradas dos jardins de versailles, bebido aquela cerva que os garcons lerdos se recusaram a servir, comido algo antes de pegar estrada... tudo isso seria nosso fim. fui controlando a rotacao de Walter, mas nao tao preocupado como antes. sabia que ia dar. chegamos em casa, varados de fome, mas aliviados. fomos dormir lá pelas 2:30h da manha. faltariam 25min. pra pegar o trem em aachen e ainda teria que voltar pra buscá-lo. essa epopéia nao terminaria antes das 6h da matina da segunda-feira. e eu tendo que trabalhar às 8:30h.

no sábado anterior, nosso primeiro programa em Paris havia sido uma visita à Chapelle Notre Dame de la Medaille Miraculeuse. ela carrega uma medalhinha e prometeu visitar a igreja toda vez que vier a Paris. eu também pretendo visitar a medalha milagrosa... SEMPRE!