Monday, August 29, 2011

Dica do Dia

Düsseldorf (Ela tá em Berlin...)

A de hoje foi enviada pelo Cid que, além de fanático pelo Lula e Dilma, também entende um pouco de aviao e energia elétrica. E gosta de vale-tudo.

Um giro de 360° pelo Cristo sob vários ângulos: ombro direito, esquerdo, cabeca e por aí vai. Trabalho fantástico do fotógrafo Marco Velasquez e equipe.

O Redentor sempre fascinou. Pela religiao. Pela dificuldade na construcao. Pelo significado histórico e turístico. Pela beleza única da vista carioca.

Acho que já contei aqui uma vez sobre o dia em que dormi aos pés dele. Se já contei, conto de novo. Alberto, Franja e eu voltávamos da balada quando resolvemos parar numa padaria em Copacabana. Após alguns mistos no pao francês e vitaminas anti-ressaca um de nós falou: vamo pro Cristo?! Pulamos no carro, um Celta azul dos primeiros que saiu, e lá fomos nós. Ao som da brisa matinal e das pancadas da cabeca do Franjinha no vidro, já no décimo sono, Albertiones e eu chegamos no portao de entrada. Era 6 e meia da matina e as visitas comecariam apenas às 8 e meia. Negociamos com o guarda, que viu dois distintos jovens nada bêbados e com cara de cachorro sem dono, e acabamos entrando.

Outro carro já tinha passado e lá em cima, apenas um Santana vinho e o Celtinha ocupavam as vagas mais altas das ruas do Rio de Janeiro. O céu alaranjado, vermelho e amarelo era só mais um componente na vista espetacular. Ficamos tentando descobrir o nome das ruas de Botafogo e dos outros bairros e o que as pessoas faziam no momento. Nas favelas, apartamentos, calcadas, bares ainda abertos, padarias já funcionando. Uns poucos aposentados entao acordados na fissura de comprar O Globo e fazer a caminhada dominical na praia. Outros jovens e uns nem tanto matando a ressaca pela raiz nas lanchonetes. Barcos distantes, às vezes apenas pontos de luz. Transatlânticos e pescadores. Todos dividindo o mesmo balanco das águas. Um mergulho ou outro no mar renovado pela noite.

A gente ali, apenas vivendo. E o Franja babando no carro e se tornando o único cara da face da Terra que já foi ao Corcovado e nao viu o Cristo.

A trupe de paulistas do Santana foi embora. Nao trocamos uma palavra sequer. Aliás, ninguém falou nada. O cansaco bateu. O céu comecou a azular. Os bracos abertos pareciam aconchegantes o suficiente para uma soneca. Alberto, antes de encostar a cabeca no chao, já roncava em alto e bom som. Imaginei o Redentor levando o indicador no meio da boca pedindo silêncio. Deitei também. E dormi.

Acordamos lá pelas 9h da manha com o som dos passos apressados. Turistas desesperados pela chapa perfeita. Pela foto exclusiva, sem "estranhos" ao redor. E nós, apenas bocejando e pensando no que havíamos visto, levantamos, sacudimos a poeira imaginária e seguimos em direcao ao carro.

A volta em silêncio, a nao ser pelas cabecadas no vidro que chegou trincado na Barra, parecia eterna. Os dois ficaram no carro em plena manha do verao de 2003 após uma noite no Rock in Rio. Sol quase a pino. Subi. Vi um colchao esticado, roupa de cama limpinha e o ar ligado. Antes de encostar no travesseiro já estava sonhando. Paisagem perfeita.

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