Beaga (Galo respira)
Era pra escrever sobre don Diego Armando Maradona que apagou 50 velinhas dia 30 ultimo, mas contratempos me impediram.
Escrevo do quarto 555 de um hospital conceituado na capital mineira. Hospital eh ao mesmo tempo uma merda e bom demais. 555 em alemao eh funf hundert funfundfunfzig.
Eh uma merda por causa da sensacao de impotencia, pelo desconhecimento da medicina, pela cara de bunda de algumas enfermeiras, pelo clima de doenca e sofrimento no ar, por ver quem voce gosta sofrendo e nao poder fazer nada, pelo desconforto causado em todos e por ai vai. Nossas Vidas comecam e terminam num hospital e ja passamos pela primeira parte. Se voltamos eh por que algo de ruim esta pra acontecer. Infelizmente eh a ordem natural da Vida.
E um hospital eh bom demais exatamente pela medicina e seus avancos, pela simpatia e atencao de algumas enfermeiras, pelo cuidado e bom humor do jovem medico - que resolveu o problema - pelo quarto amplo e confortavel, por ser um medidor de carinho, se eh que existe um, para um ente querido, meu pai no caso. Eh bom tambem pela lanchonete que fica aberta ate as 7h de domingo e que tem um pao de queijo e uma coxinha com catupiry muito boas, pela TV onde pude ver ontem o treino da F1 e agora os jogos do campeonato brasileiro (apesar dos 50 reais de caucao e da diaria de 7 e alguma coisa), pelas comidas que as visitas trazem e pelo bom humor e a emocao do meu pai a cada historia lembrada ou piadas contadas.
Eu voltaria amanha pra Alemanha e para os bracos dEla, minha amada e adorada esposa, mas troquei pra sexta que vem. Chefe compreensivel eh outra coisa, ainda bem. Com telefone e internet resolvo 75% da minha Vida e consigo trabalhar tranquilamente.
Vou dormir aqui hoje. Ontem dormiu Janemamae, sozinha. Mas anteontem dormimos nos dois. Ela no sofa e eu no chao, sobre um edredon dobrado. Cochilava 20' e acordava. As 6h da matina me deitei no sofa e cochilei ate as 8, mas nao me cansei.
Ontem o acompanhei ate a tomografia. Corredores silenciosos, com um ou outro bistunto passando. Cores neutras, elevador de maca grande e silencioso, enfermeira com cara ruim fazendo por obrigacao. Apos a pequena espera ele entra e eu fico de fora. Pergunto se nao quer um cobertor, o ar condicionado tava frio. Diz que nao e que sera rapido. A porta se fecha e ruidos estranhos comecam. Uma voz diz ENCHA O PEITO DE AR E SEGURE. Imagino ele obedecendo e o que aconteceria se nao entendesse ou escutasse as ordens da maquina. Sairia uma mao mecanica pra lhe puxar a orelha ou dar um tapa?! Acho que nao, pelo menos nao neste pais. Talvez no Iran ou China. O exame foi mesmo rapido, a enfermeira-cara-de-nadegas eh que demorou. Nao me deixaram leva-lo para o quarto. Acharam que ia sequestrar meu proprio pai ou o que?!
Agora ele dorme tranquilo, gracas a Deus. Acho que na terca-feira tem alta, tomara! Ainda tem muitos anos pela frente, muita coisa pra ver e fazer nessa Vida.
2 comments:
Pedrin,
todas os meus melhores desejos, meus e da Pati, estão com você e com seu pai. Um grande abraço pra vocês dois, de coração. Um grande abraço? Só um?! Muitos mais, e beijos também. E, como eu sei que alguém deve ler isso em breve, um beijão também pra Ela.
Amamos vocês,
Luiz e Pati
untmetea
Haurhelhius,
Sei bem o que é isso.
Fale pro Guidão estufar o peito e acelerar. Essa é a melhor opção.
Post a Comment