Wednesday, October 13, 2010

Redentor, 79

Essen (trabalhar que eh bom...)

O pasquim online anuncia:
"A imagem de Nossa Senhora Aparecida eh exibida diante do Cristo Redentor, que teve ontem missas pelos seus 79 anos. O evendo que comemorou tambem o dia da padroeira do Brasil - reuniu o arcebispo do Rio e fieis. Uma procissao com a padroeira percorreu a Avenida Atlantica (Pags. 1 e 15)

Tinha visto ontem no metro em Essen a mesma noticia em alemao. Me fez lembrar de um dos tantos finais de semana aproveitados no Rio anos atras. Era tudo muito facil. Bernardin tinha apartamento na Pompeu Loureiro, vindo do Corte Cantagalo ou da Toneleiros. Um virava pro outro no inicio da semana e perguntava: "O que vamos fazer no final de semana?! Vamo pro Rio?! Claro." E assim comecava mais um capitulo de estorias hilarias.

Numa dessas, Albertiones, Franja e eu fomos ao Rock in Rio 3. Pegamos o primeiro final de semana com Daniela Mercury (blerghh!), James Taylor (snif... snif...), Jair Rodrigues (opa) e Sting fechando a noite. Era o que tinhamos. O ap da tia de um deles, ou amiga da mae, ficava na Barra bem proximo a nova Cidade do Rock. Chegamos atrasados, pra variar, e perdemos o Gil abrindo a noite no palco Brasil. Assistimos alguns shows no palco principal, mas quando James Taylor foi anunciado a massa humana se levantou da grama e rumou em direcao ao palco Brasil onde Jair Rodrigues era esperado. Todos foram matar o Tempo esperando pelo Sting. Pra surpresa de todos, Jair faz o melhor show da noite. Agitando tudo e todos, pulando, cantando, sambando e se jogando nos bracos da galera, ele com mais de 60, levantou literalmente a galera. Inesquecivel! Sting tocou os sucessos do Police e dele fazendo um show conservador, sem maiores emocoes. Nos encontramos novamente em Dusseldorf durante a turne de reencontro do Police ano passado e alguns dias atras em Koln (Colonia) quando levei minha mae e tia pra ve-lo na turne Simphonicity, trocadilho com o album Sinchronicity dos Policia.

Mas o Redentor, agora nome do trofeu dado aos vencedores do Festival do Rio de cinema, aparecera mais tarde. Eh tambem nome de choperia em BH, das boas. Vive lotada, mas nunca fui.

Na saida de uma boate resolvemos comer algo numa padaria em Copacabana. Pao na chapa e toddy ou suco de laranja e um misto. Melhor que isso so se eu estivesse la agora comendo de novo e relembrando a estoria. Franja estava completamente chapado e nem saiu do carro. Eu e o Albertiones continuamos a resenha, comentando os shows da noite anterior, planejando o dia seguinte, quando pegariamos a estrada no domingo, etc.

"Vamo pro Cristo?!. So se for agora". E pra la rumamos. Dia nascendo, ruas tranquilas, calmas e serenas. O ceu mostrava todas as cores, azul escuro, claro amarelo, alaranjado, vermelho. Algumas sirenes no fundo, ambulantes chegando para o dia na praia de domingo, um ou outro mendigo, casais de idosos comecando a caminhada matinal, bebadso voltando pra casa. Nos pés do Corcovado o guarda disse que so abriria as 8 e meia. Eram 6 da matina. Putz, esperar uma hora e meia fazendo o que?! Tinha um Santana vinho de Sampa com quatro malucos dentro querendo subir também. De tanto insistir o vigia deixou. "Mas nao façam muita bagunça hein."

Paramos la em cima, estacionamento VIP. Nos e o Santana paulista. Franja desmaiado veio batendo a cabeca no vidro da janela durante o caminho. Acho que nem agua gelada ou fervendo o acordaria, mas mesmo assim tentamos. Chacoalhamos aquele chassi imenso de mamute de um lado para o outro. Puxamos os bracos, demos tapa na cabeca e na cara, mas nada dele acordar. Nao tinha agua por perto, nada pra fazer barulho. A buzina atrairia a atencao do vigia. Resolvemos deixa-lo por ali mesmo, trancado no carro, e subir pra curtir o visual unico. Franja tornou-se assim o unico sujeito que subiu o Corcovado e nao viu o Cristo.

Albertiones e eu ali ficamos. Admirando aquela estatua enorme de bracos abertos olhando pra voce e pra vista privilegiada. Pensamos nas dificuldades pra monta-la ali em cima, ha tanto tempo atras. Vimos o sol nascendo, os manos tambem olhando e perdendo o interesse. De repente eramos nos e o Redentor. Cansados da noitada, bebida na cabeca e os efeitos do lanche anti-ressaca da padaria entrando em acao simplesmente dormimos ali mesmo. No chao. Aos pes do Redentor. O ronco do Albertiones era ensurdecedor, mas a calma do lugar era silenciosa e tranquila.

Acordamos horas depois com avidos turistas desviando daqueles dois bebados quase sendo pisados entre uma ou outra tentativa de foto. Olhei pra ele, ainda na horizontal. Entendeu de imediato e se levantou como se nada tivesse acontecido. Limpamos uma eventual sujeira ou poeira que por ali tivesse aparecido e saimos andando calmamente, no meio da turistada com sol quente na muleira tentando lembrar onde o carro estava.

Franja dormia a sono solto, como numa cama de hotel 5 estrelas. Entramos no carro calados, loucos pra dormir numa cama decente, ou simplesmente em algo macio. Passavam das 10 horas. Sol quente, praia lotada, transito, tuneis, elevados, Sao Conrado, e finalmente a Barra. Detesto a Barra. Tenta ser uma Miami brasileira, mas era ali que estavamos.

Desci do carro e subi. O ar condicionado estava ligado e a cama feita. Deitei e antes da cabeca encostar no travesseiro ja sonhava pela terceira vez. Para minha surpresa acordei sozinho no quarto horas depois. "Onde estariam os dois loucos?!", pensei. Desci na garagem e la estavam eles. Dormindo no carro com uma fresta de janela aberta apenas, ar desligado. Sol de duas da tarde, 40 graus. Suavam feito tampa de chaleira. Abri as portas, cutuquei um e depois o outro. Nada. Mortos, inertes, desmaiados. Nem uma bomba atomica os acordaria.

Subi e deitei novamente no tranquilo e confortavel quarto que uma parente ou amiga da mae de um deles nos proporcionou. Agradeci antes ao Redentor e dormi.

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