Viena (onde tudo comecou)
No dia 07 de Junho último completei 14 anos vivendo na Europa. Entre Viena, Düsseldorf e novamente Viena dois ciclos de 7 anos se passaram. Se a Vida muda completamente a cada 7 anos então o que são duas voltas completas no odômetro?!
Aqui cheguei com 30 anos, livre, leve e solto e pela frente 4 sólidos anos de contrato como assistente da professora titular da cadeira de ciência dos materiais da TU Wien, a Universidade Técnica de Viena. Hoje já com 44, casado, dois filhos, prestes a ficar sem emprego - na verdade uma bendita e inesperada licença remunerada - posso afirmar que a Vida girou e mudou não só duas, mas pelo menos umas cinco vezes.
Aquele jovem inconsequente sedento por cultura, aventuras, curiosidade por novos países, pessoas, músicas, comidas e bebidas se tornou um adulto ainda sedento por tudo isso, mas num ritmo mais agradável acomodando toda a família aos interesses mútuos nessa viagem em busca da felicidade plena. Felicidade essa que nada mais é do que a própria viagem, já que uma vez atingido o destino logo comecamos a planejar o próximo.
No agora longínquo 07 de Junho de 2004, uma segunda-feira de verao vienense, meu eterno mestre e tutor Haroldinho, vulgo Dr. Haroldo Cavalcanti Pinto, foi me buscar no aeroporto. Pegamos o trem para o lado errado e ao invés de ver a cidade dos Habsburgo aparecer no radar, vi campos verdejantes, pastagens e areas preparadas para o plantio de batatas e beterrabas. Pulamos do comboio onde deu, atravessamos para o outro lado e seguimos o rumo certo do meu Doutorado, quem diria!, que estava prestes a comecar.
Fecha em 07 de Junho de 2018, uma quinta-feira do mesmo verão vienense, agora escaldante. Peguei uma dessas viroses que derrubam qualquer fariseu e passei o dia inteiro brincando de monarquia, entre o trono e a cama. Apenas água, chá e uns poucos pedaços de torrada foram consumidos. Juju, minha fiel escudeira, companheira, amiga, esposa, mulher, amante e comandante-em-chefe, se encarregou de todos os afazeres do dia, a saber: levar o Rafael (10 meses) na escolinha, voltar pra casa, buscar o Gabriel (4 anos recém completos) e levá-lo a Kinderhaus, voltar, fazer supermercado, chá pro combalido marido, lavar roupa, lavar as loucas de novo, esvaziar a máquina de lavar, comer alguma coisa antes de sair pra buscar o Rafael, deixá-lo com a Ira (nossa santa faz-tudo ucraniana), buscar o Gabriel, entreter os dois de 15h até 17:30h, dar papinha pra um e comida (nuggets de frango, macarrão com salsichinha, macarrão com presuntinho ou peixe com arroz) para o outro, dar banho nos dois, tomar o próprio banho, fazer o Rafael dormir e depois o Gabriel, me perguntar se tá tudo bem e depois descansar o esqueleto no colchão e apagar como se não houvesse amanha.
Pois é amiguinhos, morar na Europa nao é para amadores, já dizia uma amiga nossa que mora em Berlim. As mudancas foram sem dúvida para melhor. Hoje o Brasil sapecou a Costa Rica, mas comecei a Copa torcendo para o Egito. Fui várias vezes ao país e fiz alguns amigos por lá. Os caras sao fanáticos por futebol e idolatram a selecao das antigas. Além disso Mo Salah é bem melhor do que o Neymar, hahaha.
E que venham mais 14 anos!!! Pelo menos.
Abraco a todos.
ps. escrevi algumas linhas quando dos 5 anos de velho mundo em 2009 e depois aos 9 anos em 2013. Deveria ter feito esse balanço todo ano, relembrando o que passou e planejando o futuro.
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