Düsseldorf (minha mulher me abandonou...)
Escrevi esse texto na sexta passada no aeroporto de Zürich. Vai do jeito que ficou. Era pra postar ontem, mas deu um pau geral no ßlog e no Mac que nunca aconteceu antes.
ps. Viajar é bom demais, mas o tal de chegar em casa é melhor ainda.
26 Nov - Zurich (Lindt = Garoto)
No post de ontem, esqueci de falar sobre a hospitalidade, atenção e cordialidade dos purtugueses. Tratam todos, não só os brasileiros, com muito respeito e amizade. Talvez por isso, Lisboa tenha sido eleita o destino turístico nr. 1 no Brasil. Aqui na Europa a imagem deles não fica longe. Percebi turistas de varias nacionalidades, suecos, italianos, franceses, perambulando pelas ruelas da cidade.
Ontem fomos almoçar no Moisés, típico restaurante português para almoços rápidos. Os homens se sentam no balcão e tomam seu vinho verde enquanto o prato não chega. Meu cozido à portuguesa com vinho verde, claro, veio rápido. Resovi seguir a sugestão do Rui. O terremoto de Lisboa em 1755 apareceu na conversa, assim como a data de origem da cidade, criada pelos romanos (segundo Rui e José), a influência purtuguesas na cultura européia e futuramente mundial e por aí vai. Aprendi, ou pelo menos ouvi, que o chá inglês fora inicialmente introduzido pelos lusitanos na ilha da Rainha. O café, do Brasil, foi disseminado, primeiramente na Europa, pelos pequeninos lisboetas e conterrâneos.
Tinha até um senhor no restaurante que deve ser tio do Luiz, o maior humorista de todos.
Depois do trabalho, passei no hotel pra deixar as coisas e sair em busca de bons vinhos, azeites e talvez queijos. Fiquei nos dois primeiros por questões de logística. A região do Douro foi eleita para os tintos, acompanhado de um vinho verde cujo nome não me lembro (favor ler com sotaque de Lixboa) e dois azeites excelentes. Juju com certeza iria gostar.
Mercadoria devidamente descarregada no quarto, vamos pra rua. Bater perna por uma cidade onde nunca estive é das coisas que mais gosto de fazer na Vida. Com o mapa no bolso e apenas a direção do Bairro Alto na cabeça, segui pelas ruas e avenidas da cidade-origem do Brasil. As semelhanças são impressionantes. Ficaram mais visíveis ainda no transito. Tudo parado, cruzamentos bloqueados, ninguém respeitando a área marcada e proibida... mais em casa impossível. Portugal é o Brasil sem a família e os amigos.
A primeira parada foi numa pastelaria ao lado dum hotel 5 estrelas com restaurante requintado acoplado. Entrei em busca do famoso pastel de Belém, mas me contentei com um pastel de bacalhau. Lembrei da Carol prima da Juju falando isso. Estavam fechando e o miúdo purtuga tava nervoso, se recusando a servir um descafeinado e um doce para um senhor. Não fosse a boa vontade da purtuga sua colega e o velho ficaria na vontade.
O Bairro Alto com seus bares e restaurantes espalhados pelas ruelas irregulares e inclinadas me fez lembrar Montmartre, mas com um charme diferente. Eram bares de musica ao vivo, outros com DJ, vários com o famoso fado ao vivo, musica que nunca ouvira na Vida até então, e uma variedade interessante de sons e pessoas.
Olhei no mapa e vi a Igreja de São Roque. Como sou um beato Salú louco por igrejas, mais pela arquitetura e imponência do que pela religião, achar a igreja virou missão a ser cumprida. Acho que metade de todo o ouro das Minas Gerais esta lá. Não conheço residência divina com tamanha quantidade de ouro. E com um órgão maravilhoso pra completar. Fiquei imaginando como seria a Catedral da Sé. A lisboeta, nao a paulistana, claro.
Saindo de lá, o próximo destino era o cais do Sodré. Um professor de cálculo que tive na Fumec era chamado assim. Me lembrei do nome, mas não da pessoa. Na descida para o rio Tejo, saí numa praça. Uma barraca pequena com mesas espalhadas se destacava no meio dela. Perguntei sobre o pastel de Belém pensando em algo salgado. A menina me mostra uma empadinha de massa folheada com um recheio amarelo no meio. Ao invés de ketchup ou maionese, me pergunta se quero canela. O pastel é doce, mas agrada. Nada que não tenhamos iguais ou melhores no Brasil (na Alemanha, jamais), mas não era nada de outro planeta. Tinha um outro doce comprido ao lado e perguntei o que era. Custavam 50 centavos, uma mixaria na Europa onde nada custa menos de 1 ou 2 euros. Provei os tais travesseiros de Sintra e me arrependi. A pasta amanteigada cola imediatamente no céu da boca. Pra tirar, so enfiando um guardanapo na boca raspando e limpando. Segui pro cais repetindo essa operação.
Na praça em frente ao cais, já no Sodré, tenho duas pastelarias/lanchonetes pra escolher. A cerva Sagres já estava escolhida, mas o que comer?! Fui de coxinha de galinha mesmo pensando se estava sonhando. Do cais rumo a Praça do Comércio era um pulo. Chegando lá, uma reforma enorme me impediu de fazer fotos. Os edifícios e espaços públicos da cidade estão sendo restaurados aos poucos. Acho que em 3 anos Lisboa terá um centro antigo revigorado e em ótimo estado.
Eram quase dez da noite quando fui subindo em direção a Sé. No caminho, me senti na esquina da Av. do Contorno com R. Espírito Santo em BH. Exatamente na Igreja do Santo Antonio, só que agora diante da original. Lembrei do Guidão. Talvez ele seja a explicação dessa minha paixão por igrejas.
A cidade já estava devidamente explorada. Agora era seguir até a Praça da Figueira, passar pela Praça D. Pedro IV (passaram dois números e eu nem vi?!) e chegar no metrô Restauradores, já na Av. Liberdade. Depois da Figueira, passei por um restaurante anunciando “bifanas”, entre outras iguarias. Entrei pra ver o que era. Um saduba de bife de carne de porco no pão com mostarda daquelas amarelinhas pra acompanhar. Mandei um e uma Sagres preta pra terminar o tour gastronômico.
Meu cunhado Leocádio coleciona copinhos do Hard Rock Café. Mesmo sem ter estado nas cidades. Caí na besteira de falar pra ele sobre o de Lisboa. Claro que me encomendou um. Tive que entrar e comprar. Pelo menos vi um clip bacana do Black Crowes e o lugar me pareceu agradável, mas seria minha última opção de restaurante/loja a visitar. Outro dia explico minha birra com os States.
Com o M-Restauradores fechado, subi a Liberdade ate o M-Avenida. De lá até o M-Parque foram duas estações. No dia seguinte, uma reunião sobre um assunto em que eu não tinha a menor idéia me aguardava. Gosto de novidades e o assunto agora ficou interessante.
Em momento algum nesses poucos dias em Lisboa aquela ignorância e burrice dos purtugas atribuída pelos brasileiros foi percebida, pelo contrário. Profissionalmente falando, são muito competentes e sérios. É uma cidade e um país que merecem ser visitados e compreendidos. Espero que esse trabalho iniciado agora renda frutos e que eu possa voltar outras tantas vezes.
Quando tiver saudades do Brasil, das comidas, bebidas e lugares, já sei pra onde ir.
2 comments:
Cara, você achou mesmo o meu tio! Eu tinha emprestado uma grana pra ele e ele se escafedeu! Obrigado por achar o tio Joaquim desgarrado!
A Pati e eu até agora não acreditamos que você não sabia que o pastel de Belém era doce! hahahahahahahahahahaha Assim você não merece uma bala juquinha!
Vou evitar dormir com um travesseiro de Sintra, devem dar indigestão...
Abraços!
flesi
Boa tarde, desculpe a intromissão aqui mas achei o seu site por acidente e não pude deixar de reparar em algumas coisas que não estão correctas!
Primeiramente, o que você provou não era um pastel de Belém (pois esses só se vendem num único café em Belém, não existem em mais nenhum sítio de Lisboa!)... Você comeu um pastel de nata, é um bolo muito comum por aqui... O pastel de Belém é parecido mas melhor! :)
Mais um apontamento um pouco mais grave, reparei que você fala de Portugal como sendo fora da Europa (?)... Não tem sentido, Portugal é na Europa!
Ainda bem que você gostou de Lisboa e dos portugueses (note que se escreve com O!)... E pronto espero que volte sempre :)
AM
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