Meerbusch (quem é o prisioneiro?!)
O Rheinpark se esparrama entre a Tonhalle, casa dedicada a concertos de música clássica, e a Theodor-Heuss-Brücke, uma ponte ligando Düsseldorf ao seu bairro mais nobre, Oberkassel. Fica a 10 min caminhando da Altstadt, a cidade velha e centro.
Nao sei exatamente quantos metros quadrados de área verde este pulmao da cidade possui. Nao é o único, talvez apenas o mais usado por seus cidadaos. Tem também o Hofgarten, Jardim da Esperanca, literalmente no coracao de Düsseldorf. E também o Volkspark, Parque do Povo, o Südpark, o Nordpark e até o Wildpark ao leste. Mas esse tá mais para floresta do que parque.
Sentados nos banquinhos casais namoram, velhinhos proseam, jovens dao suas primeiras tragadas e beijos, descolados fazem pic nic com paes, queijo e vinho branco. Amigos tomam algumas cervas combinando a próxima viagem ou relatando a última. O Reno logo em frente com suas barcacas movimentando a economia é testemunha de tudo. Ao ar livre
Nos finais de semana, jogos de futebol em campos improvisados dos mais diversos tamanhos celebram a paixao dos alemaes pela bola. Churrascos se iniciam nas horas mais variadas. Numa vez, durante as comemoracoes do doutorado do Pedro Brito e do Federico, comecamos um às 6 da tarde e varamos a madrugada até 4 da matina. Quem passava oferecia as sobras de suas parrillas, basicamente carne e cerveja. Aceitávamos tudo e a municao da festa nunca acabava.
No verao, centenas aproveitam o sol como podem. Seja lendo, jogando vôlei, brincando com cachorros, passeando com filhos, pais, maes, sogros, primos e amantes. O Biergarten fechado entre novembro e marco dá o ar da graca oferencendo litros e mais litros de pao líquido.
Ciclistas e corredores amadores e profissionais queimam a adiposidade acumulada no inverno. Pais de bike rebocando os filhos nas carretinhas, inline skates seguindo a ciclovia que continua após o parque, lentas caminhadas dos avós aconselhando os netos. O gramado e as árvores assistem a tudo isso, entra ano, sai ano. No verao montam uma tela imensa de cinema ao ar livre. Durante um mês tem-se uma experiência única de ver um filme com as luzes da cidade e o Reno ao fundo. Assistimos Shine a Light em 2012, Thomas, Juju e eu. Invariavelmente chove, fazer o que. Estamos na regiao de menor incidência solar da Alemanha.
A imensa maioria dos prédios nao tem garagem. Isso é luxo por aqui! Mas faz uma puta diferenca quando se mora em bairros movimentados onde achar uma vaga é mais difícil do que um assalto a mao armada. No inverno entao, pior ainda. Todo dia de manha o mesmo ritual. Limpar os vidros com a vassourinha e raspar o gelo das janelas. Tudo isso a 0° C ou menos. Mas é divertido por aqui nao neva muito.
A praca principal da cidade é utilizada o ano inteiro. Seja para feiras de vinho, encontro de carros antigos. celebracoes do 14 de Julho homenageando os franceses com barraquinhas de comidas típicas, um festival de outono com teatro e palco para shows, o Japanische Tag, dia dos japoneses - a segunda maior colônia dos nisseis fica em Düsseldorf - e até uma etapa do campeonato de ski já passou pela praca. Neste inverno uma roda gigante foi montada ali. Logo ao lado dela, chega-se na prefeitura com uma praca menor, mas também usada com frequência. Festival de jazz, mercados de arte, Karnival e tantos outros eventos. Alguns mendigos moram ali perto.
Seja rico ou pobre, sao eventos democráticos. Vai quem quer e tem vontade. Ao ar livre.
No Parque Municipal de Belo Horizonte a mulher vinha calmamente caminhando com sua filha. Parou pra comprar algodao doce. Nesse curto intervalo, uma senhora chegou perto da menina e a segurou pelo braco. Ela reagiu tentando se desvencilhar. A mulher tentou agarrá-la de novo. A mae percebendo o perigo chegou perto. A possível sequestradora viu seus planos acabando e se mandou.
A reacao imediata é de nunca mais voltar no Parque mesmo sendo ele bem cuidado e policiado.
Desconheco casa ou edifício em BH sem garagem. E nenhum louco que deixa o carro dormir na rua. Os prédios tem áreas de lazer com churrasqueira e piscina. Ficam todos ali seguros aproveitando a folga do final de semana. Na ponta de cima, espacos e varandas gourmet garantem o alto nível da festa. Vistas estonteantes da cidade "dominada" embelezam mais ainda o visual. Cerva importada, carne idem, mostarda também, ketchup e molho barbecue obviamente que vem de fora também. Uma linguicinha marota aparece por ali balancando a bandeira verde amarela tentando participar da farra. Vinhos argentinos e chilenos sao presenca constante. Nada contra eles, pelo contrário. Acho ótimos!
Na outra ponta da corda, Gilberto assa alguns espetinhos numa lata de óleo em cima da laje. A turma faz a festa no pagode e samba de roda. Tem arroz e carne de segunda a rodo. Cachaca também. Aproveitam da mesma forma a folga do final de semana. A cerveja tem mais milho do que cevada, mas o que importa se tiver gelada?!
Carros andam com os vidros fumê, fechados no preto, sempre cerrados. Ar ligado, tá calor lá fora! Se puder blindar, melhor ainda. Mas é pra poucos. As lojinhas de bairro vao minguando lentamente cedendo lugar aos shoppings. Lá tem estacionamento coberto vigiado 24 horas, embora o estabelecimento nao se responsabilize por qualquer dano ao seu veículo.
E os cinemas?! Na Franca é uma festa ver tanto cineminha, cine clube e cinemao nas ruas. Um barato! Dá vontade de aprender francês só pra ir ao cinema. Os luminosos com os dizeres e horários dos filmes, posters e nomes dos artistas. Em BH o último que resiste é o Belas Artes. Até quando?!
A falta de seguranca gera tudo isso. Cada um cria a fortaleza que pode pra proteger-se da sociedade. Acham-se livres, mas sao prisioneiros de si mesmos. Nao podem andar por aí livremente com uma câmera registrando a arquitetura e as pessoas da cidade. Até podem, mas sempre com o pé atrás.
As empresas de seguranca eletrônica ganham rios de dinheiro por causa disso. Trancas, alarmes, seguradoras, segurancas particulares, guarda-costas. Um rio de dinheiro canalizado para combater algo que nao deveria existir. O medo da violência.
Aquele andar descompromissado, apreciando o por do sol de bracos dados com a pessoa amada é cena do interior. Mas bem interior mesmo, nos grotoes do país. As cidades médias brasileiras já estao perdendo esse charme.
Solucao: sentencas padrao para crimes semelhantes.
Roubou um carro = 1 ano de cadeia;
Matou alguém = 20 anos de cadeia;
Crime hediondo = pena de morte;
Assalto a mao armada com vítima = 25 anos de xilindró. Uma tabela de crimes e punicoes a ser aplicada exemplarmente.
Desburocratizar a justica também ajudaria muito. Processos teriam direito a no máximo um recurso. Depois de julgado e a sentenca promulgada no Twitter do juiz o réu seria imediatamente preso e a pena iniciada na penitenciária mais próxima.
Presídios divididos em várias categorias iriam separar o joio do trigo. Assaltante de banco nao pode ficar preso com estuprador e muito menos com quem cometeu crime passional. Escolas e trabalho para os meliantes que pudessem ser recuperados garantiriam um retorno digno a sociedade.
Como o Brasil é o país de cotas, cria-se logo uma para as empresas empregarem 5% de ex-presidiários em seus quadros. Já seria um comeco.
A pergunta é: quem é o prisioneiro?!
O Rheinpark se esparrama entre a Tonhalle, casa dedicada a concertos de música clássica, e a Theodor-Heuss-Brücke, uma ponte ligando Düsseldorf ao seu bairro mais nobre, Oberkassel. Fica a 10 min caminhando da Altstadt, a cidade velha e centro.
Nao sei exatamente quantos metros quadrados de área verde este pulmao da cidade possui. Nao é o único, talvez apenas o mais usado por seus cidadaos. Tem também o Hofgarten, Jardim da Esperanca, literalmente no coracao de Düsseldorf. E também o Volkspark, Parque do Povo, o Südpark, o Nordpark e até o Wildpark ao leste. Mas esse tá mais para floresta do que parque.
Sentados nos banquinhos casais namoram, velhinhos proseam, jovens dao suas primeiras tragadas e beijos, descolados fazem pic nic com paes, queijo e vinho branco. Amigos tomam algumas cervas combinando a próxima viagem ou relatando a última. O Reno logo em frente com suas barcacas movimentando a economia é testemunha de tudo. Ao ar livre
Nos finais de semana, jogos de futebol em campos improvisados dos mais diversos tamanhos celebram a paixao dos alemaes pela bola. Churrascos se iniciam nas horas mais variadas. Numa vez, durante as comemoracoes do doutorado do Pedro Brito e do Federico, comecamos um às 6 da tarde e varamos a madrugada até 4 da matina. Quem passava oferecia as sobras de suas parrillas, basicamente carne e cerveja. Aceitávamos tudo e a municao da festa nunca acabava.
No verao, centenas aproveitam o sol como podem. Seja lendo, jogando vôlei, brincando com cachorros, passeando com filhos, pais, maes, sogros, primos e amantes. O Biergarten fechado entre novembro e marco dá o ar da graca oferencendo litros e mais litros de pao líquido.
Ciclistas e corredores amadores e profissionais queimam a adiposidade acumulada no inverno. Pais de bike rebocando os filhos nas carretinhas, inline skates seguindo a ciclovia que continua após o parque, lentas caminhadas dos avós aconselhando os netos. O gramado e as árvores assistem a tudo isso, entra ano, sai ano. No verao montam uma tela imensa de cinema ao ar livre. Durante um mês tem-se uma experiência única de ver um filme com as luzes da cidade e o Reno ao fundo. Assistimos Shine a Light em 2012, Thomas, Juju e eu. Invariavelmente chove, fazer o que. Estamos na regiao de menor incidência solar da Alemanha.
A imensa maioria dos prédios nao tem garagem. Isso é luxo por aqui! Mas faz uma puta diferenca quando se mora em bairros movimentados onde achar uma vaga é mais difícil do que um assalto a mao armada. No inverno entao, pior ainda. Todo dia de manha o mesmo ritual. Limpar os vidros com a vassourinha e raspar o gelo das janelas. Tudo isso a 0° C ou menos. Mas é divertido por aqui nao neva muito.
A praca principal da cidade é utilizada o ano inteiro. Seja para feiras de vinho, encontro de carros antigos. celebracoes do 14 de Julho homenageando os franceses com barraquinhas de comidas típicas, um festival de outono com teatro e palco para shows, o Japanische Tag, dia dos japoneses - a segunda maior colônia dos nisseis fica em Düsseldorf - e até uma etapa do campeonato de ski já passou pela praca. Neste inverno uma roda gigante foi montada ali. Logo ao lado dela, chega-se na prefeitura com uma praca menor, mas também usada com frequência. Festival de jazz, mercados de arte, Karnival e tantos outros eventos. Alguns mendigos moram ali perto.
Seja rico ou pobre, sao eventos democráticos. Vai quem quer e tem vontade. Ao ar livre.
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A reacao imediata é de nunca mais voltar no Parque mesmo sendo ele bem cuidado e policiado.
Desconheco casa ou edifício em BH sem garagem. E nenhum louco que deixa o carro dormir na rua. Os prédios tem áreas de lazer com churrasqueira e piscina. Ficam todos ali seguros aproveitando a folga do final de semana. Na ponta de cima, espacos e varandas gourmet garantem o alto nível da festa. Vistas estonteantes da cidade "dominada" embelezam mais ainda o visual. Cerva importada, carne idem, mostarda também, ketchup e molho barbecue obviamente que vem de fora também. Uma linguicinha marota aparece por ali balancando a bandeira verde amarela tentando participar da farra. Vinhos argentinos e chilenos sao presenca constante. Nada contra eles, pelo contrário. Acho ótimos!
Na outra ponta da corda, Gilberto assa alguns espetinhos numa lata de óleo em cima da laje. A turma faz a festa no pagode e samba de roda. Tem arroz e carne de segunda a rodo. Cachaca também. Aproveitam da mesma forma a folga do final de semana. A cerveja tem mais milho do que cevada, mas o que importa se tiver gelada?!
Carros andam com os vidros fumê, fechados no preto, sempre cerrados. Ar ligado, tá calor lá fora! Se puder blindar, melhor ainda. Mas é pra poucos. As lojinhas de bairro vao minguando lentamente cedendo lugar aos shoppings. Lá tem estacionamento coberto vigiado 24 horas, embora o estabelecimento nao se responsabilize por qualquer dano ao seu veículo.
E os cinemas?! Na Franca é uma festa ver tanto cineminha, cine clube e cinemao nas ruas. Um barato! Dá vontade de aprender francês só pra ir ao cinema. Os luminosos com os dizeres e horários dos filmes, posters e nomes dos artistas. Em BH o último que resiste é o Belas Artes. Até quando?!
A falta de seguranca gera tudo isso. Cada um cria a fortaleza que pode pra proteger-se da sociedade. Acham-se livres, mas sao prisioneiros de si mesmos. Nao podem andar por aí livremente com uma câmera registrando a arquitetura e as pessoas da cidade. Até podem, mas sempre com o pé atrás.
As empresas de seguranca eletrônica ganham rios de dinheiro por causa disso. Trancas, alarmes, seguradoras, segurancas particulares, guarda-costas. Um rio de dinheiro canalizado para combater algo que nao deveria existir. O medo da violência.
Aquele andar descompromissado, apreciando o por do sol de bracos dados com a pessoa amada é cena do interior. Mas bem interior mesmo, nos grotoes do país. As cidades médias brasileiras já estao perdendo esse charme.
Solucao: sentencas padrao para crimes semelhantes.
Roubou um carro = 1 ano de cadeia;
Matou alguém = 20 anos de cadeia;
Crime hediondo = pena de morte;
Assalto a mao armada com vítima = 25 anos de xilindró. Uma tabela de crimes e punicoes a ser aplicada exemplarmente.
Desburocratizar a justica também ajudaria muito. Processos teriam direito a no máximo um recurso. Depois de julgado e a sentenca promulgada no Twitter do juiz o réu seria imediatamente preso e a pena iniciada na penitenciária mais próxima.
Presídios divididos em várias categorias iriam separar o joio do trigo. Assaltante de banco nao pode ficar preso com estuprador e muito menos com quem cometeu crime passional. Escolas e trabalho para os meliantes que pudessem ser recuperados garantiriam um retorno digno a sociedade.
Como o Brasil é o país de cotas, cria-se logo uma para as empresas empregarem 5% de ex-presidiários em seus quadros. Já seria um comeco.
A pergunta é: quem é o prisioneiro?!