Tuesday, December 10, 2013

Tip Top

Mettmann (saufen ist auch gut!)

Tib Tap eh um Kneipe em Mettmann, pacata cidade ao lado de Düsseldorf. Ali cidadaos alemaes pacíficos, serenos e aposentados sorvem diariamente vários litros da melhor cerva local. Nunca estive no Tib Tap. Nem sei onde é, apesar do endereco clara e cristalinamente indicado no folder. Folder esse estrategicamente posicionado no lobby do hotel onde me encontro para treinamento sobre vendas. Sim, fazemos treinamentos sobre vendas. E sobre compras também. Cada um defendendo o seu pedaco.

Me lembrei do Tip Top, bar tradicional da rua Rio de Janeiro em Lourdes, Belo Horizonte. Quando eu tinha lá pelos meus 12 a 14 anos me lembro do meu pai, o Guidao, frequentando o local. Ia encontrar os amigos. Seja lá quem fossem, eram amigos do Guidao. Do trabalho?! Provavelmente. Colegas de faculdade?! Acho difícil, Guidao nao era tao fácil assim. Da turma da Barroca?! Mais provável do que os dois anteriores. Cultivava as amizades verdadeiras, formadas lá atrás. Nao que novos amigos fossem impossíveis de ser feitos ou adquiridos, mas ele era de poucas, e boas, palavras. Fiel a si mesmo. E consequentemente aos felizardos eleitos seus amigos.

Ali, no Tip Top, Guidao bebia chopps. Comia junto com a turma as iguarias locais. Chegava cedo pra nao voltar tao tarde. Respeitava a esposa e os cinco filhos. Sempre foi assim. Morria de curiosidade de conhecer o Tip Top. Mas só teria sentido se fosse com ele.

Fui lá bem depois, mais velho, mas nem tanto. Talvez tivesse 20 ou 22, tanto faz. Me sentei, junto de amigos fiéis, e pedi um chopp. Olhei pra um lado. Mirei o outro. A maioria eram homens mais velhos, dos seus 40 e poucos até 50 e tantos. A idade do Guidao naquela época. Me senti mais moleque do que já era. Fui em frente e pedi outro chopp. O garcon olhava com desdém, como se duvidasse que aquela dívida instantânea fosse honrada. Eu e meus amigos, assim como o Guidao e os dele, apenas jogávamos conversa fora. Meio tensos, é verdade. Talvez querendo a aprovacao da turba de beberroes. Mas nao se consegue isso assim, da noite para o dia. É preciso frequência religiosa e disciplina.

Olhamos o cardápio. O que será que o Guidao pedia quando olhava essas páginas gastas?! Tudo parece saboroso. Frango a passarinho?! Pode ser. Queijo paxá?! Nao combina com ele. Ou seria um salsichao com salada de batatas?! Provavelmente sim. Pra relembrar seus dias em Rothenburg ob der Tauber e os anos trabalhando em empresas alemas e com alemaes.

Pedimos uma. Tensao na mesa. "E aí, parece ser o prato certo." "Vi umas duas mesas pedindo o mesmo." Acertamos na mosca, mesmo sem saber. Esse era o prato preferido dele. Repetimos aqui na Alemanha, em Düsseldorf. Comeu com a melhor cara do mundo. Bebia goladas da famosa Altbier local como se todas as cervejarias da Alemanha fossem fazer greve de três meses no dia seguinte.

Três anos se passaram, desde o dia 14 de Novembro, que sua presenca física nao mais nos alegra. Aquele abraco cabeludo e o sorriso falando "Pedrao" nao é mais ouvido. Mas é como se nada tivesse acontecido. A saudade aumente absurdamente a cada dia, semana, mês e ano que passa.

A vontade de te abracar nao tem tamanho.

O Tip Top continua lá, no mesmo lugar: http://www.bartiptop.com.br/

E você também, no meu coracao.

Friday, November 29, 2013

Hong Kong é Oriente e Ocidente

Hilden (despedida do Friedhelm Kammerevert log mais)

A baía profunda, significado de Hong Kong, é uma perfeita mistura do mundo moderno ocidental com as tradicoes chinesas orientais.

O aeroporto, construído num aterro mar adentro, é dos mais novos e modernos. Na saída do saguao de desembarque um trem rápido espera o turista assustado e maravilhado. Em 24 minutos chega-se ao centro da ilha de Hong Kong. O pequeno enclave, devolvido pelos inglesas a China em 1999, fica numa parte do continente e em mais de 200 ilhas espalhadas pela baía a sua frente.

Uma miríade de arranha-céus ilumina a paisagem. Blocos de 20, 30, 40 ou mais prédios com 50 a 70 andares cada sao como pombais humanos. Só assim mesmo pra comportar os 7 milhoes de habitantes em tao pequenino território.



Os taxis vermelho e branco da Toyota sao de um modelo que eu nao conhecia. Destoam da moderniadde. Sao na maioria velhos, mas as corridas sao baratas. Descemos em Kowloon, principal bairro da parte continental de Hong Kong, e pegamos um vermelhinho. Segundo o Fred, amigo de longas datas vivendo a quase dois anos na cidade, o trajeto nao demoraria mais que 10 minutos. De fato, a noite o trânsito fluia bem.

Achei que o Fred tinha virado um barao do oriente. O táxi entrou pelo portao principal do edifício como uma carruagem entra num castelo medieval. Subiu algumas rampas, virou aqui e ali e nos deixou numa portaria envidracada e suntuosamente decorada com lustres enormes, muito espelho, mármores dos pés a cabeca nas paredes e ouro, muito ouro. Um china uniformizado trajando luvas abriu a porta do carro. Subimos ao andar que dá acesso às torres. Sao umas sete ou oito. Na portaria de uma das torres, outro porteiro abriu a porta de vidro. No caminho até lá, fontes de água iluminadas, mais mármore, pratos da dinastia Xing Ling adornando as paredes, varandinhas com sofás ofereciam conforto a quem quisesse bater um papo ali ou respirar o ar úmido da noite. Me senti em Las Vegas, num hotel dos anos 80 recém renovado.

Essas mega-torres tem áreas de convivência com academia, sala de balé, sinuca, pingue pongue, biblioteca, piscinas coberta e externa, instrutores para tudo, playground e até um restaurante. Nao satisfeitos abaixo dos prédios tem sempre um shopping center e galerias interligando tudo ao metrô. No calor o ar condicionado ajuda bastante. Se quiserem, os hong kongianos dessas classe abastada ou os Expats, passam a Vida inteira sem respirar ar puro. Basicamente quem assim vive nao precisa sair do prédio pra nada. Vai no máximo ao shopping de chinelo de dedo e bermuda fazer supermercado ou compras. Pode chover canivete lá fora, ou um tufao categoria 20 aterrorizar a cidade por uma semana ou fazer um calor de 50° C que nada tira o sono dessas pessoas.



Já quem é chinês de classe média, se é que existe uma, ou baixa, ou é uma empregada doméstica das Filipinas a Vida nao é tao rosa assim. Vivem nas ruas sujas, nas esquinas que demorei dois dias pra ver fugindo das galerias insípidas e irritantemente limpas e silenciosas. Nos mercados como o Jade Market onde se vendem pedras de todos os tipos e tamanhos, souvenires variados, caixinhas de capturar grilos (dizem que dá sorte e claro que comprei uma) e uma infinidade de outras bugigangas. Mas o melhor é negociar com os chineses. Eles adoram e se sentem ofendidos se um turista incauto pagar de cara o preco pedido. Jogam o preco lá em cima e o comprador oferece 20% do valor. Aos poucos vao chegando num consenso. Ou nao. Na nossa primeira tentativa simplesmente falamos que era tudo muito caro e deixamos as coisas ali. Voltamos meia hora depois e recomecamos a batalha. No final, levamos o que queríamos e o vendedor chinês sorriu por dentro após enganar mais dois trouxas,.

A cidade lembra o Rio de Janeiro por ser no litoral, cercada de montanhas, com boas praias próximas da grande cidade, faz muito calor e é úmido. Mas as semelhancas param por aí. Stanley tem um mercado famoso, bons restaurantes e uma malta de australianos ali vivendo devido a semelhanca com o país de origem deles.

Bruce Lee nasceu em HK, eu nao sabia. Está em várias camisetas nos mercados locais. O Grande Buda é uma das atracoes. Mais semelhancas com o Rio: pega-se um teleférico com cabines transparentes, inclusive o piso, para ver melhor a vista, até chegar lá. Sao seis torres de transicao subindo ao lado do aeroporto e através das montanhas com vegetacao tropical até o destino final. O clima nao ajudou, muitas nuvens e uma chuvinha fina de molhar bobo.

O Big Budha é o Cristo Redentor só que fica num Corcovado mais distante e baixo e a vista nao é lá essas coisas. Virou ponto de peregrinacao desde sua construcao. Tem uma suástica nazista no peito, mas Hitler jamais foi budista. Muito antes do Nacional Socialismo alemao adotar esse símbolo. A suástica budista é virada para a esquerda e significa "multiplicidade, longevidade ou grande felicidade".

Mostrar os pés para o Buda é considerado ofensa. Portanto, se sua mulher grávida e cansada se sentar e pedir para apoiar os pés nas suas pernas para descansar, nao o faca pois correrá o risco de ganhar um puxao de orelha de um budista.

A medicina chinesa é outra coisa impressionante. Ela quis por que quis fazer uma consulta. O médico fica na farmácia mesmo. Basta entrar numa salinha e ele comeca apalpando os pulsos. E fica ali, resmungando algo em cantonês para o ajudante que traduzia tudo. Fazia anotacoes que mais pareciam desenhos e no final o veredicto: 34 cigarras secas do Cantao, 23 gramas de rabo de arraia manca da baía de Hong Kong, dois testítulos de macaco mongol secos e triturados, folhas secas de amendoeiras de Pequim, casulos de borboletas manetas do Tibet e uma série de outros ingredientes impossíveis de identificar. Empacota-se tudo isso num papel e depois fazem um chá. Marcaram o horário no dia seguinte pra gente pegar o líquido milagroso. Recebemos um copo desses descartáveis que qualquer cafeteria tem, como um Starbucks chinês, e subimos pra casa do Fred. Ela nao teve coragem de beber por estar grávida e nao querer arriscar a saúde assim tao bestamente. Toda aquela ciência milenar foi parar na pia. Uma pena, mas as cigarras pareciam estar crocantes e saborosas!



Sem querer fazer qualquer julgamento, Hong Kong é uma cidade interessantíssima para ser visitada. Morar lá é outro papo. Eu gosto de esquinas, parques, ar puro, bares, padarias, restaurantes, céu azul, vento no rosto, folhas de outono, cheiro de chuva, árvores e do estilo de Vida europeu. Mas pra quem gosta de modernidade HK é uma festa.

Thursday, September 05, 2013

O Pagador de Promessas (7) - Guarani de Campinas levanda a taca em 1978

Meitingen (Slow precisa conhecer a Alemanha)

Um time do interior paulista quebra paradigmas e sagra-se campeao brasileiro. Como assim?!

Pois é, o agora sumido Carlos Alberto Silva levou seu time com destaque para Zenon e o atacante Careca, entao com 17 anos, ao estrelato. Este viria conquistar a Itália e o mundo ao lado do Maradona nos anos 90 jogando no Napoli.

Ganhou do todo poderoso e bi-campeao Palmeiras por 1x0 no Brinco de Ouro da Princesa. Esse talvez seja o mais belo nome de estádio no Brasil.

E foi o único título de um time fora das capitais até hoje.

O número de participantes explodiu nesse ano. Foram 74 times disputando 792 jogos com 1.171 gols.

O formato do campeonato nao poderia ser mais exdrúxulo: comecou dua 25 de março e se estedeu até 13 de agosto. Setenta e quatro equipes divididas em seis grupos, dois de treze e quatro de doze times. Os seis primeiros de cada chave seguiam no campeonato, os restantes disputavam a repescagem. Na segunda fase foram formado quatro grupos de nove clubes passando à terceira etapa do campeonato, os seis primeiros de cada chave mais o clube que mais pontos somou entre os eliminados. O campeão de cada um dos seis grupos da repescagem mais o time que marcou mais pontos entre os não classificados também estariam na terceira fase que foi composta por quatro chaves de oito equipes. O campeão e o vice de cada grupo passavam às quartas-de-final. Das quartas às finais foram realizadas partidas no sistema mata-mata com jogos de ida e volta.

Eu continuava sem me lembrar de nada. Ainda bem que temos o Você Tubo. Na semi-final contra o Vasco, em pleno Maraca, Zenon fez dois golacos. Mandou duas vezes a pelota no ângulo.

Depois no primeiro jogo da final ele, Zenon, decidiu mais uma vez convertendo o penalty. Na finalíssima ele nao jogo, mas nem precisava.

Curiosidade: Careca corre pra comemorar em cima duma placa onde se lê "Macarrao Galo".



Números:

Jogos: 792
Gols: 1.171 - Média: 1,48 p/jogo
Público: 8.347.432 espectadores - Média: 10.539 p/jogo
Artilheiro: Paulinho (Vasco) 19 gols
A Final: 13/08/78
Guarani 1x0 Palmeiras
Local: Brinco de Ouro da Princesa (Campinas)
Juiz: José Roberto Wright (RJ)
Renda: CR$ 1.706.280,00
Público: 27.086 espectadores
Gol: Careca 36 do 1º


Guarani: Neneca; Mauro, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Manguinha e Renato; Capitão, Careca e Bozó
Técnico: Carlos Alberto Silva


Palmeiras: Gilmar; Rosemiro, Beto Fuscão (Jair Gonçalves), Alfredo e Pedrinho; Ivo, Toninho Vanusa e Jorge Mendonça, Silvio, escurinho e Nei
Técnico: Jorge Vieira


Fonte: http://www.futebolnarede.com.br/historia/campeonato-brasileiro-1978.php

O Pagador de Promessas (6) - A Maior Injustica de Todos os Tempos em 1977

Meitingen (e depois nadar com a crianca que eu amo)

Pode um time ser vice-campeao invicto?! Com a melhor campanha e o artilheiro disparado da competicao?! Com o Galo tudo é possível.

Os 3x2 nos penaltis do ensopado Mineirao já em marco de 78 - comecou em outubro de 1977 sabe-se lá por que - enterraram algumas cabecas de burro no gramado. E como foi difícil exumá-las.

O artilheiro absoluto Reinaldo, com 28 gols, estava suspenso e nao jogou a final. Era pra ter sido julgado antes, mas nao foi. Malandragem?! Injustica?! Roubalheira?!

Fato é que a final foi disputada em uma única partida na casa da equipe de melhor campanha. O Galo tinha um timaco com Joao Leite, Cerezo, Marcelo, Paulo Isidoro e outros. Mas Reinaldo nosso rei fez muita falta.

O 0x0 no lamacal da Pampulha levou a decisao para os penaltis. Joao Leite pegou a primeira cobranca do Getúlio, mas Cerezzo manda na geral o que seria a vantagem alvi-negra. Valdir Perez nem teve trabalho. Chicao, craque saopaulino, vai pra segunda cobranca. Escorrega e cai no gramado mandando a bola nas maos do Joao de Deus. Permanecia o 0x0. Ziza vai pra cobranca. Partiu com tranquilidade e converteu. Galo 1x0.

Peres, nao o Waldir, converteu o seu. O lateral direito Alves foi lá e fez o dele. Galo 2x1. Antenor se aproximou da marca do cal, encheu o pé e também guardou. Joaozinho Paulista, substituindo o Rei, foi pra quarta cobranca e errou. Displicente, burro. Permanece o 2x2. O Sao Paulo foi pra quinta cobranca com Bezerra. Ele encheu o pé no canto esquerdo de Joao Leite nao dando a mínima chance. Bambis 3x2. E o Galo vai pra última cobranca com Marcio, zagueirao central. Só um jumento de um treinador manda o zagueiro central bater a última e mais importante cobranca da série. Qualquer outro poderia ter batido.

Joao pegou duas cobrancas, mas os atleticanos conseguiram jogar três pra fora. Resultado: Sao Paulo campeao brasileiro pela primeira vez.

Notei que os goleiros nao se adiantavam nas cobrancas.

Meu pai esteve no campo e contou que nunca viu uma multidao tao calada na saída do estádio como naquele dia. Parecia um velório gigante. Gente chorando incrédula. Indignada.

O juiz?! "A regra é clara", já dizia Arnaldo César Coelho.

Os participantes foram 62 com a ilustre participacao do XV de Piracicaba, Caxias, River do Piauí e até um tal amazonense Fast. Demais!

Dois videos, um com somente a disputa de penalties e outro com o jogo completo pra quem tiver paciência e for masoquista. Ambos com a narracao do Luciano do Valle e comentários do China, Juarez Soares, no jogo na íntegra.





Números:

Jogos: 483
Gols: 1194 - Média: 2,47 p/jogo
Público: 7.955.983 espectadores - Média: 16.472 p/jogo
Artilheiro: Reinaldo (Atlético/MG) 28 gols
 
A Final: 05/03/78
Atlético/MG 0x0 São Paulo (2x3 Pênaltis)
Local: Mineirão (Belo Horizonte)
Juiz: Arnaldo César Coelho (RJ)
Renda: CR$ 6.857.080,00
Público: 102.974 espectadores


Atlético-MG: João Leite; Alves, Marcio, Vantuir e Valdemir; Toninho Cerezo, Ângelo e Marcelo (Paulo Isidoro); Serginho, Caio (Joãozinho Paulista) e Ziza
Técnico: Barbatana


São Paulo: Valdir Peres; Getúlio, Jecão, Bezerra e Antenor; Chicão, Teodoro (Peres) e Dario Pereyra; Zé Sergio, Mirandinha e Viana (Neca)
Técnico: Rubens Minelli


Fonte: http://www.futebolnarede.com.br/historia/campeonato-brasileiro-1977.php

O Pagador de Promessas (5) - Inter bate o Corinthias e é bi-campeao em 1976

Meitingen (amanha tem encontro em Stuttgart com Theo e família)

Dadá Maravilha, sempre ele, subiu no terceiro andar do Beira Rio e fuzilou de cabeca para o fundo do filó. Mas antes disso, parado no ar, Dario olhou pra torcida do Timao que ainda lhe amava. Decidiu cabecear pra fora. Fracoes de segundos depois, já comecando a descida, olhou pra torcida do Inter. Era o time que pagava seu salário. Precisava do dinheiro pra comprar o leite das criancas. Resolveou deixar as paixoes de lado e fez o gol.

E o Inter ganhou o segundo título Brasileiro no Beira Rio, um privilégio para seus torcedores, por ter feito a melhor campanha. O time era praticamente o mesmo que ganhou em 75, mas agora com a presenca de um certo Paulo Roberto Falcao.

O número de participantes só aumentava. Nesse ano foram 54 times e o Galo terminou em 3° indo muito bem. Perdeu na semi-final em um jogo só, a primeira de várias.

Presencas honrosas do Treze, Uberaba que ficara em 4° em 74 perdendo a semi para o campeao Vasco, Confiança e até mesmo um tal Flamengo do Piauí. Só o Brasil continental proporcionava essas coisas.

O juiz da final foi o infame José Roberto Wright. Veremos isso mais tarde. Abaixo um compacto de 35' para o delírio dos amantes da bola.



Números:
Jogos: 411
Gols: 915 - Média: 2,22 p/jogo
Público: 6.991.291 espectadores - Média: 17.010 p/jogo
Artilheiro: Dario (Internacional) 16 gols

A Final: 12/12/76
Internacional 2x0 Corinthians
Local: Beira-Rio (Porto Alegre)
Juiz: José Roberto Wright (RJ)
Renda: CR$ 3.200.795,00
Público: 84.000 espectadores
Gols: Dario 29 do 1º e Valdomiro 12 do 2º


Internacional: Manga; Cláudio, Figueroa, Marinho Peres e Vacaria; Caçapava, Falcão e Batista; Valdomiro, Dario e lula.
Técnico: Rubens Minelli


Corinthians: Tobias; Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Vladimir; Givanildo, Ruço e Neca; Vaguinho, Geraldão e Romeu
Técnico: Duque


Fonte: http://www.futebolnarede.com.br/historia/campeonato-brasileiro-1976.php

O Pagador de Promessas (4) - Internacional ganha o primeiro dos três títulos em 1975

Meitingen (tem Die Toten Hosen sábado em Mannheim)

Embalado pela boa campanha do ano anterior, o Cruzeiro chegou esperancoso a final de 75 no Beira Rio. Mas o chileno Figueroa subiu lá no alto, no único ponto do gramado iluminado pelo sol, e guardou a redonda no fundo da rede. As marias ficaram novamente chupando dedo e o Inter sagrou-se Campeao Brasileiro pela primeira vez.

Nomes como o goleiro Manga e Paulo Cesar Carpegianni se consagraram pelo Inter nesse ano. Eu tinha 1 ano e 11 meses e de nada me lembro. No minuto 4:07 do video abaixo Manga faz uma defesa inacreditável numa bomba do Nelinho.

O campeonato teve 42 times com participantes folclóricos como Campinense, CEUB do Distrito Federal e o alagoano CSA. A campanha ridícula do Galo o levou ao 19° lugar. O Nacional do Amazonas ficou em 16°.

Curiosidade: o árbitro da partida foi o salafrário do Dulcidio Wanderlei Boschilia.



Números:

Jogos: 430
Gols: 972 - Média: 2,26 p/jogo
Público: 6.873.358 espectadores - Média: 15.984 p/jogo
Artilheiro: Flávio (Internacional) 16 gols
A Final: 14/12/75
Internacional 1x0 Cruzeiro
Local: Beira-Rio (Porto Alegre)
Juiz: Dulcidio Wanderlei Boschilia (SP)
Renda: CR$ 1.743.805,00
Público: 82.568 espectadores
Gol: Figueroa 11 do 2º


Internacional: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio e Chico fraga; Caçapava, Falcão e Paulo César Carpeggiani; Valdomiro (Jair), Flavio e Lula.
Técnico: Rubens Minelli


Cruzeiro: Raul; Nelinho, Darci Menezes, Marais e Isidoro; Piazza, Zé Carlos e Eduardo; Roberto Batata, Palhinha e Joãozinho.
Técnico: Zezé Moreira


Fonte. http://www.futebolnarede.com.br/historia/campeonato-brasileiro-1975.php

O Pagador de Promessas (3) - Vasco campeao no Maracana em 1974

Meitingen (Pepsi nao combina com comida bávara)

Em Agosto de 1974, eu entao com 7 meses de idade, o Vasco tornou-se o primeiro time carioca a comemorar um título do Campeonato Brasileiro no Maracana.

Roberto Dinamite e cia. nao deixaram o Cruzeiro de Nelinho, Piazza e Dirceu Lopes jogar. Dizem que a final foi vendida já que o segundo jogo tava marcado para o Mineirao. Os cartolas cariocas convenceram os incautos mineiros de que a renda seria muito maior no Maracana. Se é verdade, nao se sabe.

Assim como no ano anterior, foram 40 times disputando o caneco. Entre eles Itabaiana, Sampaio Corrêa, Rio Negro e Operário do Mato Grosso que terminou num honroso 17° lugar. O Galo fechou em 7° e ficou longe da taca pelo terceiro ano seguido.

Curiosidade: o goleiro do Cruzeiro se chamava Vitor.



Números:

Jogos: 447
Gols: 951 - Média: 2,13 p/jogo
Público: 5.184.763 espectador - Média: 11.599 p/jogo
Artilheiro: Roberto Dinamite (Vasco) 16 gols
A Final: 01/08/74
Vasco 2x1 Cruzeiro
Local: Maracanã (RJ)
Juiz: Armando Marques (SP)
Renda: CR$ 1.413.281,00
Público: 112.933 espectadores
Gols: Ademir 14' do 1° T. e Jorginho Carvoeiro 33' do 2° T. (V) e Nelinho 19' do 2° T.


Vasco: Andrada; Fidelis, Miguel, Moisés e Alfinete; Alcir, Zanata e Ademir; Jorginho Carvoeiro, Roberto Dinamite e Luis Carlos
Técnico: Mario Travaglini


Cruzeiro: Vitor; Nelinho, Perfumo, Darci Menezes e Vanderlei; Wilson Piazza, Zé Carlos e Dirceu Lopes; Roberto Batata, Palhinha (Joãozinho) e Eduardo (Baiano)
Técnico: Ilton Chaves


Fonte: http://www.futebolnarede.com.br/historia/campeonato-brasileiro-1974.php

O Pagador de Promessas (2) - Palmeiras é Bi-Campeao de 1973

Meitingen (Pschorr é uma cerveja bávara tradicionalíssima)

Em 1973 a Academia palmeirense seguia impondo seu estilo único de jogar. Com 40 times e 656 jogos o campeonato só terminou em 28 de Fevereiro de 74. Eu completaria um mês de Vida no dia seguinte e evidentemente nao tenho memórias futebolísticas desse campeonato.

O Galo terminou em 11°, o Mequinha, vulgo Coelhao ou América MG ficou em 7° e as Marias, ou o Cruzeiro, foi bem terminando na terceira colocacao.

É engracado ver que times como Tiradentes do Piauí, Comercial do Mato Grosso, Olaria, Moto Clube e Desportiva ES eram times de Primeira Divisao. Me lembro do Leo Batista narrando os Gols do Fantástico e da Zebrinha falando "coluna do meio" na loteria esportiva. Bons tempos.

Fato é que após mais um empate sem gols, dessa vez contra o arqui-rival Sao Paulo, o Palmeiras sagrou-se bi-campeao brasileiro em pleno Morumbi. Ademir da Guia e Cesar Maluco comandaram a patota alvi-verde mais uma vez fazendo a alegria da nacao suina.

Com narracao de Orlando Duarte, um compacto em duas partes da campanha do Verdao. Na segunda tem uma sova de 3x0 aplicada justamente no Galo:





Números:

Jogos: 656
Gols: 1202 - Média: 1,83 p/jogo
Público: 10.141.674 espectadores - Média: 15.460 p/jogo
Artilheiro: Ramón (Santa Cruz) 21 gols
 
A Final: 20/02/74
Palmeiras 0x0 São Paulo
Local: Morumbi (SP)
Juiz: Arnaldo César Coelho (RJ)
Renda: CR$ 997.860,00
Público: 66.549 espectadores


Palmeiras: Leão, Eurico, Luis Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Ronaldo, Leivinha, César e Nei.
Técnico: Oswaldo Brandão


São Paulo: Valdir Peres; Forlan (Nelson), Paranhos, Arlindo e Gilberto; Chicão e Pedro Rocha; Terto, Zé Carlos (Ratinho), Mirandinha e Piau.
Técnico: José Poy


Fonte: http://www.futebolnarede.com.br/historia/campeonato-brasileiro-1973.php

O Pagador de Promessas (1) - Salve a Academia de Ademir da Guia

Meitingen (Monkey Shoulder me espera)

Libertadores
Apesar da final de 1971 ter sido contra o Botafogo, o Sao Paulo terminou em 2° lugar e juntamente com o Galo representaram o Brasil na competicao continental.

O desempenho ridículo do Galo no Grupo 3 com três empates em casa e mais um fora somou apenas quatro pontos que foram insuficientes para classificar a segunda fase. Houve um empate com o Olimpia, sempre ele, em Assunción, mas o árbitro encerrou o jogo antes do fim, pois o Atlético estava com somente 6 atletas em campo. O resultado de 2 a 2 prevaleceu, porém o Olimpia ganhou os pontos. Perdemos também para o Cerro Porteno fora de casa.

O campeao de 72 foi o entao imbatível Independiente da Argentina.

Campeonato Brasileiro
O time do Galo campeao em 1971 só conseguiu chegar ao 11° lugar no ano seguinte. Reinava entao Ademir da Guia, o divino e grande maestro do meio campo palmeirense. Além dele se destacavam Luiz Pereira, Leivinha e Leao.

A semifinal e final foi realizada em um só jogo beneficiando as equipes com melhor campanha durante a fase anterior.

As semis classificaram o Palmeiras após um empate em 1x1 contra o Inter em Sao Paulo e o Botafogo novamente após vitória contra o Corinthians no Rio.

Após o empate sem gols na final disputada na capital paulista, o Palmeiras ficou com o título por ter melhor campanha em todo o campeonato.

Fogao duas vezes seguidas vice e o Palmeiras levando o caneco após dois empates por ter feito a melhor campanha. Veremos adiante quantas vezes o Galo vez a melhor campanha e nao levou o caneco.



Números:
Jogos: 352
Gols: 731 - Média: 2,08 p/jogo
Público: 6.191.982 espectadores - Média: 17.591 p/jogo
Artilheiros: Dario (Atlético-MG) e Pedro Rocha (SP) 17 gols
A Final: 23/12/72
Palmeiras 0x0 Botafogo
Local: Morumbi (SP)
Juiz: Agomar Martins (RS)
Renda: CR$ 649.445,00
Público: 58.287 espectadores


Palmeiras: Leão; Eurico, Luis Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu (Zé Carlos) e Ademir da Guia; Edu (Ronaldo), Madruga, Leivinha e Nei.
Técnico: Oswaldo Brandão


Botafogo: Cão; Valtencir, Brito, Osmar e Marinho Chagas; Carlos Roberto e Nei Conceição; Zequinha, Jairzinho, Fischer e Ademir Vicente (Ferreti)
Técnico: Sebastião Leônidas


Fonte: http://www.futebolnarede.com.br/historia/campeonato-brasileiro-1972.php

O Pagador de Promessas - Dadá parando no ar

Meitingen (sem beber na Bavária é tortura)

Em 1971 o Campeonato Brasileiro foi oficialmente assim chamado pela primeira vez. Ganhou o Galo, Atlético Mineiro de Telê, Dadá Maravilha, Lola, Guará e tantos outros craques.

A fórmula de disputa era um tanto quanto inusitada: duas chaves de dez times. Os seis primeiros colocados de cada chave passavam para a segunda fase onde eram formadas três chaves de quatro clubes cada. Os campeões de cada grupo classificavam-se para um triangular final, em turno único, para decidirem o título.

Os três melhores, Botafogo, Sao Paulo e Atlético, jogaram entre si. O São Paulo tinha Gérson, Toninho Guerreiro e cia. e o Botafogo vinha fervendo com Jairzinho, o Furacão da Copa de 70, e grande esperança do Fogao. No primeiro jogo, derrota dos cariocas para o Tricolor paulista por 4 a 1. O Galo precisava apenas do empate contra o Botafogo depois da sofrida vitória por 1 a 0 contra o São Paulo.

O Gol do Título
Em uma grande jogada individual do meia Humberto Ramos, sai o gol do titulo. Ele dribla e passa por Mura, Carlos Roberto e Marco Aurélio, chega dentro da área e cruza para Dario cabecear no canto esquerdo de Wendell. Na comemoração, Humberto Ramos, ajoelhou-se agradecido pela jogada e Dario fez a festa. Fonte: http://www.campeoesdofutebol.com.br/materia_especial3.html

Depois desse título foram 42 anos sem ganhar nenhum título de expressao. Apenas os mineiros, agora chamados de Rural, e duas Copas Conmebol, torneio que nem existe mais. Talvez seja equivalente a Sulamericana de hoje em dia.

Foram 42 anos de fila até ganhar a Libertadores. Daí veio a promessa.



Números:
Jogos: 229
Gols: 419 - Média: 1,83 p/jogo
Público: 4.662.247 espectadores - Média: 20.360 p/jogo
Artilheiro: Dario (Atlético-MG) 15 gols
A Final: 19/12/71
Botafogo 0x1 Atlético-MG
Local: Maracanã (RJ)
Juiz: Armando Marques (SP)
Renda: CR$ 294.420,00
Público: 46.458 espectadores
Gol: Dario 18' do 2º T.
Expulsões: Mura e Carlos Roberto


Botafogo: Wendell; Mura, Djalma Dias, Queirós e Valtencir; Carlos Roberto, Marco Aurélio (Didinho) e Careca; Zequinha, Jairzinho, e Nei Oliveira.
Técnico: Papagaio


Atlético-MG: Renato; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Odair; Vanderlei e Humberto Ramos; Ronaldo, Lola (Spencer), Dario e Tião.
Técnico: Telê Santana


Fonte: http://www.futebolnarede.com.br/historia/campeonato-brasileiro-1971.php

Tuesday, August 20, 2013

O Álcool, ou a falta dele, e a Sociedade

Saarbrücken (quanndo aqui vier vá na Gasthaus Zahn)

Por causa do post abaixo fiz uma promessa. Durante o intervalo da final, ainda 0x0 e o Galo nao jogando grandes coisas, sentenciei mentalmente: se ganharmos o título vou ficar 40 dias sem beber. Uma quaresma fora de época.

Ganhamos, como todo o Universo já está careca de saber, e estou cumprindo o prometido. Depois aumentei pra 42 dias, um pra cada ano sem o Atlético Mineiro ganhar um título importante. O primeiro, e único, foi o Brasileiro em 1971.

As últimas gotas de álcool vieram das latinhas, ou melhor, latoes frios de Brahma em frente a sede do Galo em Lourdes. Os 4,5% já nao faziam efeito algum. A adrenalina nao deixava.

O dia seguinte, uma quinta e ainda incrédulo, ocorreu sem bebidas. Nem no encontro fugaz com a cunhada, o cunhado, namorada e cia. no restaurante do ano, o 2013, resistiu. Poderia muito bem iniciar a promessa na sexta. Aliás, essa era a combinacao mental original. Enquanto eles bebiam coquetéis mirabolantes eu só olhava me sentindo um excluído.

Na sexta de manha a confusao do vôo cancelado e a remarcacao da volta via Guarulhos para o sábado a tarde me deram um dia a mais de Brasil. Agradeci os vouchers de taxi oferecidos pela Azul e me mandei de volta pra casa. Lucas me conta a boa notícia: ganhei de brinde uma festa de aniversário do tio querido, o Renato. Lá chegando me oferece um whisky. Ou mesmo uma cervejinha pra refrescar. Quem sabe um vinho português, aquele que eu adoro?! Nao tio, obrigado. Explico a promessa, ele sorri e diz: mas logo hoje?! Nao era pra eu estar aqui, e conto sobre a péssima manutencao das aeronaves celestes. Também, uma cia. aérea com esse nome nao poderia me transportar com o manto alvinegro.

No quinto ou sexto dia seguido vestindo uma camisa do Galo, incluindo a de 85 surrupiada do irmao com a desculpa de que "depois devolvo", parti pra Guarulhos de Azul. Normalmente em aeroportos procuro um pub ou restaurante e por lá fico. Bebendo e lendo um livro que trouxera ou acabara de comprar. Me sentei no bom restaurante cujo nome nao me lembro e o garcom pergunta se quero comemorar o título com uma caipirinha ou uma cerveja. Digo que ficarei no suco e seus olhos quase caem na mesa. Abstêmios se tornam sem educacao por natureza.

No aviao peco sempre uns dois ou três copos de vinho tinto acompanhando o jantar. Durmo antes da metade do primeiro filme. Dessa vez nao. Suco de laranja. Revira daqui e dali, mas dormir que é bom, nada. Na Suíca o passeio pelo freeshop foi uma tortura. Comprei os shampos que Ela encomendou, o creme para a pálpebra e chocolates na promocao. Depois fiquei ali olhando aqueles nomes tao familiares: Ardberg, Glenmorangie, Lagavulin, Laphroaig, Cardhu. Sem poder sorvê-los pareciam nomes de tribos celtas já extintas.

Já em casa na Alemanha, Ela me recebe aos beijos e abracos. O calor pede uma cerveja ou um bom branco alemao no jantar. Nada disso. Água ou suco. Sinto um olhar de aprovacao na promessa. Me sinto manco. Falta alguma coisa. Mesmo de banho tomado e vestindo roupas confortáveis sinto falta de algo. Visceralmente.

Após alguns dias comeco a me sentir melhor fisicamente. Mas psicologicamente nao me lembro de nada relevante que tenha acontecido. Nenhuma piada, discussao, encontro, zero. Adiciono exercicios aeróbicos a quaresma futebolística. Bicicleta, natacao e corridas. Comidas leves a noite. Frutas e iogurtes no meio das manhas e tardes. Emagreco facilmente. Ela gosta, embora comece a me estranhar. Me pergunta "quem é você?!"

Vem a primeira prova de fogo: um almoco na casa do amigo mais cachaceiro de todos. Ao saber ele provoca, me chama de boiola, diz que estou perdendo tempo e que o vinho tá ótimo. Masoquistamente, pego o copo dela e sinto o aroma. Realmente excelente. O gosto tá melhor ainda, retruca o sacripanta. Depois do almoco, whisky japonês. Aquele que os bons bebedores sabem qual é. Suntori, Hibiki ou Yamazaki. "Comprei naquela lojinha bacana que te falei", alfineta. Vejo-o em delírio profundo sentando no sofá rodando o copo nas maos. E eu com cara de paspalho tentando achar graca de mim mesmo. Me senti manco, agora mudo.

Ela pergunta se tá tudo bem. Diz que fiquei triste. E nos últimos dias tímido. Logo eu. Vamos em frente! Promessa é pra ser cumprida.

No final de semana seguinte, novas provacoes. Primeiro um almoco com o citado cachaceiro, Herr Bock, e o Luis na Altstadt. Justo num restaurante com Pilsner Urquell na bomba!!! Pedi suco de laranja (sic). Na saída, um passeio pela agradável tarde de sábado na cidade velha. Paramos onde?! Na Uerige Brauerei, a cervejaria de Altbier mais tradicional da cidade. Herr Bock é sádico por natureza. Fiquei olhando o vazio, falando pouco, gargalhadas só dos outros. Estou me adaptando, penso.

No dia seguinte, almoco com a turma. Outros dois cachaceiros adicionados ao grupo apenas pra me espezinhar. Mas me surpreendi com a reacao deles. Nada falaram, aceitaram respeitosamente minha situacao e pouco provocaram o pagador de promessas. Mais uma vez, suco de laranja enquanto copos de pils e altbier fluiam pela mesa com leveza.

Mas o pior ainda estava por vir. Encontro em Paris com o Emi Pê que passeava pela Europa. Chegamos na sexta a noite e cansados saímos pra beber alguma coisa. Na brasserie da esquina eu normalmente pediria uma cerveja. Ela nao quis beber e pediu um chá de menta. Resolvi acompanhar. Me senti um mulcumano numa mesquita parisiense. Nem sei se mulcumanos parisienses bebem chá de menta a noite, mas foi assim que me senti. Podem ser marroquinos também, tanto faz nesse caso. Eles adocam com mel?!

No sábado picnic em Versailles com direito a quitutes da Epicerie de Paris e vinhos tintos. Após insistentes pedidos, continuei no suco de laranja apesar da ocasiao pedir o contrário. A noite no restaurante que depois virou boate foi pior. Emi Pê e Chanel mandando ver nos tintos e as meninas na champa. Eu na água mineral. Com gás! Depois vieram os drinks e coquetéis. A turma ia se animando, comecando a dancar, fazer gracinhas, rir fácil. E eu lutando contra o sono. Balada sem bebida é uma merda. Foi aí que o Emi Pê contou do escocês que namorou a cunhada dele. Certa vez ele trouxe de presente uma garrafa do Monkey Shoulder, whisky venerado por vários branquelos de saiote. Nunca ouvi falar, respondi. E nao é que na prateleira do bar da boate tinha uma garrafa?! Ampola essa que nunca havia atravessado meu olhar. Ela olhou pra mim me seduzindo. Um copo vazio com apenas uma pedra de gelo repousava no balcao. Resisti bravamente a tentacao. Queria um café, mas nao tinha. Lutei contra o sono balancando o esqueleto enquanto o Emi Pê provocava um china dancando melhor do que ele. Cenas hilárias.

Hoje é o 27° dia sem beber e a promessa termina na quinta, 5 de Setembro. Serao 42 dias de desintoxicacao tentando ver a Vida por outra ótica. Percebendo o quanto somos dependentes do álcool. A única vantagem talvez seja poder dirigir sem preocupacao com blitz. Mesmo assim raspei o retrovisor do carro na parede saindo do estacionamento da boate em Paris e quase catei um meio-fio. Tava bêbado de água.

A bebida te inclui. Faz o individuo ser aceito no grupo. Ou discriminado e rechacado. Alivia as tensoes e diminui os problemas. Ou estes pelo menos sao esquecidos por uma tarde ou noite. A conversa flui leve e solta. As risadas saem naturalmente. O corpo responde automaticamente aos estímulos musicais. Fala-se alto. Bobagens e coisas importantes. Dizem que ficamos mais verdadeiros quando bêbados. Acho que eliminamos as máscaras e pudores. Amores nascem e morrem. Filhos sao feitos. Negócios comemorados. Títulos celebrados. Amizades fortalecidas. Momentos eternizados.

Ser sóbrio e sisudo demais nao faz bem a saúde. Voltarei em grande estilo bebendo menos, mas com mais qualidade ainda.

Wednesday, July 31, 2013

Galo conquista as Américas

Meerbusch (calor baiano na Alemanha)

Este post foi originalmente escrito no saguao do aeroporto de Guarulhos dia 27 de Julho de 2013 aguardando o vôo pra Europa.


Guarulhos (ô ô ôôôô ô, vai pra cima deles Galoooo!!!)

Fazem cinco dias que só visto o manto alvinegro. Estou meio surdo de tantos foguetes. O pescoco ainda dói na nuca da tensao de quarta-feira. Sair de Düsseldorf pra ver a finalíssima da Libertadores foi uma das melhores coisas da minha Vida.

Se nao viesse e o Galo ganhasse jamais me perdoaria. Sao 39 anos torcendo e sofrendo. Gritanto campeao apenas para títulos inexpressivos como o Mineiro e a Conmebol, que nem existe mais. Agora chamam de Sulamericana embora o nível seja mais baixo. Precisávamos mais do que qualquer time do planeta de uma consagracao. Uma redencao.
Nos 42 anos entre a conquista do Brasileiro de 1971 e a noite de 24 para 25 de Julho de 2013 a Massa alvinegra sofreu. Teve paciência e uma perseverança inacreditáveis. Soube acreditar no projeto de longo prazo do maior presidente da História do Atlético, Alexandre Kalil. Maior mesmo que o próprio pai, seu Elias.

(Um negao gordo e sacudido acaba de sentar ao meu lado. Elogiou a camisa alvi-negra e perguntou se eu tinha ido no jogo. Sacou um spray do bolso e borrifou no preto sapato direito. E agora o esquerdo. Me deu parabéns e disse ser “atleticano mesmo, de Uberaba”)
A espera foi recompensada. Todos os fantasmas foram exorcizados, especialmente o de 1977 naquela fatídica disputa de penalties contra o Sao Paulo pelo Brasileirao. O Galo terminou o campeonato como vice-campeao invicto, mas viu o rival dar a volta olímpica em pelo Mineirao. Castigo maior, impossível. Meu pai me contou que nunca viu uma multidao tao silenciosa na Vida após o fim do jogo. Clima de velório nas avenidas Abraao Caram, Antônio Carlos e Catalao.

Após conquistar a Libertadores todos os pés frios foram absolvidos. Meu irmao Marcos, vulgo Negao, é um dos maiores. Ou era. Teve ano que o Galo ganhou todas as partidas em casa menos uma, um empate. E este fora justo o jogo em que compareceu.
A fama de azarado do técnico Cuca acabou. Fez substituicoes ousadas ao longo do torneio, jogou sempre no ataque, comandou com pulso firme jogadores tarimbados como Ronaldinho, renegados como Jô, promessas como Bernard, o zagueiro  “selecao” e capitao Réver, o desacreditado e agora Sao Vitor, e até mesmo um Tardelli apaixonado pela torcida, mas tendo que provar seu valor a cada partida.

Kalil filho dedicou o título ao pai, Elias. Antes de quarta era considerado o melhor entre todos os presidentes. O filho o supera e coloca o Galo num nível jamais alcancado. Já estamos na Libertadores 2014. Vamos disputar a Recopa 2013 contra o vencedor da Sulamericana. O Mundial no Marrocos em dezembro é uma realidade. Ainda podemos buscar o Brasileiro, já que estamos apenas 8 pontos atrás do líder Inter, mas com dois jogos a menos. E de lambuja tem a Copa do Brasil.

#euacredito

O EU ACREDITO foi uma das coisas mais belas e impressionantes que já presenciei. Uma verdadeira licao de Vida. Acreditar sempre, incondicionalmente. A Massa carregou o time rumo a$o título. Nao parou de apoiar um segundo sequer ao longo do campeonato, mas principalmente na final contra o tri-campeao das Américas, o Olympia do Paraguay.

Confesso que após o primeiro tempo, se continuassem jogando daquele jeito, achei que nao daria. O gol de Jô logo no primeiro minuto do 2° tempo incendiou o Mineirao. Assisti a partida inteira em pé, sem sair do lugar pra nada. Nao bebi água, cerveja ou suco. Nao fui mijar. Nao me sentei. Fiquei ali, na antiga Galo Prates exatamente na linha divisória do gramado à espera de um milagre.
O 1° tempo foi todo ao lado do amigo e irmao Chris Lua. Tenso e de poucas palavras. No intervalo ele sumiu. Contou depois que sua presença tava dando azar. Imaginem! Assistiu a segunda metade da peleja no bar, bebendo e ouvindo no radio. Nao viu os gols, nem a prorrogacao, nem os penalties. Estratégia de doido, mas que deu certo. Certíssimo.


Meu já citado irmao Marcos Negao fez o mesmo. Ficou o 2° tempo todo no bar vendo pela tv. Aliás, meus irmaos que gostam de futebol estavam todos no estádio. Rato ficou no lugar de sempre, atrás do gol junto com a Galoucura e ao lado do fiel companheiro Gazzi, uma comédia ambulante. Elaino e Leocádio ficaram por ali também, por coincidência ao lado do Tó e Tunicao. E Janemamae, Murgas e Titas em casa torcendo feito doidos. Guidao estava no meu bolso em forma de RG e no coracao, sempre. Tem dedo dele nessa conquista, pode ter certeza.
No segundo gol, custei a acreditar. A bola parecia estar em camera lenta. Assim como a subida e o erro no tempo de bola do zagueirao Leo Silva. Ele rompeu os ligamentos do ombro mês passado e jogou as finais no sacrifício. Nao pode sequer levantar o braco, por isso subia todo duro e desengoncado pras cabecadas.

Meu palpite era 2x0 no tempo normal e mais um gol na prorrogacao. Mas se o sofrimento nao for no nível máximo nao é Galo. Cuca poderia ter colocado o Guilherme e nao o Alecssandro quando fez a primeira substituicao. Na meia hora final de jogo o ataque estava muito enfiado e dependia das jogadas de Rosinei e Josué. Este ultimo foi um monstro e o melhor em campo, na minha humilde opiniao. Na da Itatiaia também.

Sao Vitor, travessao e festa
Vitor dizia que quando se ganha o rótulo de santo é preciso fazer um milagre por dia. Estava certo e fez mais um ao pegar a primeira cobranca paraguaya. O fantasminha de 77 rondava a Pampulha ali de longe, sobrevoando marotamente a lagoa. Mesmo sendo escorraçado do Independência após a antológica vitória contra os Newells Old Boys argentinos, ele teria que ser morto no local de nascença pra nunca mais voltar.

Os atleticanos bateram todas as cobranças com perfeiçao e no canto direito do goleiro fazedor de cera professional, o parente Silva. O travessao explodiu de alegria, extase e delírio ao receber a quinta e última cobranca do Olimpia. O Mineirao foi a loucura e entrou em catarse coletiva. Depois veio um sentimento instantâneo de alívio. Do EU ACREDITO ao EU NAO CONSIGO ACREDITAR numa fracao de segundos.
Abracei quem estava ao meu lado como se fossem irmaos. E sao mesmo. Na saída vi uma senhora de pelo menos 80 anos indo embora amparada pelos filhos, feliz que só ela. Licao de Vida, mais uma. Os amigos aparecendo pelo caminho, vibrando, dizendo que “tive a manha demais” de vir pro jogo. Sempre respondia dizendo que jamais ficaria de fora dessa festa. Do Mineirao pra sede do Galo em Lourdes foi um pulo. Foguetes incessantes, algumas cervas, novos encontros inesperados. Nenhuma briga ou confusao. Apenas alívio pelo fim de uma era e o início de outra.

Esperamos tanto, mas valeu cada nova licao aprendida nas derrotas. A primeira que lembro e uma das mais traumáticas, contra o Flamengo na decisao do Brasileiro de 1980. Guidao meu pai me tornou atleticano. Estava lá na sala de tv nesse dia, confiante na vitória que nao veio. Depois a roubalheira no Serra Dourada pela Libertadores de 81. José Roberto Wright, o sr. é um FILHO DA PUTA. As várias eliminacoes em semi-finais pelo Brasileiro pelo Coritiba em 85, Guarani em 86, Flamengo de novo em 87 após fazer a melhor campanha e ter todos os recordes do torneio. Em 91 o algoz foi o Sao Paulo. Nossa fase ruim foi acompanhada da ascencao do rival. Nova derrota na final do Brasileiro em 1999, dessa vez para o Corinthians. Em 2001 para o inexpressível Sao Caetano novamente nas semis. Isso sem falar nos carrascos da Copa do Brasil, torneio que jamais chegamos nas finais. Criciúma, Goiás, Vasco e até um nanico chamado Brasiliense já eliminaram o Galo.
A vitória é mais do que esperada, o objetivo final. É vislumbrada, sonhada, imaginada e até celebrada antes mesmo de acontecer. Engole-se fácil e saem todos lépidos e fagueiros celebrando por aí. A derrota, e foram tantas, ensina. É muito mais sofrida e difícil de digerir. Tem um inconfundível gosto amargo. Inesquecível. E se?! O imponderável se apresenta. Imagina-se o que teria acontecido. Aquela ilusao de felicidade que estava ali, a meio segundo, a dois passos do paraíso, se esvai, evapora. O grito de campeao engasgado na garganta durante 42 anos finalmente saiu. O estrondoso urro varreu a cidade como um furacao. Mas valeu a pena esperar cada segundo. Cada mes e cada ano. Após as várias eliminacoes, derrotas, e canecos escorregadios que passaram pelas maos de tantos jogadores talentosos  a Massa Atleticana foi se galvanizando, foi ficando mais forte e resiliente. Como uma corda que se arrebenta facilmente na primeira esticada, mas depois volta mais forte e bem amarrada. Com mais fios e entrelaçada. Até que se torna indestrutível e inabalável.

Agora uma nova era se inicia. Que venham os próximos 42 anos, mas cheios de conquistas, orgulho e glória de ser atleticano. E que justifiquem o Amor incondicional que a Massa tem pelo time.
Galo forte vingador, vencer é o nosso ideal!

ps. se ganharmos o Mundial contra o temível Bayern München as marias terao que escolher outro planeta pra viver.

Criquet, Ales, Aço e Galo

Esse post foi originalmente escrito no dia 11 de Julho de 2013 no aeroporto de Manchester enquanto eu bebia ales e comia fish & chips. Vai na íntegra do jeito que ficou.

Manchester Airport (degustando uma Jaipur IPA da Salopian Brewery, Shrewsbury, Shropshire, UK)
Os ingleses sao realmente um povo peculiar. Antes de entrar no carro do Alan Gillard, inglês da gema apesar do sobrenome francês, fui em direcao ao lado direito, o do passageiro. Ele riu e disse “estamos na Inglaterra”. Ao entrar na Motorway M1 se gabava dizendo que o resto da Europa é que dirigia do lado errado e eles, súditos da Rainha, sempre estiveram mais do que certos.

Desci em Meadowlands vindo do aeroporto de Manchester numa quarta-feira de sol. No caminho o tempo foi piorando, a neblina aparecendo e ao chegar em Sheffield encontrei o típico clima britânico. Nuvens cinzentas e sérias. O objetivo da viagem era aprender com os ingleses o bem sucedido modus operandi em funcionamento num conhecido cliente. Mas nao foi só isso que aprendi.

Criquet
O jogo de criquet, por exemplo, é uma instituicao local. Jogam agora o torneio “The Ashes”, série de cinco jogos clássicos entre Inglaterra e Australia. Metrópole vs. Colônia. Em disputa uma mini urna contendo as cinzas dos pauzinhos da casinha usada no primeiro jogo entre os dois paises ocorrido uns 200 anos atrás.

Criquet é uma mistura de bente altas com basebol. Ou o contrário. A tal casinha é feita de pauzinhos de madeira. Essas cinzas da urninha vieram da parte superior, equivalente ao travessao num gol de futebol. Acontece que cada jogo tem a bagatela de CINCO dias de duracao. Isso mesmo, cinco dias. Comecou ontem o primeiro da série com previsao para terminar no final de Agosto. É que entre um jogo e outro temos um intervalo de até uma semana. Os atletas precisam se recuperar de tamanho esforco, claro. Os jogos geralmente comecam às 11h da manha e terminam às 18h. Pausa para almoco, dois lanches e às 16h o tradicional chá que nao é das cinco e sim das quatro. Durante a transmissao os narradores vao se revezando, sempre em dois, ao longo dos cinco dias e das semanas.

Um famoso comentarista local participava ontem do evento, sempre transmitido em ondas longas, as long waves. Nao temos esse tipo de frequência no Brasil, ou pelo menos nao é muito popular. O jogo é apenas pano de fundo para os comentaristas tegiversarem sobre o clima, comentarem as últimas da politicagem inglesa, os resultados de outros esportes, problemas familiares entre os speakers e outros assuntos banais. Quando algum lance relevante acontece param tudo e se concentram no jogo. Depois voltam pra resenha original. Vira e mexe alguma matrona inglesa manda uma torta vinda lá de Dundee, por exemplo. Recebem-na com água na boca e comem a bendita no ar. Comentam depois sobre a textura da bendita, os sabores e cores divagando no final de onde virá a próxima e qual seria o sabor.

Music & Pints
A excelente música pop rock inglesa também é um capítulo à parte. Entrei no supermercado ontem ao som de “With or Without You” do U2. Nos pubs é desnecessário comentar o setlist. Sempre excelente. Na porta do carro do Alan tinha alguns CDs dos Beatles. O Paul que me levou hoje a outro cliente, tem Bruce Springsteen como toque de seu telefone. Na lojinha de sanduiches no almoco uma simpatico gorduchinha vestida de chapéu e trajando bigodes posticos me atendeu alegremente ao som de Jamiroquai. Ainda gargalhou perguntando se eu ia espalhar a foto pra mostrar o mico que ela  pagava de quando em vez. Tudo pra atrair mais clientes.

Após cumprir a missao Alan me perguntou se queria tomar um pint. “Why not”, respondi. Contava pra ele sobre o festival de Real Ales que fomos esse ano em Burton on Trent, capital cervejeira inglesa. O festival era da CAMRA, Campaign for Real Ale, entidade que resgatou a tradicao e as receitas antigas das cask ales inglesas servidas nas antigas bombas manuais sem gás carbônico. Detalhes sobre o festival merecem um post a parte. A espuma do copo é uma fina nata que vai colando no copo a medida que o felizardo bebe. Se grudar é porque o pint é bom, ensinou Alan. Num pub que ele nao frequentava havia 5 anos bebemos duas ales.

Galo x NOB
Com uma terceira sorvida num pub perto do hotel acompanhado de um honesto “chicken masala” da culinária Indiana, voltei ao hotel. A noite prometia em emocoes. Galo x Newells Old Boys pela semi-final da Libertadores. Jogo comecando às 1:50h horário de London. Tentei dormir em vao. Poderia ter assistido ao jogo na internet via Rojadirecta, mas preferi a velha, boa e dramática Rádio Itatiaia mineira e a voz inconfundível do Mário Henrique, o Caixa, e Roberto Abbras como reporter de campo. Escolha certeira. Aos 3 minutos 1x0 gol de Bernard. Pressao durante todo o 1° tempo em vao. Um penalty nao marcado em Jô colocou a primeira pulga atrás da orelha. Perdemos o primeiro jogo em Rosário por 2x0 e precisávamos do mesmo placar pra levar a decisao aos penalties.

O derradeiro tempo comecou com o inimigo melhor posicionado em campo. Bloqueando as investidas alvinegras e ganhando preciosos minutos. Ronaldinho aparecia o suficiente, mas nao muito e era ofuscado pelo talento e alegria nos pés do menino Bernard que finalmente voltou a jogar bem. Um providencial apagao no meio do 2° tempo, segundo alguns proposital, esfriou os ânimos argentines e colocou o Galo de volta ao jogo. Foram 13’ de interrupcao. Treze é Galo no jogo do bicho. A pulga se foi.
Guilherme, jogador que nao gosto por achar ser lento e pouco produtivo, entrou e marcou o segundo e salvador gol a 6’ do final. Estávamos no mínimo nos penalties. O Newells tentou de tudo pra nao tomar mais gols e levar a disputa para os penais. Ambos converteram as duas primeiras cobrancas, mas o fantasma de 1977 apareceu.

(Pra quem nao sabe o Atlético foi vice-campeao brasileiro invicto em 77 perdendo a decisao nos penalties para o Sao Paulo em pleno Mineirao. A cada defesa do goleiro de Deus Joao Leite um jogador alvinegro mandava a bola longe. Até que Joao parou de fazer milagres, mas os incompetents atletas continuaram errando. Resultado: bambis campeoes).
Jô errou, mas o argentino também desperdicou a terceira cobranca. Richarlysson mandou na lua e gelei na cama do hotel. Mas os hermanos foram camaradas e nao souberam aproveitar a vantagem. Pensei “agora R10 marca e depois Sao Vitor vao pegar”. Nao deu outra. Ronaldinho partiu pra quinta e derradeira cobranca e fez Galo 3x2 deixando nosso destino nas maos de Sao Viktor. Ele nao decepcionou e pegou a patada portenha classificando o Galo e a Massa para a inédita e tao sonhada final da Libertadores.

The Day After
No dia seguinte novas informacoes técnicas e culturais inundaram minha mente. Paul me contava que aos 15 anos teve o privilégio de assistir Sheffield Wednesday x Santos com Pelé e cia. O Santos ganhou de 2x0 e o jogo entrou pra história da cidade. Fiz cópia de uma revista relatando a partida que foi cuidadosamente guardada por Paul, torcedor ferrenho do Wednesday que hoje joga a Segundona inglesa.

A cidade de Sheffield e arredores sempre foi o coracao da indústria siderúrgica inglesa. Hoje em dia sao poucas as usinas ainda em atividade, mas o suficiente pra manter muitos fornecedores e trabalhadores ocupados.
Aqui no aeroporto continuo aproveitando das Real Ales enquanto rascunho essas linhas. Espero aumentar o volume de vendas na Holanda pra voltar aqui mais vezes.

Tuesday, July 02, 2013

Aussies psicodélicos


Hilden (um ciclista foi atropelado na esquina)

Vi a dica no Blog do Ico semana passada. Ele contava do show da banda em London no final de semana passado. Rápidos cliques e chego no site oficial. Show em Colônia dia 1° de Julho num tal Gloria Theater. Ingressos comprados sem o consentimento Dela, mas na certeza de que iria adorar o programa. E assim foi.

Tame Impala vem da Austrália, terra de AC/DC, INXS, Midnight Oil e Kate “blergh“ Minogue. Fazem um rock psicodélico progressivo com muito groove e visual, luzes e imagens acompanhando os acordes. Nao se preocupam muito com quem veio antes. Vao lá e fazem o som deles com personalidade pouco se lixando pra comparacoes e para o futuro.

O batera é diferenciado, mas toda a banda tem muita qualidade. Nao é por acaso que já tocaram no Coachella 2013 e vao tocar em Glastonbury e outros festivais do verao europeu. O timbre do voz do vocal lembra John Lennon, embora seja difícil entender o que ele canta.

O Gloria Theater é um espetáculo. Antigo cinema/teatro foi transformado em casa de shows mantendo a aura antiga. Um bar no fundo em altura privilegiada servia os sedentos jovens alemaes. Foi ali que ficamos estrategicamente posicionados atrás da mesa de som alimentados de música da melhor qualidade e uma boa Veltins “vom Faß”, direto do barril.

Só esqueci de comentar sobre o show com quem tinha me apresentado a banda, Herr Bock. O alemao ficou irado… no mal sentido.
 
Quem quiser ouvir o primeiro album completo, Innerspeaker, é só clicar aqui. Pra ouvir o segundo e último, Lonerism, aqui.
 

Friday, June 07, 2013

Nove anos no Velho Mundo

Hilden (quando o gato sai os ratos tomam conta)


A última grande retrospectiva que fiz aqui foi ao completar 5 anos na Europa. Claro que aconteceu muita coisa nesses 4 anos.

Mudamos de casa duas vezes. Os bons e velhos amigos continuam. Novos apareceram. Perdi contato com a turma do Doutorado, normal. Continuei correndo de kart até ganhar o caneco ano passado após dois anos batendo na trave e comendo poeira do grego Dimitrios.

Viagens as pencas. Costa Amalfitana, Pompéia, Roma, lagos suícos, Dinamarca, cidadezinhas na Holanda e Bélgica, sonho realizado ao conhecer Sao Petersburgo e Moscou, Champagne, Borgonha, sul da Franca, Normandia e uma parte da Bretanha. Capitais da Escandinávia, festival de cerveja no interior da Inglaterra, Birmingham.

Costumo dizer que a europa é infinita. Tem pra todo mundo. Natureza, frio, cultura, calor, esportes radicais, gastronomia, todo tipo de bebidas em especial vinho, cerveja e whisky. Ah, comecamos a fabricar cerveja. Eu fico ali acompanhando o processo enquanto Albert e Alfredo metem mesmo a mao na massa. Sou o gerente da cervejaria.

Nao fui a nenhuma corrida de Formula 1 neste periodo, uma burrice imensa. Mas pretendo ir a Spa esse ano. Ali estive em 2007 e estava ao lado da Eau Rouge quando Hamilton e Alonso, entao na McLaren, fizeram a curva lado a lado na primeira volta. O Delega KXA tava comigo, grande irmao que conheci em Vienna e voltou pra BH. Tem ainda as 24h de Le Mans e as de Nürburgring.

Estou em outro emprego também e nao muito satisfeito. Apesar de ter entrado numa fogueira e ter que me virar em alemao nas siderúrgicas alemas, até que me saí muito bem. Mas pra falar a verdade, ando sem saber o que quero fazer no futuro. O problema de ter tantos interesses é a falta de foco. Fotografia, automobilismo, cerveja, vinho, alemao, italiano, francês, futebol, literatura, gestao de carreira, projetos, vendas, cinema. Simplesmente nao consigo eleger um único assunto e me concentrar nele. Acabo fazendo tudo pela metade, ou bem mais ou menos.

Se teve alguém que fez e ainda faz essa experiência valer a pena ela é a minha mulher. Mininete, Amore mio, Juliette, amiga, companheira e amante para todas as horas. Me escuta quando preciso e fala o que devo ouvir, mesmo nao querendo. Às vezes ela parece um oráculo. Solta profecias que invariavelmente acabam se concretizando. Seja pra tirar pessoas do mal se seu caminho, seja para juntar casais, desmarcar compromissos indesejáveis ou mesmo fazer acontecer uma viagem ou evento com chances mínimas de ocorrer. Ela joga na loteria toda semana, mas até agora nada.

Morar longe de tudo e de todos nao é fácil. Quem mora no Brasil só se lembra do glamour de turista quando se fala na Europa. Se esquecem que aqui nao tem papai, mamae, vovó e titia pra ajudar nas tarefas do lar e a tomar conta dos pimpolhos que nem temos ainda. A imensa maioria das pessoas fazem tudo sozinhos. Lavar roupa, fazer compras, cortar grama (tem aqui sim, Gordo Safado), levar e buscar os filhos na escola, limpar a casa, lavar banheiro, passar aspirador e tantas outras atividades corriqueiras.

Fica aquela sensacao de estar perdendo a convivência com as famílias e os amigos. Perdi incontáveis casamentos. Fui só no do Bernardinho por uma feliz coincidência. O único que planejei mesmo pra estar presente foi o do meu amigo Slow. Mas também, casar em Trancoso nao é todo dia. Ainda mais com a turma dos Engos toda reunida. Veja o video do casório http://vimeo.com/67759958. Sou o maluco com a bandeja aos 3:07. A senha pra assistir é tatianaebruno.

As criancas vao crescendo. Quando chegamos pra passar férias nem todos os sobrinhos logo te reconhecem. Se nao fosse pelo Skype a situacao seria bem pior. Percebemos as marcas do Tempo com mais profundidade. Algumas pessoas e coisas nao mudam nunca e é até bom que continuem assim, pra sempre. Mas tantas outras torcemos para que mudem e nada acontece. Em alguns casos, só piora.

Aí quando recebemos visitas, seja um casal de brazucas com duas filhinhas lindas como o Theo e a Denise e as princesas Camila e Clarinha, ou amigos solteiros, casais apaixonados, malucos só de passagem, pais só com os filhos e claro, nossas famílias, os vínculos se reforcam. É como se o Brasil estivesse aqui por um tempinho efêmero. O Tempo parece parar e a atencao aos visitantes é intensa. Comes e bebes fartos, passeios, viagens curtas e longas, conversas e revelacoes inesperadas, expectativas correspondidas e frustradas. Cada visita é uma mini Vida.

Após nove anos é impossível pensar e agir da mesma forma que antes. Minha cabeca mudou. Algumas conviccoes continuam as mesmas, outras se reforcaram e umas poucas mudaram radicalmente. Vamos ficando mais tolerantes e pacientes com o passar dos anos. Pelo menos deveríamos ficar. Aprendemos a aceitar as diferencas, sejam elas culturais, geográficas, sociais, religiosas, futebolísticas e sexuais.

Chegando aos quarenta percebemos que existe gente honesta, bacana e positiva em qualquer lugar do mundo. E que os malas, corruptos e negativos estarao sempre por aí importunando sua Vida. Resta a você decidir se eles farao parte da sua existência ou nao. Tem muito alemao chato e racista, mas também temos os solidários e amigos para todo sempre. Já o brasileiro gosta muito de falar uma coisa e fazer outra. Vive postando frases de efeito no Facebook e Instagram pra no minuto seguinte fazer o oposto dos dizeres. Sao os pequenos atos que fazem a diferenca de uma boa convivência. Um bom dia a moca do supermercado, ceder o lugar no ônibus ou trem pra velhinha, dirigir com mais educacao (neste ponto tenho que melhorar muito. Tem dia que saio dirigindo feito o Pateta naquele desenho animado) e por aí vai.

Sinto às vezes que sou um egoísta. Vivo o meu sonho ao lado da mulher que amo e pronto. É como se deixasse tudo pra trás, privasse as pessoas que mais gosto da minha convivência, abandonasse meu país e cultura pra seguir meu rumo de acordo com minhas preferências. Enquanto isso, pouco faco pra ajudar meu país a ser um lugar melhor pra se viver. Mas nao é isso que todos deveríamos buscar na Vida?!

Gosto de provocar debates, cutucar as pessoas, mexer com quem tá quieto fazendo-os sair da zona de conforto, rebater e no final das contas, refletir sobre uma determinada situacao. Alguns gostam, outros nao entendem patavina e poucos ficam revoltados. Mas no final todo mundo dá uma sacudida.

Vivo metendo o pau, apontando defeitos, comparando com a Alemanha, mas acao mesmo que é bom... nada. Mas ao fazer isso nao deixa de ser uma contribuicao, mesmo que pequena. Infelizmente a raca que comanda nosso país já o condenou a ser o eterno país do futuro. Quando digo raca me refiro nao só aos políticos, independente do partido, mas aos grandes empresários, aos donos das fortunas, à chamada elite do país, salvo raras excecoes. É só vem a nós e nada pra sociedade. A massa de novos ricos acha tudo lindo. Somos uma cópia mal feita da sociedade americana com todos os defeitos deles e da colonizacao portuguesa. Como já dizia Cazuza: "transformam um país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro".

Ando meio sem esperancas em relacao ao Brasil. Essa Copa e Olimpiadas só servem pra comprovar minha desesperanca. Por isso vou torcer pra Argentina e que o Messi arrebente. Só pra provocar. Mas quem vai ganhar mesmo é a Alemanha. Aí a cerveja vai acabar, tenho certeza.

 

Wednesday, March 06, 2013

Brasil vs. Alemanha - Seguranca

Meerbusch (quem é o prisioneiro?!)

O Rheinpark se esparrama entre a Tonhalle, casa dedicada a concertos de música clássica, e a Theodor-Heuss-Brücke, uma ponte ligando Düsseldorf ao seu bairro mais nobre, Oberkassel. Fica a 10 min caminhando da Altstadt, a cidade velha e centro.

Nao sei exatamente quantos metros quadrados de área verde este pulmao da cidade possui. Nao é o único, talvez apenas o mais usado por seus cidadaos. Tem também o Hofgarten, Jardim da Esperanca, literalmente no coracao de Düsseldorf. E também o Volkspark, Parque do Povo, o Südpark, o Nordpark e até o Wildpark ao leste. Mas esse tá mais para floresta do que parque.

Sentados nos banquinhos casais namoram, velhinhos proseam, jovens dao suas primeiras tragadas e beijos, descolados fazem pic nic com paes, queijo e vinho branco. Amigos tomam algumas cervas combinando a próxima viagem ou relatando a última. O Reno logo em frente com suas barcacas movimentando a economia é testemunha de tudo. Ao ar livre

Nos finais de semana, jogos de futebol em campos improvisados dos mais diversos tamanhos celebram a paixao dos alemaes pela bola. Churrascos se iniciam nas horas mais variadas. Numa vez, durante as comemoracoes do doutorado do Pedro Brito e do Federico, comecamos um às 6 da tarde e varamos a madrugada até 4 da matina. Quem passava oferecia as sobras de suas parrillas, basicamente carne e cerveja. Aceitávamos tudo e a municao da festa nunca acabava.

No verao, centenas aproveitam o sol como podem. Seja lendo, jogando vôlei, brincando com cachorros, passeando com filhos, pais, maes, sogros, primos e amantes. O Biergarten fechado entre novembro e marco dá o ar da graca oferencendo litros e mais litros de pao líquido.

Ciclistas e corredores amadores e profissionais queimam a adiposidade acumulada no inverno. Pais de bike rebocando os filhos nas carretinhas, inline skates seguindo a ciclovia que continua após o parque, lentas caminhadas dos avós aconselhando os netos. O gramado e as árvores assistem a tudo isso, entra ano, sai ano. No verao montam uma tela imensa de cinema ao ar livre. Durante um mês tem-se uma experiência única de ver um filme com as luzes da cidade e o Reno ao fundo. Assistimos Shine a Light em 2012, Thomas, Juju e eu. Invariavelmente chove, fazer o que. Estamos na regiao de menor incidência solar da Alemanha.

A imensa maioria dos prédios nao tem garagem. Isso é luxo por aqui! Mas faz uma puta diferenca quando se mora em bairros movimentados onde achar uma vaga é mais difícil do que um assalto a mao armada. No inverno entao, pior ainda. Todo dia de manha o mesmo ritual. Limpar os vidros com a vassourinha e raspar o gelo das janelas. Tudo isso a 0° C ou menos. Mas é divertido por aqui nao neva muito.

A praca principal da cidade é utilizada o ano inteiro. Seja para feiras de vinho, encontro de carros antigos. celebracoes do 14 de Julho homenageando os franceses com barraquinhas de comidas típicas, um festival de outono com teatro e palco para shows, o Japanische Tag, dia dos japoneses - a segunda maior colônia dos nisseis fica em Düsseldorf - e até uma etapa do campeonato de ski já passou pela praca. Neste inverno uma roda gigante foi montada ali. Logo ao lado dela, chega-se na prefeitura com uma praca menor, mas também usada com frequência. Festival de jazz, mercados de arte, Karnival e tantos outros eventos. Alguns mendigos moram ali perto.

Seja rico ou pobre, sao eventos democráticos. Vai quem quer e tem vontade. Ao ar livre.

// - //

No Parque Municipal de Belo Horizonte a mulher vinha calmamente caminhando com sua filha. Parou pra comprar algodao doce. Nesse curto intervalo, uma senhora chegou perto da menina e a segurou pelo braco. Ela reagiu tentando se desvencilhar. A mulher tentou agarrá-la de novo. A mae percebendo o perigo chegou perto. A possível sequestradora viu seus planos acabando e se mandou.

A reacao imediata é de nunca mais voltar no Parque mesmo sendo ele bem cuidado e policiado.

Desconheco casa ou edifício em BH sem garagem. E nenhum louco que deixa o carro dormir na rua. Os prédios tem áreas de lazer com churrasqueira e piscina. Ficam todos ali seguros aproveitando a folga do final de semana. Na ponta de cima, espacos e varandas gourmet garantem o alto nível da festa. Vistas estonteantes da cidade "dominada" embelezam mais ainda o visual. Cerva importada, carne idem, mostarda também, ketchup e molho barbecue obviamente que vem de fora também. Uma linguicinha marota aparece por ali balancando a bandeira verde amarela tentando participar da farra. Vinhos argentinos e chilenos sao presenca constante. Nada contra eles, pelo contrário. Acho ótimos!

Na outra ponta da corda, Gilberto assa alguns espetinhos numa lata de óleo em cima da laje. A turma faz a festa no pagode e samba de roda. Tem arroz e carne de segunda a rodo. Cachaca também. Aproveitam da mesma forma a folga do final de semana. A cerveja tem mais milho do que cevada, mas o que importa se tiver gelada?!

Carros andam com os vidros fumê, fechados no preto, sempre cerrados. Ar ligado, tá calor lá fora! Se puder blindar, melhor ainda. Mas é pra poucos. As lojinhas de bairro vao minguando lentamente cedendo lugar aos shoppings. Lá tem estacionamento coberto vigiado 24 horas, embora o estabelecimento nao se responsabilize por qualquer dano ao seu veículo.

E os cinemas?! Na Franca é uma festa ver tanto cineminha, cine clube e cinemao nas ruas. Um barato! Dá vontade de aprender francês só pra ir ao cinema. Os luminosos com os dizeres e horários dos filmes, posters e nomes dos artistas. Em BH o último que resiste é o Belas Artes. Até quando?!


A falta de seguranca gera tudo isso. Cada um cria a fortaleza que pode pra proteger-se da sociedade. Acham-se livres, mas sao prisioneiros de si mesmos. Nao podem andar por aí livremente com uma câmera registrando a arquitetura e as pessoas da cidade. Até podem, mas sempre com o pé atrás.

As empresas de seguranca eletrônica ganham rios de dinheiro por causa disso. Trancas, alarmes, seguradoras, segurancas particulares, guarda-costas. Um rio de dinheiro canalizado para combater algo que nao deveria existir. O medo da violência.

Aquele andar descompromissado, apreciando o por do sol de bracos dados com a pessoa amada é cena do interior. Mas bem interior mesmo, nos grotoes do país. As cidades médias brasileiras já estao perdendo esse charme. 

Solucao: sentencas padrao para crimes semelhantes.
Roubou um carro = 1 ano de cadeia;
Matou alguém = 20 anos de cadeia;
Crime hediondo = pena de morte;
Assalto a mao armada com vítima = 25 anos de xilindró. Uma tabela de crimes e punicoes a ser aplicada exemplarmente.

Desburocratizar a justica também ajudaria muito. Processos teriam direito a no máximo um recurso. Depois de julgado e a sentenca promulgada no Twitter do juiz o réu seria imediatamente preso e a pena iniciada na penitenciária mais próxima.

Presídios divididos em várias categorias iriam separar o joio do trigo. Assaltante de banco nao pode ficar preso com estuprador e muito menos com quem cometeu crime passional. Escolas e trabalho para os meliantes que pudessem ser recuperados garantiriam um retorno digno a sociedade.

Como o Brasil é o país de cotas, cria-se logo uma para as empresas empregarem 5% de ex-presidiários em seus quadros. Já seria um comeco.

A pergunta é: quem é o prisioneiro?!