Düsseldorf (sopa de batata é bom pra enxaqueca)
Coloquei o capacete no cabide e me sentei pra ver os emails. Sr. Jeronymo havia saido para uma "volta na área". Aquele burburinho de escritório de obra cheio e movimentado me agradava. Naquela manha úmida e nublada, nada de especial havia ocorrido até entao.
Nogueira, vulgo Nonô do Pipa, fumava seu décimo cigarro e passava as maos no cabelo. Da testa até o fim como se penteasse com as maos. Estava nervoso com o andamento da medicao do mês.
Jaime, sentado com as pernas cruzadas, apenas observava o chororô de um empreiteiro na mesa ao lado. Diniz da Condil implorava ao outro Jeronymo, o paraguaio, para que ele o pagasse antecipadamente no final daquela semana. Diabolicamente, o paraguaio dizia ser impossível.
Johnny Rambone chega discutindo com Dolfinho. Os dois eram uma espécie de Batman e Robin. Uma relacao de Amor e Ódio hilária de se ver. Cada um dono da sua própria razao. Eram irredutíveis nas decisoes tomadas. A nao ser que viesse uma ordem de cima. Enfiavam o rabo entre as pernas e acatavam calados.
De cima quem falava era o Gilson, vulgo Pinga. Maluco de jogar pedra em aviao e sair correndo atrás pra ver se caiu mesmo, era o gerentao do escritório de gerenciamento de obras e fiscalizacao da MBR, Mineracoes Brasileiras Reunidas, em Vargem Grande (MG). Tirava sarro com tudo e todos. Fazia piada com a Maria do café, o Teteco do almox., o Ademir da manutencao e até do Juarez, o temido diretor.
A rádio cuspia notícias esparsas separadas por melodias despercebidas. Naquele zum zum da manha, pouca gente percebeu quando interromperam a transmissao para um plantao extraordinário. Falavam sobre um aviao que teria possivelmente se chocado com uma das torres gêmeas no World Trade Center em Nova Iorque.
O paraguaio, acho, que se sentava perto do rádio e dava notícia de tudo, deu o grito. Colou o ouvido no autofalante e chamou a turma pra ouvir. Alguns ignoraram. Outros levantaram uma orelha enquanto continuavam fazendo o que faziam. Dois ou três se aproximaram dele e se sentaram em frente pra acompanhar a transmissao.
A confirmacao do até entao acidente veio seguida de outra notícia ainda mais inverossímel: outro aviao havia explodido na segunda torre do WTC. Dessa vez, todas as cameras de TV do mundo registraram as imagens. Sem TV por perto pra acompanhar, agora todos no escritório ficaram ouvindo as notícias cada vez mais absurdas.
Um terceiro aviao havia caído no Pentagono. Onde?! Sim, lá mesmo. A sede da "inteligência" militar americana. O país estava vulnerável e em estado de choque. O mundo ficou incrédulo.
O aviao número 4 tinha como destino a Casa Branca ou o Capitólio, em Washington. Cacas americanos chegaram há tempo e o derrubaram num descampado na Pennsilvânia. Bush estava a salvo, pensaram alguns.
Deu meio dia. Pegamos um Gol bolinha e fomos ao Pico almocar. No caminho, silêncio e espanto. No refeitório, a peaozada mal conseguia comer. Alguns faziam gestos mecânicos com o garfo indo em direcao a boca enquanto acompanhavam as imagens na única TV do local. Todos meio estupefatos acabaram se esquecendo por alguns minutos sobre suas funcoes, atividades, profissoes e que raio faziam ali naquele momento.
Nao era possível haverem ocorrido quatro acidentes aéreos no mesmo dia. A palavra TERRORISMO percorreu os quatro cantos do Globo como rastilho de pólvora. Nas montanhas afegas de Tora Tora um certo saudita barbudo esfregava as maos com satisfacao nos olhos.
A política externa americana conhecia e sofria em casa um contra-ataque esmagador, invisível, imprevisível. Ficaram impotentes e só puderam reagir instintivamente. Com apoio militar e popular incondicional.
”If ‘justice’ for the victims of 9/11 entails killing a man called Osama Bin Laden, what would justice for one million dead Iraqis entail? — Jody McIntyre
Dez anos, duas guerras, centenas de milhares de mortos e trilhoes de dólares gastos depois, todos conhecemos os resultados. Aqui uma análise completa, mas nao muito imparcial, feita pelo grupo Folha.
As perguntas que faco, além da que foi feita na reportagem acima, sao:
1. O que mudou no Iraque passados 10 anos do 11 de Setembro?!
2. Como está a Vida das pessoas no Afeganistao 10 anos após os atentados?!
3. O quanto cresceu a conta bancária de empresas americanas como Halliburton, Kellog Brown Root e outras que participaram da reconstrucao dos dois países atacados?!
Muitos dizem que o atentado é uma farsa criada pelos próprios americanos para justificar uma invasao no Iraque e reativa a entao combalida indústria bélica. Entre eles, o principal desafeto da América no momento, o presidente do Ira Ahmadinejad.
Alguns documentários tentaram esclarecer e explicar a queda dos avioes elaborando teorias conspiratórias. Entre tantos e com a ajuda do Making Off, recomendo o "The Power of Nightmares: the Rise of the Politics of Fear" cuja sinopse diz o seguinte:
The
Power of Nightmares (O Poder dos Pesadelos) é um documentário da BBC
escrito por Adam Curtis e lançado em 2004. No documentário é mostrado a
"Política do Pesadelo", a qual consiste em dividir o mundo em dois
polos: Bem (EUA & aliados) e Mal (Ex: Ex-URSS ou Saddam Russein),
supostamente praticada pelos EUA. O documentário é dividido em 3 partes.
A primeira parte consiste em explicar a
origem do pensamento terrorista muçulmano. A qual remonta o ano de 1949,
iniciada por um jovem estudante de pedagogia egípsio, Sayyid Qutb. Qutb
irá aos EUA estudar o sistema educacional do país em um colégio público
no inteior do estado do Ohio. O então jovem Sayyid Qutb se desilude com a
sociedade e os valores estadunidenses; volta no ano seguinte, 1950, ao
Egito e decide lutar contra a presença da influência estadunidense nos
países islâmicos.
A segunda parte mostra como voluntários e
jovens seguidores do pensamento de Sayyid Qutb, dentre eles Sheikh Ayman
al-Zawahiri, foram lutar contra a presença soviética no Afeganistão.
Nessa ocasião, em 1987, Sheikh Ayman al-Zawahiri encontra-se com o jovem
e bilionário saudita Osama bin Laden. Após a debandada soviética o
conflito no Afeganistão é encerrado, e Zawahiri junta-se a bin Laden,
formando uma aliança contra toda e qualquer presença do ocidente nos
governos dos países do Oriente Médio.
A terceira parte consiste em mostrar a
mudança de foco dos extremistas. Antes, era a presença ocidental nos
governos dos países do Oriente Médio e agora passa a ser o ocidente, em
especial os EUA e seus aliados. O documentário também argumenta que o
grupo terrorista Al-Qaeda é apenas um invenção do governo norte
americano para justificar a luta contra o terrorismo.
É um documentário um tanto quanto esclarecedor já que demonstra o quanto o statu quo está nas
mãos de poucos e o quanto eles manipulam e distorcem os fatos sempre em
beneficio próprio.
Cada um que tire suas próprias conclusoes, mas pra mim o 9/11 foi um "inside job".
ps. Foto tirada no Café Concierto em Vienna numa noite altamente bizarra. Além do terrorista mais procurado da Terra estavam presentes o homem-bomba, máquina um e uma anãzinha. Outro dia conto essa.
Atualizando: achei o link para o documentário no youtube: http://youtu.be/Vt-FyuuWlWQ. Engracado esse link com .be separando a palavra "tube". Será que migraram os servidores pra Bélgica por motivos chocolatícos?!


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