Essen (Time is on my side, yes it is!)
Falei aqui sobre as sensacoes dos primeiros instantes ao pisar na terrinha, mas prometi falar aqui das sensacoes contrarias. E resolvi incluir Isabel Allende na lista de autores "Must Read" deste mesmo post e alguns autores brasileiros como Rubens Fonseca, Clarice Lispector e Drummond pra comecar.
Toda viagem que faco ao Brasil acabo sequestrando livros em casa, comprando aqui e ali e so aumento a ja grande biblioteca. Dessa vez nao trouxe nada, so guias de viagens pela Europa, Italia em especial, e revistas. Mas na vez anterior vieram comigo:
- O Vermelho e o Negro - Stendhal
- Memorias de Adriano - Marguerite Yourcenar
- A Elegancia do Ourico - nao me lembro o autor, comprei pra minha mae
- Se eu fechar os olhos agora - estreia literaria do Edney Silvestre (ex-reporter Globo)
- Germinal - Emile Zola
- Admiravel Mundo Novo - Aldous Huxley
E outros tantos que nao me lembro agora. Estao la, esperando para serem devorados a qualquer momento em algum banco de S-Bahn, RE, metro, onibus, pracas ou mesmo na poltrona de casa a ser adquirida especialmente para o cantinho da leitura em fase de desenvolvimento.
Mas o assunto deste post nao sao os livros e sim o que sinto ao voltar pra agora ficando fria Alemanha. A diferenca ja comeca no aviao. As aeromocas e comissarios de voo na ida, Europa - Brasil, sao geralmente brasileiros. Simpaticos, atenciosos, bem humorados, fazem de tudo para que voce se sinta a vontade e confortavel durante o voo. Se chamados, atendem prontamente.
Na volta eh outra coisa. Fazem apenas o minimo necessario, com as excecoes de sempre como a do ultimo voo, para que sua viagem seja tranquila e confortavel. Na Air France, as bichinhas que te atendem parecem estar fazendo um imenso favor ao servirem o jantar, uma agua extra ou uma segunda taca de vinho. Nesse caso sempre tenho prazer em fazer hora com a cara deles. Falo que prefiro vinho italiano ou chileno ao frances, digo que croissant nao eh pao, que o queijo suico e especialmente o alemao dao de 10 a 0 no frances e por ai vai.
Chegando ao aeroporto, aquele silencio. Pessoas falando baixo e pausadamente, monotonico. Carrinhos maiores, rodinhas que nunca travam, aquela sensacao de estar num laboratorio comportamental servindo de cobaia. Nao existem imprevistos. Tudo funciona perfeitamente, ha espaco para todos e mesmo que a esteira de bagagens demore a funcionar nao ha escandalo ou alguem reclamando com o pobre coitado da cia. aerea. Mesmo quando sua mala nao vem, meu caso na ultima viagem, basta dizer o tipo da mala e cor, o voo de origem e pronto. O funcionario anota seu endereco e telefone e diz que no maximo em 24 horas seu retangulo negro com seus valiosos pertences estara nas suas maos. Dito e feito, como um relogio suico.
Mas mesmo assim, com tanta civilidade e organizacao, a bagunca do Brasil eh melhor e mais divertida. A zona que a chegada de tres voos simultaneos causam em Guarulhos eh equivalente a um choque de dois ICEs (trem de alta velocidade alemao) causariam por aqui. Da ultima vez passei pelo "bens a declarar" na base do jeitinho pra nao enfrentar a fila gigante do "nada a declarar":
- Passa suas malas no raio-x ai meu filho e pode embora.
- Obrigado. Eu ia perder meu voo.
A sensacao de morar na Alemanha, as vezes, eh de um fugitivo. Tudo que fazemos ou pensamos fazer eh errado ou sera. E carissimo. O cancelamento de servicos basicos como provedores de internet, TV e telefone ou de agua, gas e luz vira um transtorno. Sonegam informacao, iludem o consumidor, te forcam a renovar contrato por mais dois anos, simplesmente ignoram seus direitos pra nao perder o cliente. Se voce nao comeca xingando a mae, no minimo, nada aqui acontece.
Tenho uma teoria de que alemao gosta de ser xingado. Chegam gritando grosserias, mas quando se berra mais alto eles afinam e ficam quietinhos. Fazem tudo que voce pede felizes da Vida e ainda agradecem pela ligacao ou visita. Loucos.
Mas duas definicoes ultimamente tem virado lei nesse pais. Uma foi da Cris, amiga nossa correspondente internacional da Deutsche Welle em Berlin e cercanias. Ela sentenciou que morar na Alemanha eh pra profissional. Se voce eh amador, tente os States, Australia ou no maximo London.
E outra perola foi dita pelo Reporter Truta: "Cara, qualquer coisa que voce quer resolver nesse pais eh um parto, PQP."
E as vezes doi... no bolso.
1 comment:
com as falhas nas atualizações meu café da manhã não é mais o mesmo.
Post a Comment