Friday, December 25, 2009

Rumo a Terra Prometida

Charlotte (Daqui a pouco, New York)

No post anterior disse que deveria falar sobre a verdadeira odisseia que foi a viagem de ida. Se voce esta em casa agora, sem nada pra fazer, ja cansou de ler as noticias no UOL e no G1, ja esta careca de saber que o Schumacher vai voltar ano que vem, viu milhares de fotos mostrando a retrospectiva de 2009, respondeu todos os seus emails desejando "Feliz Natal e um otimo 2010" pra familia e amigos e quer ler uma epopeia, entao prepare-se.

A viagem comecou no domingo, dia 20 Dez em Dusseldorf. Preparativos pro voo da Aer Lingus das 10:25 rumo a Dublin e de la pra New York. Ao entrar no taxi (transporte #1) as 9h da matina com as ruas completamente brancas de neve pensei "acho que voar hoje vai ser complicado". E assim comecava a maratona.

O aeroporto estava fechado pra pousos e decolagens. Neve e vento fortes com temperaturas de -17 C. O aviao acabou descendo em Koln (Colonia) ja que la o clima estava melhor. Ficam apenas 35km distantes, mas do lado Kolsch do Reno as coisas estavam melhores que o lado Alt. Apos algumas horas de atraso, todos pegaram as bagagens despachadas, menos nos, uma menina e um casal de alemaes gigantes. Esperamos um tempinho e os quadrados pretos, cinzas e vermelhos surgiram deslizando pela esteira de borracha. Felicidade imediata, por que viajar sem mala eh um inferno. Elas vao e voce fica ou vice-versa. Nunca consegui entender como os aeroportos conseguem ser tao desorganizados. Momentos depois, todos foram distribuidos em dois onibus (transporte #2) e fomos enfrentar as Autobahnen cheias de neve. Um trajeto de 40' demorou hora e quarto. Nao havia neve na cidade do Dom, a catedral mais imponente e bela da Europa. La chegando, todos para o check-in nr.2 do dia. Alguns desesperados, como o casal de imensos alemaes prontamente apelidados de Jamantas, correram pra fila. Nao sei pra que, ja que o aviao nao sairia sem todos os passageiros. Eu e Juju ficamos sentados, lendo nossos livros esperando a fila diminuir. Ela terminava "Die Buchdieber" (A Menina que Roubava Livros, em alemao) e eu comecava "O Mundo eh Plano (The World is Flat), de um jornalista americano ganhador do Pulitzer. Interessantissimo.

Enquanto eu viajava pelos call centers de Bangalore e Utah e lia sobre as forcas que achataram o Mundo, os alemaes ansiosos faziam check-in, de novo.

TO BE CONTINUED IN NYC.

American Dream

Charlotte, North Carolina, USA (os Hornets foram vendidos e eu nem sabia)

Vamos passar o Natal desse ano com nossos amigos americanos, os Degulhos. Sao amigos de longa data, de BH, do Brasil, do Mundo. Ja moram nos States desde 1999 e rodam o Mundo desde entao. Moraram em Nex York e London, mas ja estiveram nos quarto cantos do Mundo. Tel Aviv, Singapore, Mumbai, Tokyo, Hong Kong, Trancoso, Buzios, Seattle, Phoenix, Edinburgh e Lagoa Santa. Os Degulhos sao milionarios. Tem uma Vida excelente, com todos os recursos que o capitalismo americano proporciona. Acho que nao voltarao tao cedo pra terrinha.

Bem, eu deveria falar da odisseia de 3 dias e meio entre Dusseldorf e a casa deles, do cancelamento e atraso dos voos, dos varios meios de transporte que pegamos ate chegar aqui, mas farei isso em outro post.
Me impressiona a quantidade imensa de camionetes pelas ruas americanas. De todos os tamanhos e marcas. Acho que metade dos carros sao desse tipo. As chamadas SUVs, sport utility vehicle. Inundam as ruas ocupando espaco e poluindo o ar. Tem GM, Ford, Buick, Toyota, Dodge, BMW, Mercedes, Lexus, Hyundai, Nissan e tantas outras marcas. Um exagero sem tamanho. Desnecessario. Consomem galoes e galoes de gasolina pra levar uma unica pessoa pelas cidades e estradas do pais. Acho que vi apenas um unico onibus na cidade. Transporte publico pra que, se carro eh barato e a gasoline ta de graca na bomba?! O planeta agradece.

Tudo aqui eh meio exagerado. O suco de manga vem num galao igual ao de gasoline com 3,78 litros. O Nescau eh monstro, o pacote de chips idem e o ketchup tambem. O engracado sao as garrafinhas de 185ml de Coca. Como se fossem uma dose matinal pra sobrevivencia. Por outro lado, a cerveja tem apenas 375ml. Por isso gusto da Alemanha. La a long neck tem meio litro.

Mas tem suas vantagens, claro. O consumismo eh impressionante. Existem lojas que revendem o que nao eh vendido nos outlets que ja vendem a preco de banana. Ou seja, compra-se um bom jeans de marcas como Calvin Klein ou Ralph Lauren por 15 ou 20 doletas. Meias, cuecas, camisas e camisetas, roupas de ginastica, tenis, sapatos, camisas sociais, gravitas, casacos e pullovers seguem a mesma escrita. Uma festa pra quem tava precisando dar um tapa no guarda-roupas, como eu. Mas assim mesmo um exagero.


As pessoas acabam comprando coisas que nao precisam simplesmente por ser muito barato. Sabem que nao irao usar aquilo, mas custa apenas 10 dolares. Por que nao comprar?! Essa cultura do exagero, do desnecessario, do consumer pelo simples fato de estar barato eh que mata a America. E quando compram, eh sempre no cartao de credito. A divida media de um Americano com o dinheiro de plastico eh de 15 mil dolares. Os europeus seguem no caminho inverso. Sempre poupam antes de gastar. Se pagam antes, depois questionam se realmente precisam daquilo. Se a resposta for positiva, compram. Se nao, esperam a necessidade aparecer. Fazem isso nao por falta de dinheiro, pelo contrario. Tem uma visao critica, questionam, sabem gerir melhor seus recursos. Preferem poupar pra viajar do que simplesmente comprar roupas que nao precisam.

Ja o Americano, viaja dentro do proprio pais, quando o faz. Nao querem sair da zona de conforto. A maioria nao tem interesse ou curiosidade em conhecer outros paises. Pra que?! La nao vai ter uma mega camionete pra ele dirigir (e como dirigem mal, PQP), as porcoes de comida sao pequenas e pouco caloricas e por ai vai.

Sem querer me alongar, vou tomar um banho agora e abrir a primeira cerva. Uma Corona Extra, nada que se compare a uma alema. Mas tambem, vamos passar Natal na suntuosa mansao dos Degulhos com seus amigos brasileiros. Ate amigo oculto tem.

Vou ali ajudar a desfiar um frango. Inte.

Friday, December 18, 2009

A Volta do Alemao

Düsseldorf (F1 eletrizante em 2010)

Quando a patroa diz sim, a gente pode comecar a acreditar de verdade nos rumores. E se além dela, o presidente da Ferrari don Luca Cordero de Montezemolo joga mais lenha ainda na fogueira, entao é só esperar o anúncio oficial pra ver Schumacher vestir o uniforme das flechas de prata.

Amigos, amigos, negócios à parte.


A esquadra da equipe junior da Mercedes em 1990 com Wendlinger, Frentzen e o alemao queixudo.

Fazia tempo que nao falava de Formula 1 por aqui. Aconteceu tanta coisa esse ano. Vale até uma retrospectiva a altura. Mas ano que vem será um dos campeonatos mais disputados da História, com absoluta certeza.

De cara temos Massa e Alonso pela Scuderia com reais chances de ganharem o caneco. Adicione-se a dupla também vitoriosa da McLaren com Hamilton e Button. Com Vettel na Red Bull e o alemao serao seis pilotos dividindo as vitórias e os 25 pontos que a partir do ano que vem premiarao os primeiros lugares.

Em segundo plano vem Rosberguinho de Mercedes e Kubica de Renault-Genii e, quem sabe, Rubinho ressucitando a Williams. O resto vai fazer número.

Teremos a estréia de Bruno Senna e Lucas di Grassi engrossando a esquadra brazuca. E também do japa-bala Kobayashi pela Sauber.

Vou abrir um vinho e fazer meu roteiro de viagem. Deixa a F1 pra depois.

2009 em imagens

Düsseldorf (NYC vem aí)

O site The Big Picture do Boston Globe é um espetáculo. Fizeram uma retrospectiva desse ano em três partes com as fotos mais marcantes. Eu que sou um apaixonado por fotografia, nado de bracada.

A dica foi do blogueiro e torcedor da Lusa, don Gomes.


Lago dos cisnes que tem outro nome em Brandenburgo, Alemanha.


Totok mora nos subúrbios de Jakarta, Indonésia e sofre de distúrbios mentais.


Leandro da Escola de Samba de Itaquera no carnaval paulista.

Thursday, December 17, 2009

Simpsons 20 anos - Hoje

Essen (a ralacao continua...)

Um dos poucos desenhos modernos de que gosto comemora hoje 20 anos. Alem dele, Futurama eh muito interessante. Fui influenciado por um amigo nos velhos tempos do instituto de pesquisas. Nem tao velhos assim, mas ele ja se mandou pro Sul do Brasil. E agora deve estar de volta a Pauliceia.



Tenho as 17 primeiras temporadas dos Simpsons. Fizeram o Simpsons, the Movie, Marge saiu na Playboy, a formula vencedora de humor escrachado nao se esgotou ate hoje e eles seguem firmes e fortes. Fizeram ate um episodio no Brasil com todos os estereotipos ja conhecidos e exagerados, mas nada muito fora da nossa realidade.

Ultimamente ando influenciado pelos States, pais que tenho tantas diferencas. Mas hoje Homer, Marge, Bart e Maggie merecem aplausos.



Thursday, December 10, 2009

Senna, o maior de todos os tempos

Düsseldorf (teclado faz barulho e afasta a mulher amada)

Nao fui eu quem falei e sim a renomada revista britânica Autosport, the authority on Formula 1. Só que lá eles disseram "Senna, the Best ever".


Ayrton Senna da Silva, meu primo, em 1982

Conta o UOL que o tricampeão mundial, Ayrton Senna foi eleito o maior piloto de Fórmula 1 de todos os tempos. A votação ouviu 217 pilotos. A lista incluiu o mais antigo vencedor de GP ainda vivo, o argentino Jose Froilan Gonzalez, e o mais velho piloto de F-1 vivo, o alemão Paul Pietsch, de 98 anos. Cada um dos 217 pilotos escolheu os 10 maiores da história, em sua opinião.

O heptacampeão mundial Michael Schumacher, que inclusive foi um dos pilotos ouvidos pela revista, ficou em segundo lugar. O argentino Juan Manuel Fangio, pentacampeão entre 1951 e 1957, ficou em terceiro.

Em 162 Grandes Prêmios disputados durante suas 11 temporadas na Fórmula 1, Ayrton Senna conquistou 41 vitórias e 65 pole positions, o que lhe rendeu os títulos mundiais de 1988, 1990 e 1991.
Senna estreou na categoria pela equipe Toleman, na temporada de 1984. A primeira vitória veio no GP de Portugal de 1985, em Estoril, já correndo pela Lotus. Em 1988, foi contratado pela McLaren e conquistou seu primeiro título. Naquele ano, cravou 13 pole positions e teve 8 vitórias, em 16 corridas disputadas.

Após seis anos de sucesso com a equipe inglesa, se transferiu para a Williams em 1994. Largou da primeira posição nas três corridas que disputou com a equipe. Porém, na última delas, em San Marino, sofreu o acidente que lhe tirou a vida e chocou o planeta.

Wednesday, December 09, 2009

Rumo aos mares do Sul

Essen (fotos a noite)

O texto a seguir foi escrito no trem entre Hamburg e Essen segunda dia 7. Vai do jeito que ficou. Além das fotos, fiz uns videos tambem.

Hamburg, 6 dezembro 2009 (chove lá fora e aqui…)

O plano era sair de Düsseldorf cedo, umas 9h da matina dominical, no máximo. Fui capturado na cama por uma deslumbrante que dorme como criança e acorda como mulher. Carro é bom por isso. Liberdade total com horários. Comi um mixto com suco de laranja, carreguei Gerd com minhas tralhas e saímos.

Um domingo típico na Alemanha. Nublado, meio chove-mas-molha, frio de 8º C e a Autobahn vazia, sem os costumeiros caminhões. Meu GPS manual, um bloco de anotações com a seqüência de estradas, direções e rascunhos de mapas, indicava que deveria pegar a mesma A52 rumo a Essen. Seria a ultima vez que Gerd e eu faríamos esse já tão conhecido caminho.


A WDR3 tocava musica clássica, como sempre, mas resolvi escutar algo mais pop/rock. Fomos de ZZ Top, Jamie Cullum (pop/jazz), Lady Gaga (essa mulher invadiu as rádios do Mundo), Lilly Allen, Black Eyed Peas (com aquela musica que já encheu o saco) e outras tantas. A tal Globalização tem varias desvantagens. Uma delas é ouvir sempre as mesmas musicas, não importa o lugar. Com revistas e jornais é o mesmo. Livros também.

Perto de Oberhausen, vi corvos na beira da pista. São os únicos animais que se arriscam por um naco de comida num lugar desses. Eram três. Dois na pista e um no guard-rail esperando. Faísca & Fumaça era legal.

Me perdi ao procurar a A43 – Münster. Acabei dando uma volta desnecessária, mas logo voltei pra A2 – Bottrop/Bremem. Nunca visitei Bremen e essa seria uma chance única. Lembrei também que nunca havia chegado a Hamburg de carro e muito menos voltado de trem. Sempre de avião.



Parei pra abastecer e tomar um café. Os postos na Alemanha são padronizados. Todos iguais, impressionante. Vendem as mesmas coisas sem gosto, os banheiros têm o mesmo sistema dos 50 cents com a fichinha que pode ser usada pra comprar algo depois. São limpíssimos, sem duvida. Senti saudades daquelas almôndegas pretas por cima e vermelhas de molho por baixo dos postos brasileiros.

Numa segunda parada antes de Bremen, fui checar com a reguinha se Gerd precisava de energia. Dos 24 litros, ele havia bebido 13 e rodado 233 km. Consumo fantástico de quase 18 km/l.

[Tenho 1h53min de bateria, ou 54%. A ver]

Bremen e Hamburg são as duas únicas cidades-estado da Alemanha. Faziam parte da Liga Hanseática. As placas dos carros são HB e HH respectivamente. Juju pediu pra eu comprar chás na famosa loja de Bremen, mas era domingo e tava tudo fechado. A não ser pelos Weihnachtsmarkten, os mercados de Natal famosos por aqui. Fazem barraquinhas pra vender de tudo. Salsichões aos montes, Glühwein, um vinho tipo quentão das nossas festas juninas, doces, crepes, chocolates, um sem numero de artigos natalinos, sanduíches e algodão-doce. Vendiam em sacos, não no palito. Achei sem graça.



Entrei na St. Petri Dom por que sou um beato Salú. Entro nas igrejas mais pela arquitetura, obras de arte e riquezas ali contidas do que pela religião. Claro que sempre rezo e peço proteção, mas dessa vez esqueci. Na saída, vi uma escultura de um burro com um cachorro em cima, um gato sobre este e no alto um galo. Tem uma lenda sobre esses animais, mas não sei qual é. Depois procuro saber. Lembrei do Galo, meu vergonhoso time de futebol. Isso é assunto pra depois, ou não. Não sei se o Flamengo foi campeão. Melhor mesmo não saber.



Achei as pessoas em Bremen meio agressivas, mal educadas. Me olhavam torto. Dei uns esbarroes. Um cara atrás de mim ficou impaciente quando abri a porta duma loja e resolvi não entrar dando meia volta. Uma veia comendo um pão com salsicha o escondeu ao olhar pra mim. Eu tinha um litro de suco no bolso do casaco. Tirava fotos como qualquer turista. Não entendi o estranhamento. Sempre que visito uma cidade nova, compro um símbolo de pano pra um dia costurar numa jaqueta ou fazer um quadro. Dessa vez, nem me lembrei.

Tinha acabado de comer um sanduíche com o já falado suco quando vi um grill gigante cheio de bifes de carne de porco. Pedi um com molho e segui em direção ao estacionamento. Gerd me esperava impaciente.

Achar a saída pra A1 – Hamburg foi ate fácil. Parei num posto amarelo pra abastecer e mijar. Seria a última parada ate o destino final. Todo mundo olha pro Gerd. A maioria não fala nada, nem ao menos sorri. Mas sei que acham o carrinho simpático, engraçado. Duas pessoas falaram “Schönes Trabi!”. Agradeci e fui embora debaixo de chuva e da penumbra no meio da tarde. Inverno na Europa é foda. Cinco da tarde parece ser dez da noite. E assim fomos. Eu comendo biscoitos Leibniz de chocolate e Gerd meio ressabiado. Parecia saber que seu tempo no mundo europeu “civilizado” havia terminado. Ate soltou o botãozinho do farol, ainda em Düsseldorf. O mesmo que o Don Gomes pediu pra eu consertar e o fiz. Herr Drösser deu um tapa nele, mas não ficou 100%. Vou pedir outro e mandar pelo correio pra sede do Grande Premio junto com um pacote de biscoitos.



[1h34min de bateria, ou 44%. A ver]

A chegada na cidade foi fácil. Meu GPS manual foi perfeito, só que vacilei ao não seguir na rua do hotel, a Steindamm, e continuar na avenida. Voltar foi complicado. Achar vaga pro Gerd por perto mais ainda. Tive que esperar alguém sair pra conseguir. O hotel Residence era meio decadente por fora. A região também. Cheia de sex shops, lojas de apostas com negões mal encarados lá dentro, lojas fechadas, um teatro e outros hotéis baratos. Fiz o check-in, mas o recepcionista me mandou atravessar a rua e pedir um quarto no hotel da frente. Disse que eram da mesma rede. Sei. Já no novo e também decadente hotel (são da mesma rede mesmo), peguei a chave e subi. O elevador deve ter sido feito em Portugal. Não marca o andar inteiro, mas meio andares. Entrei no E-1 e subi ate o 3-4 por que meu quarto era o 31, no terceiro andar. A porta se abriu e desci meio andar. O quarto ficava meio escondido, mas era sossegado. O suficiente pra quem quer passar uma noite, talvez duas, e não quer gastar muito. Cama grande, travesseiros macios e melhores que o hotel chiliquento que fiquei semana passada durante um treinamento, uma mesinha com TV de 14” e um controle que não funcionava, dois abajures, o indispensável aquecedor, a janela pra ruidosa rua e o banheiro limpo e funcional.



Deixei as coisas e sai pra dar uma volta. Entrei nas sex shops pra ver o que tinha, como se já não soubesse. Nada de inédito, claro. Fui num bar cheio de TVs mostrando futebol. Ali estavam os negões mal encarados, mas que na verdade era apenas uma turma de amigos acompanhando a rodada futebolística. A loja de apostas era ao lado. Todos com os olhos grudados nas TVs, montes de papeis espalhados no chão, ninguém falando ou bebendo nada. Peguei um papelzinho pra tentar entender o esquema. Muito complicado. Resolvi não perguntar e procurar por uma cerva em outro lugar.

A Hbf, vulgo estação central, ficava logo ao lado. Aliás, essa tinha sido a condição nr. 1 ao reservar o hotel. A quantidade de opções de comida e bebida que se encontra nessas estações me assusta. Tem desde Pizza Hut, que gosto muito, McDonalds e Burger King, os de sempre, passando por lojas de comida chinesa, o kebab dos turcos, vegetarianos, italianos, hot dog, padarias e bier bars. Vi um da Löwenbrau, aquela marca famosa de cerveja bávara. Antes entrei numa livraria grande pra matar o tempo. Fiquei folheando um livro enorme do Hewmut Newton, depois li noticias em vários idiomas da imprensa internacional, peguei revistas de carros antigos, e por fim vi a entrevista do Dave Gröhl pra revista Mojo. Quem não o conhece, fique sabendo que começou numa banda pequena chamada Scream (vou checar depois), depois foi baterista do Nirvana, ajudou a fundar o Foo Fighters, gravou um álbum com o Queens of Stone Age e agora faz parte da mega banda Them Crooked Vultures. Vou ao show deles amanha em Köln (Colônia). Foi só por isso que escrevi sobre ele. Com a boca seca e pedindo uma gelada, me sentei na tenda bávara e pedi uma Löwenbrau. Assisti as lamurias dos técnicos de futebol alemão, vi alguns gols da rodada e me mandei.



Tem tanta gente nessas estações que fico sempre observando algumas pessoas e tentando adivinhar o que estão fazendo ali. A maioria espera o tempo passar pra pegar um trem, obviamente. Mas vários estão esperando por alguém. Muitos trabalham ali, ganham seu pão de cada dia. A grande maioria estrangeiros que migraram em busca de uma Vida melhor às custas de um trabalho braçal e quase escravo. Outros estão como eu, fazendo hora, tomando uma, comprando um livro ou revista, que não comprei, comendo algo por que moram por perto. Os que não têm pra onde ir ficam ali também. Pedindo esmola, procurando algo nas lixeiras. Não é tão raro de se ver cenas assim. Amanha estarei de novo nessa torre de Babel chamada Hbf pra pular num trem e voltar pra Essen.

Mas antes, tenho que despachar Gerd pra Montevideo.

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Hamburg, 7 dezembro 2009 (tem um velhinho do meu lado)

O porto abriria às 8h da matina. Desci pra tomar café às 7h e encontrei o necessário. Tinha ate mais do que isso. Pra mim basta um pãozinho com manteiga, queijo e café com leite. Nem precisa de presunto, mas tinha salame, ovos mexidos, suco de laranja, podia-se escolher entre cappuccino, expresso e milch caffe, tomate e pepino (alemães amam essa merda) e três tipos de pães. Me esbaldei. Pensei no hotel do curso em Essen e no exagero desnecessário. La havia o café da manha bem mais farto, é verdade. No meio da manha fazíamos uma pausa pro café com biscoitos ou frutas. Uma maquina de café dessas chiques ficava ali à vontade. Pra fazer um latte machiatto, cappuccino, expresso entre outros. Na sala de treinamento havia uma mesa com vários tipos de chá e mais café. O almoço tinha sempre uma sopa, depois salada, prato principal e sobremesa. Seguidos por um cafezinho no fim. No meio da tarde, nova pausa. E às oito da noite o jantar nos mesmos moldes do almoço. Não dava tempo de sentir fome. Um desperdício. Um exagero. Esse Mundo é muito injusto. Mais de um bilhão de pessoas passando fome e nos nesse abuso todo. Quanta comida era simplesmente jogada fora ali todos os dias.

Devia haver um meio de redistribuir tudo isso. Essa desigualdade toda existe por que uns poucos têm muito, mas muito mais do que precisam (e ainda reclamam), enquanto que a maioria não tem sequer o necessário pra sobreviver diariamente.



Bem, peguei Gerd e fui em direção ao porto, Hafen em alemão. Meu GPS manual dessa vez foi perfeito. O destino era a Dessauer Strasse 48 na Unikai. O tal Schuppen 48 abrigaria Gerd de hoje ate o dia 18 Dez. Nesse dia, o cargueiro Grande Francia dos Grimaldi o levaria para uma viagem só de ida aos mares do Sul. Ele me pareceu tranqüilo e sereno. Não se emocionou muito na despedida. Disse que seu tempo na Europa realmente já acabou. Agradeceu pelo carinho e cuidados, mas disse que agora fará parte de uma família nobre e conhecida no Brasil. Seu sobrenome será italiano. Magliari me disse ele. A tal empresa Orient ODS não tinha feito a reserva. Ao tentar fazer o check-in, Gerd não constava da lista de passageiros. Reservei uma cabine dupla, mesmo sabendo que ele embarcaria sozinho. Vai que ele conhece alguém na viagem. Dois telefonemas e tudo resolvido.

Entrei com dificuldades no pátio do porto, dirigi feito barata tonta ate achar o local exato onde deixá-lo. Vi vários carros interessantes, principalmente um jipe estilo militar da Suzuki. Não esses que a gente vê nas ruas, mas tipo Land Rover. Fiz algumas fotos e vídeos, mas um segurança me disse que era proibido. Mandou apagar tudo. Quando ele virou as costas, fiz tudo de novo e disse ao Gerd que sou brasileiro e não desisto nunca. Ele riu e gostou.

[56min de bateria, ou 27%. Essa conta ta errada.]



- Bem, agora você vai ficar aqui 11 dias e depois seu navio vai te levar pros Trópicos.

- Mas por que esperar todo esse tempo?!

- O navio é dos Grimaldi, são frescos. Querem tudo de primeira e leva esse tempo pra organizar tudo. Imagina a quantidade de champagne e caviar que estão levando.

- Não preciso disso. Quero apenas um lugar seco e confortável. E gasolina e óleo.

- Isso você terá, não se preocupe. Me garantiram na entrada.

- Explicou pra eles sobre as marchas na coluna de direção?!

- Claro, disseram que estão acostumados.

- E a chavinha da gasolina?!

- Também já sabem. Nenhum mistério ai.

- Tudo bem então. Essa traseira desse A6 me agrada.

- Foi coincidência. Você é um cara de sorte.

- E o protetor solar que o Flavio falou?!

- Chegando em Sampa você pede pra ele. Têm vários por que ta ficando carece e odeia tomar sol na moleira.

- Você vai ficar bem sem mim?!

- Claro, fazer o que. Vou sentir sua falta, mas segue a Vida.

- Pois é. Obrigado por mudarem minha Vida.

- De nada. Aproveite a viagem. Seu tio Walter te aguarda ansioso.

- Até mais. Nos vemos na Paulicéia.

- Inté Moema.

50 melhores álbuns de 2009

Düsseldorf (banho e cama)

Vi no twitter de alguém: http://www.nme.com/list/50-best-albums-of-2009/159978/page/1

Amanha comento sobre as bandas das quais conheco poucas. Acabo de chegar de Köln onde fui ver Them Crooked Vultures. Resenha só na quarta, mas o show foi demais. Dave Grohl arrebenta e vi o John Paul Jones ao vivo. Só falta o Page.

E também só amanha o relato completo da Gerd Delivery em Hamburg. Com fotos e videos, claro.

Inté.

Saturday, December 05, 2009

Mercedes-Benz SLR Stirling Moss

Düsseldorf (Davi vai se casar)

Minha ordem preferência nas marcas de carros alemaes comeca com Porsche, Audi, BMW e Mercedes por último, mas essa obra-prima é demais.

Moss foi quatro vezes vice-campeao de Formula 1, mas é muito mais lembrado (e famoso) do que muito campeao por aí.

O texto do UOL:
"A série especial de encerramento do Mercedes-Benz SLR leva o nome Stirling Moss, feita desde janeiro em homenagem ao famoso piloto inglês que fez história na década de 1950 a bordo do 300 SL Gullwing - o chamado 'Asa de Gaivota', que inspirou o recém-lançado cupê SLS. As últimas unidades do SLR terão o potente motor dianteiro-central 5.5 litros de oito cilindros em 'V', sobrealimentado por um compressor e capaz de entregar nada menos que 650 cv. Dados da montadora alemã indicam uma aceleração de zero a 100 km/h em rápidos 3,5 segundos e velocidade máxima de incríveis 350 km/h - a mais elevada em um carro fabricado de série."

Wednesday, December 02, 2009

Lombardi

Essen-Burgaltendorf (nao dá tempo de sentir fome...)

Grande parceiro de Silvio Santos, o locutor Luiz Lombardi Netto morreu aos 69 anos na manhã desta quarta-feira (2), em Santo André, região metropolitana de São Paulo.




Outro dia foi o Herbert Richers, da "versao brasileira".

Michael Jackson se foi também.

Só faltam Pelé, Maradona, Silvio Santos, Xuxa, Lula, Bozo e o Chaves. O Mick Jagger também entra nessa lista. Paul McCarthney também.

O Mundo só piora, impressionante. Esses caras sao insubstituíveis. Ninguém vai chegar aos pés deles em momento algum no futuro.

A Humanidade anda pra trás e pensa que evolui.