Hilden (despedida do Friedhelm Kammerevert log mais)
A baía profunda, significado de Hong Kong, é uma perfeita mistura do mundo moderno ocidental com as tradicoes chinesas orientais.
O aeroporto, construído num aterro mar adentro, é dos mais novos e modernos. Na saída do saguao de desembarque um trem rápido espera o turista assustado e maravilhado. Em 24 minutos chega-se ao centro da ilha de Hong Kong. O pequeno enclave, devolvido pelos inglesas a China em 1999, fica numa parte do continente e em mais de 200 ilhas espalhadas pela baía a sua frente.
Uma miríade de arranha-céus ilumina a paisagem. Blocos de 20, 30, 40 ou mais prédios com 50 a 70 andares cada sao como pombais humanos. Só assim mesmo pra comportar os 7 milhoes de habitantes em tao pequenino território.
Os taxis vermelho e branco da Toyota sao de um modelo que eu nao conhecia. Destoam da moderniadde. Sao na maioria velhos, mas as corridas sao baratas. Descemos em Kowloon, principal bairro da parte continental de Hong Kong, e pegamos um vermelhinho. Segundo o Fred, amigo de longas datas vivendo a quase dois anos na cidade, o trajeto nao demoraria mais que 10 minutos. De fato, a noite o trânsito fluia bem.
Achei que o Fred tinha virado um barao do oriente. O táxi entrou pelo portao principal do edifício como uma carruagem entra num castelo medieval. Subiu algumas rampas, virou aqui e ali e nos deixou numa portaria envidracada e suntuosamente decorada com lustres enormes, muito espelho, mármores dos pés a cabeca nas paredes e ouro, muito ouro. Um china uniformizado trajando luvas abriu a porta do carro. Subimos ao andar que dá acesso às torres. Sao umas sete ou oito. Na portaria de uma das torres, outro porteiro abriu a porta de vidro. No caminho até lá, fontes de água iluminadas, mais mármore, pratos da dinastia Xing Ling adornando as paredes, varandinhas com sofás ofereciam conforto a quem quisesse bater um papo ali ou respirar o ar úmido da noite. Me senti em Las Vegas, num hotel dos anos 80 recém renovado.
Essas mega-torres tem áreas de convivência com academia, sala de balé, sinuca, pingue pongue, biblioteca, piscinas coberta e externa, instrutores para tudo, playground e até um restaurante. Nao satisfeitos abaixo dos prédios tem sempre um shopping center e galerias interligando tudo ao metrô. No calor o ar condicionado ajuda bastante. Se quiserem, os hong kongianos dessas classe abastada ou os Expats, passam a Vida inteira sem respirar ar puro. Basicamente quem assim vive nao precisa sair do prédio pra nada. Vai no máximo ao shopping de chinelo de dedo e bermuda fazer supermercado ou compras. Pode chover canivete lá fora, ou um tufao categoria 20 aterrorizar a cidade por uma semana ou fazer um calor de 50° C que nada tira o sono dessas pessoas.
Já quem é chinês de classe média, se é que existe uma, ou baixa, ou é uma empregada doméstica das Filipinas a Vida nao é tao rosa assim. Vivem nas ruas sujas, nas esquinas que demorei dois dias pra ver fugindo das galerias insípidas e irritantemente limpas e silenciosas. Nos mercados como o Jade Market onde se vendem pedras de todos os tipos e tamanhos, souvenires variados, caixinhas de capturar grilos (dizem que dá sorte e claro que comprei uma) e uma infinidade de outras bugigangas. Mas o melhor é negociar com os chineses. Eles adoram e se sentem ofendidos se um turista incauto pagar de cara o preco pedido. Jogam o preco lá em cima e o comprador oferece 20% do valor. Aos poucos vao chegando num consenso. Ou nao. Na nossa primeira tentativa simplesmente falamos que era tudo muito caro e deixamos as coisas ali. Voltamos meia hora depois e recomecamos a batalha. No final, levamos o que queríamos e o vendedor chinês sorriu por dentro após enganar mais dois trouxas,.
A cidade lembra o Rio de Janeiro por ser no litoral, cercada de montanhas, com boas praias próximas da grande cidade, faz muito calor e é úmido. Mas as semelhancas param por aí. Stanley tem um mercado famoso, bons restaurantes e uma malta de australianos ali vivendo devido a semelhanca com o país de origem deles.
Bruce Lee nasceu em HK, eu nao sabia. Está em várias camisetas nos mercados locais. O Grande Buda é uma das atracoes. Mais semelhancas com o Rio: pega-se um teleférico com cabines transparentes, inclusive o piso, para ver melhor a vista, até chegar lá. Sao seis torres de transicao subindo ao lado do aeroporto e através das montanhas com vegetacao tropical até o destino final. O clima nao ajudou, muitas nuvens e uma chuvinha fina de molhar bobo.
O Big Budha é o Cristo Redentor só que fica num Corcovado mais distante e baixo e a vista nao é lá essas coisas. Virou ponto de peregrinacao desde sua construcao. Tem uma suástica nazista no peito, mas Hitler jamais foi budista. Muito antes do Nacional Socialismo alemao adotar esse símbolo. A suástica budista é virada para a esquerda e significa "multiplicidade, longevidade ou grande felicidade".
Mostrar os pés para o Buda é considerado ofensa. Portanto, se sua mulher grávida e cansada se sentar e pedir para apoiar os pés nas suas pernas para descansar, nao o faca pois correrá o risco de ganhar um puxao de orelha de um budista.
A medicina chinesa é outra coisa impressionante. Ela quis por que quis fazer uma consulta. O médico fica na farmácia mesmo. Basta entrar numa salinha e ele comeca apalpando os pulsos. E fica ali, resmungando algo em cantonês para o ajudante que traduzia tudo. Fazia anotacoes que mais pareciam desenhos e no final o veredicto: 34 cigarras secas do Cantao, 23 gramas de rabo de arraia manca da baía de Hong Kong, dois testítulos de macaco mongol secos e triturados, folhas secas de amendoeiras de Pequim, casulos de borboletas manetas do Tibet e uma série de outros ingredientes impossíveis de identificar. Empacota-se tudo isso num papel e depois fazem um chá. Marcaram o horário no dia seguinte pra gente pegar o líquido milagroso. Recebemos um copo desses descartáveis que qualquer cafeteria tem, como um Starbucks chinês, e subimos pra casa do Fred. Ela nao teve coragem de beber por estar grávida e nao querer arriscar a saúde assim tao bestamente. Toda aquela ciência milenar foi parar na pia. Uma pena, mas as cigarras pareciam estar crocantes e saborosas!
Sem querer fazer qualquer julgamento, Hong Kong é uma cidade interessantíssima para ser visitada. Morar lá é outro papo. Eu gosto de esquinas, parques, ar puro, bares, padarias, restaurantes, céu azul, vento no rosto, folhas de outono, cheiro de chuva, árvores e do estilo de Vida europeu. Mas pra quem gosta de modernidade HK é uma festa.
A baía profunda, significado de Hong Kong, é uma perfeita mistura do mundo moderno ocidental com as tradicoes chinesas orientais.
O aeroporto, construído num aterro mar adentro, é dos mais novos e modernos. Na saída do saguao de desembarque um trem rápido espera o turista assustado e maravilhado. Em 24 minutos chega-se ao centro da ilha de Hong Kong. O pequeno enclave, devolvido pelos inglesas a China em 1999, fica numa parte do continente e em mais de 200 ilhas espalhadas pela baía a sua frente.
Uma miríade de arranha-céus ilumina a paisagem. Blocos de 20, 30, 40 ou mais prédios com 50 a 70 andares cada sao como pombais humanos. Só assim mesmo pra comportar os 7 milhoes de habitantes em tao pequenino território.
Os taxis vermelho e branco da Toyota sao de um modelo que eu nao conhecia. Destoam da moderniadde. Sao na maioria velhos, mas as corridas sao baratas. Descemos em Kowloon, principal bairro da parte continental de Hong Kong, e pegamos um vermelhinho. Segundo o Fred, amigo de longas datas vivendo a quase dois anos na cidade, o trajeto nao demoraria mais que 10 minutos. De fato, a noite o trânsito fluia bem.
Achei que o Fred tinha virado um barao do oriente. O táxi entrou pelo portao principal do edifício como uma carruagem entra num castelo medieval. Subiu algumas rampas, virou aqui e ali e nos deixou numa portaria envidracada e suntuosamente decorada com lustres enormes, muito espelho, mármores dos pés a cabeca nas paredes e ouro, muito ouro. Um china uniformizado trajando luvas abriu a porta do carro. Subimos ao andar que dá acesso às torres. Sao umas sete ou oito. Na portaria de uma das torres, outro porteiro abriu a porta de vidro. No caminho até lá, fontes de água iluminadas, mais mármore, pratos da dinastia Xing Ling adornando as paredes, varandinhas com sofás ofereciam conforto a quem quisesse bater um papo ali ou respirar o ar úmido da noite. Me senti em Las Vegas, num hotel dos anos 80 recém renovado.
Essas mega-torres tem áreas de convivência com academia, sala de balé, sinuca, pingue pongue, biblioteca, piscinas coberta e externa, instrutores para tudo, playground e até um restaurante. Nao satisfeitos abaixo dos prédios tem sempre um shopping center e galerias interligando tudo ao metrô. No calor o ar condicionado ajuda bastante. Se quiserem, os hong kongianos dessas classe abastada ou os Expats, passam a Vida inteira sem respirar ar puro. Basicamente quem assim vive nao precisa sair do prédio pra nada. Vai no máximo ao shopping de chinelo de dedo e bermuda fazer supermercado ou compras. Pode chover canivete lá fora, ou um tufao categoria 20 aterrorizar a cidade por uma semana ou fazer um calor de 50° C que nada tira o sono dessas pessoas.
Já quem é chinês de classe média, se é que existe uma, ou baixa, ou é uma empregada doméstica das Filipinas a Vida nao é tao rosa assim. Vivem nas ruas sujas, nas esquinas que demorei dois dias pra ver fugindo das galerias insípidas e irritantemente limpas e silenciosas. Nos mercados como o Jade Market onde se vendem pedras de todos os tipos e tamanhos, souvenires variados, caixinhas de capturar grilos (dizem que dá sorte e claro que comprei uma) e uma infinidade de outras bugigangas. Mas o melhor é negociar com os chineses. Eles adoram e se sentem ofendidos se um turista incauto pagar de cara o preco pedido. Jogam o preco lá em cima e o comprador oferece 20% do valor. Aos poucos vao chegando num consenso. Ou nao. Na nossa primeira tentativa simplesmente falamos que era tudo muito caro e deixamos as coisas ali. Voltamos meia hora depois e recomecamos a batalha. No final, levamos o que queríamos e o vendedor chinês sorriu por dentro após enganar mais dois trouxas,.
A cidade lembra o Rio de Janeiro por ser no litoral, cercada de montanhas, com boas praias próximas da grande cidade, faz muito calor e é úmido. Mas as semelhancas param por aí. Stanley tem um mercado famoso, bons restaurantes e uma malta de australianos ali vivendo devido a semelhanca com o país de origem deles.
Bruce Lee nasceu em HK, eu nao sabia. Está em várias camisetas nos mercados locais. O Grande Buda é uma das atracoes. Mais semelhancas com o Rio: pega-se um teleférico com cabines transparentes, inclusive o piso, para ver melhor a vista, até chegar lá. Sao seis torres de transicao subindo ao lado do aeroporto e através das montanhas com vegetacao tropical até o destino final. O clima nao ajudou, muitas nuvens e uma chuvinha fina de molhar bobo.

Mostrar os pés para o Buda é considerado ofensa. Portanto, se sua mulher grávida e cansada se sentar e pedir para apoiar os pés nas suas pernas para descansar, nao o faca pois correrá o risco de ganhar um puxao de orelha de um budista.
A medicina chinesa é outra coisa impressionante. Ela quis por que quis fazer uma consulta. O médico fica na farmácia mesmo. Basta entrar numa salinha e ele comeca apalpando os pulsos. E fica ali, resmungando algo em cantonês para o ajudante que traduzia tudo. Fazia anotacoes que mais pareciam desenhos e no final o veredicto: 34 cigarras secas do Cantao, 23 gramas de rabo de arraia manca da baía de Hong Kong, dois testítulos de macaco mongol secos e triturados, folhas secas de amendoeiras de Pequim, casulos de borboletas manetas do Tibet e uma série de outros ingredientes impossíveis de identificar. Empacota-se tudo isso num papel e depois fazem um chá. Marcaram o horário no dia seguinte pra gente pegar o líquido milagroso. Recebemos um copo desses descartáveis que qualquer cafeteria tem, como um Starbucks chinês, e subimos pra casa do Fred. Ela nao teve coragem de beber por estar grávida e nao querer arriscar a saúde assim tao bestamente. Toda aquela ciência milenar foi parar na pia. Uma pena, mas as cigarras pareciam estar crocantes e saborosas!
Sem querer fazer qualquer julgamento, Hong Kong é uma cidade interessantíssima para ser visitada. Morar lá é outro papo. Eu gosto de esquinas, parques, ar puro, bares, padarias, restaurantes, céu azul, vento no rosto, folhas de outono, cheiro de chuva, árvores e do estilo de Vida europeu. Mas pra quem gosta de modernidade HK é uma festa.